João Paulo critica Jarbas e Eduardo







João Paulo critica Jarbas e Eduardo
Prefeito diz que troca de acusações entre governador e deputado "desgasta a imagem dos políticos"

O prefeito do Recife, João Paulo (PT), criticou ontem a troca de acusações que deputado federal Eduardo Campos (PSB) e o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) vêm travando pela Imprensa. Para João Paulo, o embate entre os dois adversários políticos não traz nenhum benefício para a população. "As pessoas não estão interessadas nesse tipo de discussão. Isso desgasta a imagem dos políticos de uma maneira geral", disse o prefeito, no Spettu's, durante o almoço de adesão do Sport para angariar dinheiro para ajudar financeiramente o clube.

As declarações de João Paulo foram feitas pouco antes de o governador Jarbas Vasconcelos deixar o Spettu's. O peemedebista não ficou até o final do encontro rubronegro, alegando compromissos no Palácio do Campo das Princesas. Na avaliação de João Paulo, é preciso inaugurar uma nova era na política pernambucana. "Há pessoas que não acreditam que política pode ser feita sem bater no outro, sem haver troca de acusações", disse.

De acordo com João Paulo, a campanha promovida peloPT no ano passado com os demais partidos de esquerda para derrotar o ex-prefeito do Recife, Roberto Magalhães (PSDB) e a aliança governista PMDB/PFL/PSDB serviu como exemplo de que é possível promover uma disputa limpa, sem descer o nível. "Nossa campanha demonstrou que podemos fazer política de maneira diferente, contrária aos modelos tradicionais. Nossa discussão foi no campo das idéias. Não fizemos acusações infundadas, como os adversários", assegurou.

O prefeito alertou ainda para a necessidade de se travar um embate político voltado para a melhoria de vida da população. "Tem que haver confronto do ponto de vista das idéias, na apresentação de projetos e na formulação de críticas administrativas que possam ajudar na governabilidade", afirmou.

A briga entre Eduardo Campos e o governador vem se acirrando há mais de dois anos, desde que o ex-governador Miguel Arraes (PSB) perdeu para Jarbas Vasconcelos em 1998. Desde então, sempre que podem, os dois fazem acusações mútuas. O episódio mais recente ocorreu no encontro regional do PSB, realizado no último final de semana, quando Eduardo acusou Jarbas de "desinformado, desinteressado pelo trabalho e o maior blefe da política pernambucana". O governador rebateu acusando Eduardo de "fraudador e de ser o responsável pelo escândalo dos precatórios".


Nicolau retorna à carceragem da PF
Prisão domiciliar do juiz aposentado foi suspensa por unanimidade pelo Tribunal Regional Federal

SÃO PAULO - O Tribunal Regional Federal de São Paulo decidiu ontem cassar a prisão domiciliar do juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto. Com a decisão, o juiz ontem mesmo retornou à carceragem da Polícia Federal de SP, na rua Piauí, região central da capital paulista. Nicolau é acusado de participar do desvio de verbas na construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho (3TRT) de São Paulo, no valor de R$ 169 milhões. A defesa do juiz vai recorrer da decisão.

A suspensão, decidida por unânimidade, seguiu o voto da desembargadora Suzana Camargo, relatora da sentença. Três desembargadores participaram da decisão de reconduzir à prisão o juiz aposentado. O pedido de suspensão da prisão domiciliar foi encaminhado para a Justiça Federal pelo Ministério Público Federal. Foi também julgada a competência do juiz Casem Mazloum, da 1ªVara, de negar a denúncia do Ministério Público de crime de sonegação fiscal.

O Ministério Público também questiona as razões para o juiz não aceitar a denúncia de sonegação, jáque Nicolau não declarou ao Imposto de Renda o dinheiro desviado da construção do prédio do TRT.

Nicolau também é réu noutro processo em que é acusado de estelionato, formação de quadrilha, peculato e corrupção passiva junto com o ex-senador Luiz Estevão e os empresários Fábio Monteiro de Barros e José Eduardo Teixeira Ferraz, sócios da construtora Incal, responsável pela construção do prédio.

Desde agosto que a procuradora Janice Ascari tentava revogar a prisão domiciliar de Nicolau. Ela nunca concordou com o argumento da defesa de que o juiz aposentado estava doente, portanto, sem condições emocionais para continuar preso na Polícia Federal. Nicolau também é acusado de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.


