Osmar Dias quer mais firmeza do Brasil no comércio internacional



O senador Osmar Dias (PSDB-PR) disse que o Brasil vive um momento histórico em que é preciso "dar um murro na mesa" e impor suas posições no comércio internacional, além de impedir a antecipação da implantação da Aliança de Livre Comércio das Américas (Alca). "O Brasil sempre foi pouco firme em negociações internacionais, e o momento histórico exige que não cedamos às pressões do Canadá ou dos Estados Unidos", afirmou o senador.

Para Osmar Dias, o novo ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, é uma incógnita. O senador elogiou muito o ex-chanceler Luis Felipe Lampreia, a quem qualificou como um duro e competente negociador internacional;

- O chanceler Lampreia foi muito bom. O problema é que não tinha o respaldo de outros ministros, como o da Agricultura, Pratini de Moraes, que permitiu a importação de produtos condenados por instituições internacionais de saúde e assinou um acordo no âmbito da Organização Internacional do Café (OIC) extremamente inconveniente para o Brasil.

O senador disse que o Brasil importou ovelhas e gado bovino suspeitos de contaminação com o chamado "Mal da Vaca Louca". Sobre o café, Osmar Dias afirmou que o ministro da Agricultura concordou em assinar um acordo de retenção do produto (para forçar uma alta de preços) que se mostrou lesivo aos interesses dos produtores nacionais:

- Em primeiro lugar, o Brasil arcou com mais da metade da cota de café a ser retida, que era de 3 mil 800 toneladas. Em segundo lugar, os demais países membros da OIC não cumpriram o acordo, colocaram seu produto à venda, e o Brasil e os produtores nacionais arcaram com grandes prejuízos. Sobre o gado bovino e ovino contaminado, nós não protegemos nosso mercado, não impusemos restrições, enquanto nossos produtos são taxados de forma abusiva, sob o argumento de má qualidade sanitária.

O senador está preocupado também com um possível isolamento do Brasil na América Latina por conta das pressões norte-americanas para antecipar a implantação da Alca. "O Chile aliou-se aos Estados Unidos e a Argentina vai pelo mesmo caminho. Não podemos ser atropelados nesse processo", disse Osmar Dias.

29/01/2001

Agência Senado


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