JEFFERSON QUER BRASIL MAIS AGRESSIVO NO COMÉRCIO EXTERIOR
- Precisamos entender como funciona esse jogo, em que os países estão defendendo apenas seus próprios interesses, para também defendermos os nossos - disse.
Jefferson Péres classificou como "superficiais" as análises segundo as quais a reunião de Seattle aparece como um fracasso. Ele lembrou que a chamada "Rodada Uruguai" do Acordo Geral de Tarifas (GATT) - embrião da OMC - durou cinco anos. O importante a notar, no entender do senador, é que as discussões no âmbito da Organização Mundial do Comércio refletem os conflitos decorrentes do processo de globalização, em que os países pobres levam desvantagem natural.
- A globalização é uma arma de dois gumes. Exatamente por isso precisamos nos inserir de forma competente - disse o senador.
Isso não ocorreu, segundo ele, na abertura do Brasil às importações iniciada em 1990. O corte de tarifas num prazo muito rápido custou caro ao país.
Agora, observa o senador, os Estados Unidos levam à OMC a proposta de dificultar ou bloquear a importação de produtos de países que não consigam resolver problemas sociais graves como o trabalho infantil. Esse tipo de barreira não tarifária ficaria consignado nas regras da OMC como cláusula social de um acordo geral de comércio, embora seja considerado por muitos como uma "hipocrisia" ou máscara para disfarçar o protecionismo norte-americano.
De acordo com Jefferson Péres, também a Europa protege seus interesses legítimos ao subsidiar a agricultura no pressuposto de que, além dos fazendeiros, protege o meio ambiente e a cultura. O Brasil, portanto, não deveria perder tempo fazendo o "papel de vítima" ou fantasiando sobre retaliações a parceiros poderosos como os Estados Unidos. - Precisamos negociar sem concessões e nos unirmos na forma de associações como o Mercosul - recomendou.
06/12/1999
Agência Senado
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