Bancadas petistas se solidarizam com Dutra
BRASÍLIA - Após uma reunião de mais de duas horas, as bancadas do PT na Câmara e no Senado decidiram reforçar o apoio ao governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra. Os petistas defendem a apuração da denúncia de que o coordenador da campanha de Dutra, Diógenes de Oliveira, procurou o ex-chefe de polícia, Luiz Fernando Turbino, em nome do governador, e pediu-lhe para não reprimir o jogo do bicho no Estado. Para o PT, o governador não tem nenhuma ligação com as denúncias. O PT acredita que há intenção de outros partidos de enfraquecer a imagem do partido para prejudicar a campanha de Luis Inácio Lula da Silva na sucessão presidencial do próximo ano.

"O pano de fundo disso é a campanha nacional. Não temos a menor dúvida. Querem nos atingir", afirmou o líder do bloco de oposição no Senado, José Eduardo Dutra (PT-SE). Os petistas querem transparência nas apurações e afirmam que Diógenes poderá ser expulso do partido. A Executiva Nacional não pretende atuar no caso, pelo menos por enquanto.

"Ficar expondonas televisões e na Imprensa que existe jogo do bicho no Rio Grande do Sul não quer dizer que o Governo apóia isso", rebateu o presidente nacional do PT, José Dirceu. "Queremos essa investigação até o fim. Vai se provar que Olívio Dutra não tem nada a ver com isso afirmou Walter Pinheiro, líder do PT na Câmara."

Dutra disse ainda que o partido não teme que a investigação chegue a integrantes do governo gaúcho. "Nunca reivindicamos ser um partido de freiras. A diferença de um partido sério para outro é que o sério não varre as denúncias para baixo do tapete", disse o senador.


Deputados envolvidos com lobista vão depor
BRASÍLIA - O corregedor da Câmara, Barbosa Neto (PMDB-GO), encaminha hoje os convites para que os deputados acusados de envolvimento com o lobista Alexandre Paes Santos sejam ouvidos em depoimento na Casa. Estão na lista os deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Robson Tuma (PFL-SP), Zulaiê Cobra (PSDB-SP), Sebastião Madeira (PSDB-MA), Carlos Mosconi (PSDB-MG) e Luciano Pizzatto (PFL-PR).

Como não se trata de uma convocação e sim de um convite, o corregedor deixa para o deputado a escolha do dia do depoimento. O presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), preferiu não comentar os depoimentos. Outra medida da Câmara foi anular a credencial que permitia ao lobista de circular no Congresso como assessor parlamentar. A credencial dada pelo deputado Faria de Sá não tem mais validade.

A exoneração do ex-assessor parlamentar do Ministério da Fazenda, Hugo Wolovikis Braga foi publicada no Diário Oficial de ontem. Ele está sendo acusado de envolvimento com o lobista, que teria feito chantagem com funcionários do Ministério da Saúde com o objetivo de comprometer o ministro José Serra. Ele disse a uma funcionária do ministério que tinha fitas com gravações que comprometiam o ministro por exigir doações de laboratórios para sua campanha eleitoral.

O próprio Serra pediu ao MPFl e à PF que investigassem o caso. O ex-assessor admitiu ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, que mantém uma antiga amizade com o lobista. Há suspeitas de que o ex-assessor recebia favores financeiros de Alexandre Paes Santos. Hugo Braga exercia cargo de confiança no Ministério da Fazenda.


Mini stro lança SOS contra tortura
O ministro da Justiça, José Gregori, lançou ontem a campanha nacional contra a tortura, que colocou em funcionamento o telefone 0800-707-5551. Ele também deu posse aos integrantes da comissão especial que vai cuidar do problema. Segundo Gregori, o primeiro trabalho da comissão será investigar as 18 denúncias apresentadas no relatório da Anistia Internacional sobre prática de tortura no País. A primeira reunião da comissão já foi realizada ontem à tarde.


Supremo manda MEC pagar professores
Grevistas prometem voltar ao trabalho assim que o Congresso definir verba para reajustar salários

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Marco Aurélio Melo, determinou ontem que seja pago o salário de setembro dos 24 mil professores universitários, em greve desde 22 de agosto. O bloqueio havia sido determinado pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Mas a Advocacia Geral da União anunciou que vai recorrer da decisão.

O presidente do STF restabeleceu liminar concedida pelo ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça. Com um despacho de sete laudas, Marco Aurélio Melo revogou entendimento do ministro Ilmar Galvão, que quando ocupava interinamente a presidência do Supremo, no dia 4 passado, atendeu a recurso da União e impediu os professores em greve de receberem os salários.

Apesar de o Congresso Nacional não ter ainda regulamentado as greves dos servidores públicos, o presidente do STF defendeu que os trabalhadores têm o direito, com base na Constituição.

