João Alberto Souza analisa violência contra crianças e adolescentes
A partir do episódio recente em que um casal de Campinas (SP) agrediu barbaramente os filhos de um e seis anos após acidente de trânsito, o senador João Alberto Souza (PMDB-MA) analisou as razões da violência infanto-juvenil contra a sociedade e da sociedade contra a infância. Segundo ele, os episódios de agressão às crianças são conseqüência de abandono, desamor, indiferença, tolhimento da possibilidade de participação, privação e agressão de ordem sexual possivelmente sofridos pelos agressores.
Citando analistas, o senador afirmou que a violência dirigida à infância e à adolescência é hoje no Brasil um caso de saúde pública. De acordo com a Sociedade Internacional de Abuso e Negligência da Infância, disse o senador, cem crianças morrem por dia no Brasil vítimas de maus-tratos.
- É uma cifra espantosa. Tais práticas são devidas fundamentalmente à persistência de graves desigualdades sociais, de altas taxas de desemprego, da permanência de valores autoritários, da ignorância, do abuso do álcool e da impunidade - afirmou.
João Alberto Souza disse que os efeitos dessa situação não se refletem apenas na saúde física e emocional das crianças, mas também na própria sociedade, e que estudos na área da criminologia atestam que meninos e meninas que apanham dos pais ou de outros adultos tornam-se mais propensos a reproduzir, quando se tornarem adultos, comportamentos violentos.
- Quem é agredido cedo ou tarde será agressor - frisou.
O senador lembrou que, com a Constituição de 1988, o Brasil tentou reverter a fama de ser um país que matava suas crianças e aprovou o artigo 227, que especifica os deveres da família, da sociedade e do Estado na garantia, -com absoluta prioridade-, dos direitos das crianças e dos adolescentes, regulamentado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
- A própria família, a primeira responsável pelo respeito e pela educação da criança, conforme consigna a Constituição, ainda não se apossou de parâmetros pedagógicos novos para bem conduzir a preparação dos futuros cidadãos da nação, pois ainda crê na eficácia educativa das surras e dos maus-tratos e confunde a imposição de limites com uso da violência. Não há dúvida: uma das raízes da violência está na desestruturação da família - concluiu.
20/02/2003
Agência Senado
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