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Na avaliação do senador, não são preocupantes as críticas feitas por Abdenur a respeito da condução da política externa do país, mas a denúncia de que estaria havendo uma tentativa de "lavagem cerebral", por meio da recomendação de que os jovens diplomatas lessem textos selecionados pela direção daquele ministério. Jefferson Péres acrescentou que recebeu "de outras fontes" esta mesma denúncia.

- Se a direção do Itamaraty se julga no direito de recomendar a leitura de textos aos seus membros, que o faça, mas através de uma escolha pluralista, com livros e trabalhos de várias tendências. A Casa tem que ser pluralista. Agora, recomendar, entre aspas, textos da mesma linha ideológica, se chama doutrinação. Isso é inaceitável - afirmou.

Atendendo a requerimento do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), a Comissão de Relações Exteriores deverá ouvir Abdenur e, em seguida, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Jefferson Péres antecipou que vai repetir suas opiniões pessoalmente ao ministro.

Em aparte, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) disse que tinha duas ressalvas a fazer à entrevista de Abdenur. A primeira é que o ex-diplomata aguardou deixar o cargo de embaixador em Washington para fazer sua manifestação. A segunda é que, na sua avaliação, os diplomatas no Itamaraty, por sua maturidade e experiência, não estariam suscetíveis a sofrerem lavagem cerebral.

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