"O trabalhador tem o direito de engajar-se em novimento coletivo, com o fim de alcançar melhoria na contraprestação dos serviços, mostrando-se a greve o último recurso no âmbito da resistência e pressão democráticas", escreveu Marco Aurélio.

Os professores comemoraram a decisão judicial. O presidente do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior, o Andes, Roberto Leher, disse que a decisão do STF dá mais força para a negociação encaminhada pelo sindicato.

"Agora fica claro para a sociedade que o ministério não estava amparado na lei, e sim tentando usar uma força de coerção para impôr seu ponto de vista", acrescentou.

Leher assegurou, no entanto, que o fato dos professores estarem prestes a receber os salários de setembro não servirá para que a greve se estenda ainda mais. Se os parlamentares conseguirem os R$ 13 milhões extras que os professores estão pedindo para fechar o acordo, a greve será encerrada.

"A greve só continua se o MEC mantiver a situação de intransigência e não quiser cumprir os pontos que estão no acordo", prometeu.

O ministério, no entanto, já concordou com os pontos do acordo, desde que houvesse recursos disponíveis no orçamento. Por enquanto, os professores ainda não conseguiram garantir os R$ 13 milhões além dos R$ 350 milhões já assegurados pelos parlamentares.

Os representantes do Andes e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional, o Sinasefe, conversaram com parlamentares, mas não conseguiram nenhuma resposta definitiva.

"Estamos tentando descobrir de onde tirar mais recursos, mas estamos chegando no limite, e cada dia fica mais difícil", disse o deputado Gilmar Machado (PT-MG), vice-relator de educação do orçamento.

Uma nova reunião de líderes dos partidos no Congresso está marcada para hoje de manhã. Os deputados vão apresentar as possíveis fontes de recursos e tentar chegar num acordo. Uma nova rodada de negociações entre professores e MEC está marcada para às 13h, mas os resultados vão depender de haver ou não mais dinheiro.


Artigos

Dia dedicado aos mortos
Marcelo Barros

No dia 2 de novembro, muita gente visita cemitérios e presta homenagem a seus mortos. A sociedade tecnocrata tem dificuldade de compreender para que lembrar quem já morreu. No 31 de outubro, nos países anglo-saxônicos, comemora-se o Halloween, "dia das bruxas": as pessoas vestem-se de fantasmas, mas não levam a sério a comunhão com os defuntos. Livros e filmes de vampiros misturam mortos e vivos e alimentam o terror do sobrenatural. Mas desvalorizam a vida. Quando a vida é desumanizada, a morte também perde o seu sentido, a sua sacralidade.

Nas culturas tradicionais vela-se o defunto em casa, em um cerimonial de convivência. As pessoas cantam e há comida para os que passam a noite. Nas sociedades modernas e principalmente nos grandes centros urbanos, prefere-se pagar uma capela de cemitério e reduzir o velório ao tempo mínimo. A morte é disfarçada. Como não levam a morte a sério, as pessoas são facilmente empurradas para a violência e o desrespeito à vida. Cada vez mais, como dizia Guimarães Rosa: "viver é muito perigoso".

As culturas indígenas insistem na unidade e integração entre o mundo dos vivos e a influência dos mortos e antepassados no clã. Os vivos convivem com os seus mortos. A morte é algo positivo. No universo, há um equilíbrio de vida e morte. A morte é uma invenção sábia da vida para que ela possa permitir a pessoa emergir no universal.

A morte humaniza a vida porque revela que somos criaturas limitadas. Fugir da questão da morte é não assumir os próprios limites e os dos outros. Como diz a Bíblia: "Para todas as coisas, há o momento certo. Existe o tempo de nascer e o tempo de morrer" (Ecl 3). Rubem Alves compara a vida com uma sinfonia na qual a morte é o último acorde. Como se a morte dissesse: "É pena, mas está completo. Para que seja belo, é preciso que agora acabe".

A morte faz parte da vida. A gente começa a morrer no dia em que nasce. A ciência concorda com essa sabedoria antiga. Desde a concepção, o programa genético de cada pessoa (DNA)já determinaria o seu tempo de vida, desde que não haja acidente de percurso. O mundo de hoje, no entanto, não nos prepara para a morte.

As religiões e culturas tradicionais têm a função de nos revelar: Deus nos criou para a vida digna e plena. Agradar a Deus é defender a vida: a própria, a dos outros e a do universo. Lutar pela vida, contra a dor e a destruição inclui a sabedoria de acolher a irmã morte. A morte é sempre triste. Mas as religiões vêem caminhos para além da morte. Muitos crêem na reencarnação. Os cristãos proclamam a ressurreição. Esta esperança muda a forma de encarar a morte. Celebrar um dia em memória de nossos falecidos pode nos ajudar a conviver de forma mais humana com nossas raízes. Independente da tradição religiosa, a memória dos mortos refazerá "a aliança das gerações", capaz de garantir a paz e a sobrevivência harmoniosa da Humanidade.


