Jereissati protesta contra crise na aviação civil e recebe o apoio de 20 senadores



Em nome da liderança do PSDB no Senado, Tasso Jereissati (CE)capitaneou em Plenário, nesta quarta-feira (6), os protestos de quase 20 senadores contra a sucessão de crises que se abateu sobre a aviação civil brasileira, iniciada, no final de setembro, com o acidente envolvendo um Boeing da Gol e um jato Legacy, de uma empresa americana. Após acusar o governo federal de "incompetência, displicência e desleixo" no trato da questão, Jereissati reivindicou uma tomada de posição do Senado frente ao caso.

Logo em seguida, a ordem do dia foi aberta com a aprovação de requerimento do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) solicitando a instalação de uma comissão de senadores para acompanhar a crise junto ao Ministério da Defesa e ao Comando da Aeronáutica. Antonio Carlos chegou a ameaçar obstruir o processo de votação se a matéria não fosse apreciada.

Mais do que os atrasos nos vôos, a falta de perspectiva dos passageiros que não conseguiram voar e os prejuízos econômicos, o chamado "apagão aéreo" preocupa, na avaliação de Jereissati, pela demonstração de falta de administração no sistema aéreo do país.

- Há uma total falta de informação e de interlocução entre as autoridades responsáveis pela área - afirmou, considerando o atual caos "absolutamente inexplicável", assim como a demora do governo federal em resolver os problemas no controle do espaço aéreo.

Nos apartes, a quase totalidade dos senadores endossou as críticas de Jereissati. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) acusou o ministro da Defesa, Waldir Pires, de confundir mais do que esclarecer os fatos. Além de classificar o ministro de incompetente, o senador Antonio Carlos considerou displicente a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no episódio e acusou o Comando da Aeronáutica de se ter "acovardado".

O senador João Batista Motta (PSDB-ES) defendeu a produção de matérias jornalísticas mostrando que as companhias aéreas não têm culpa pelo caos. Em seguida, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) considerou fracassado um sistema de segurança de vôo que não pode ser rapidamente substituído em caso de pane. Enquanto o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) alertou para o ônus do "apagão aéreo" sobre o custo Brasil, com eventuais prejuízos sobre os investimentos no país. O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) reivindicou a criação de uma câmara de gestão da crise aérea.

Já o senador Válter Pereira (PMDB-MS) alertou para o dano causado pelo colapso no tráfego aéreo à imagem do Brasil no exterior. O senador Almeida Lima (PMDB-SE) lembrou ter advertido o Senado sobre problemas no setor 72 dias antes do acidente com o avião da Gol. Ainda sobre a crise, o senador José Agripino (PFL-RN) disse que está em jogo a credibilidade da aviação civil nacional, cobrando o senador José Jorge (PFL-PE), em seguida, um mínimo de segurança no monitoramento do espaço aéreo brasileiro.

Os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB) e João Ribeiro (PL-TO) isentaram a Infraero de responsabilidade nos problemas de controle de tráfego aéreo. Para a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), seria possível contornar a situação alterando os cronogramas de vôo. O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) acredita que esses distúrbios refletem uma crise interna do governo Lula, enquanto o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) sustentou ser possível a contratação de pessoal e equipamentos para controle de vôo em regime de urgência.

Os últimos senadores a se manifestarem sobre o assunto foram Leonel Pavan (PSDB-SC), para quem a crise priva os usuários do setor de planejar sua vida pessoal e profissional; Sibá Machado (PT-AC), que acredita serem essas deficiências um problema antigo; e Lúcia Vânia (PSDB-GO), que se disse solidária com a indignação do país.

06/12/2006

Agência Senado


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