Colunistas

DIARIO Político

Estratégia de 2002
Jarbas Vasconcelos ainda não anunciou seu futuro político mas sonha em ter um partido de esquerda no palanque, caso resolva concorrer a um novo mandato em 2002. De preferência o PPS para que Roberto Freire, companheiro de tantas lutas desde o tempo da ditadura militar, pudesse disputar a reeleição ao seu lado. Aí a outra vaga do Senado ficaria à disposição PFL que, sem sombra de dúvida, colocaria Marco Maciel como candidato a senador. E se conseguisse ter como vice o tucano Sérgio Guerra, estaria formada a chapa que o governador considera ideal para enfrentar o PT, partido que ele elegeu, há algum tempo, como o principal adversário do próximo ano. Claro que essa arrumação não é uma coisa simples de ser feita e muitas serão as dificuldades que vão surgir pela frente a partir da resistência dos aliancistas, que não devem gostar nem um pouco dessa aproximação com os pós-comunistas. Mas, apesar das inúmeras negativas do PPS de que não pensa em se aproximar do Palácio do Campo das Princesas, as articulações continuam. E entre os assessores do Governo é voz corrente que a afin idade entre Jarbas Vasconcelos e Freire é muito forte, tanto que é capaz de superar as picuinhas que vão aparecer por conta dessa composição. Tudo isso deve ficar mais claro em abril, a partir da desincompatibilização dos secretários que vão disputar um mandato. Porque fatalmente, o novo secretariado refletirá a estratégia para 2002.

Pedro Eurico (PSDB) diz que o Governo deve mudar a escala dos médicos do IML que trabalham 24h por seis dias de descanso e estão em greve por aumento salarial. O deputado acha isso um absurdo. A população também

Falhas

Tânia Bacelar participa hoje, na Câmara do Recife, de um debate sobre o projeto orçamentário da PCR para 2002. Os vereadores do PFL prometem apresentar à secretária de Planejamento um relatório apontando as falhas detectadas no documento. A partir das 10h30.

Críticas 1

Fernando Rodovalho (PSC) foi chamado de incompetente, traidor, criminoso e irresponsável, ontem, na Assembléia, por ter deixado 37 mil alunos da rede municipal de Jaboatão dos Guararapes sem merenda escolar.

Críticas 2

Paulo Rubem (PT), Geraldo Mello (PMDB), Carlos Lapa (PSB) e André Campos( PTB se sucederam nas críticas ao prefeito e não apareceu nenhum governista para defendê-lo. Apesar de Rodovalho viver fazendo loas a Jarbas Vasconcelos.

Veto

Os vereadores de oposição na Câmara do Recife estão certos que derrubarão o veto de João Paulo, hoje, ao projeto dos kombeiros, de Clóvis Corrêa (PSB). Tanto que José Neves (PMDB) lançou um desafio à bancada governista. "Quero ver a articulação deles para manter o veto a um projeto aprovado por 30 x 0".

Saída

Fátima Amazonas, que coordenava o Projeto Renascer da Secretaria de Planejamento, deixou a equipe de Jarbas Vasconcelos para trabalhar com o Banco Mundial aqui mesmo no Recife. O secretário José Arlindo ainda não sabe quem vai convidar para o lugar de Amazonas.

Perfil 1

O ex-governador Cid Sampaio é quem vai escrever o prefácio do livro sobre Paulo Guerra, de autoria da jornalista Crhistiane Alcântara, que faz parte da Coleção Perfil Parlamentar Século XX da Assembléia Legislativa.

Perfil 2

Hoje, às 18h, Romário Dias (PFL) faz o lançamento dos volumes sobre Agamenon Magalhães, Estácio Coimbra e Paulo Cavalcanti, em solenidade que será realizada no salão nobre do Palácio Joaquim, Nabuco.

Paternidade

Antônio Moraes, do PSDB, apresentou emenda ao Orçamento estadual para 2002 destinando R$ 500 mil para a Defensoria Pública pagar exames de DNA de pessoas carentes que precisam determinar a paternidade de seus filhos. Uma boa iniciativa, essa.

Debate

Pedro Eugênio (PT-PE), Germano Rigotto (PMDB-RS), José Pimentel (PT-CE) e Roberto Pessoa (PFL-CE) debaterão Reforma Tributária e Desenvolvimento Social na 1ª Convenção Nacional de Empresas de Serviço de Assessoramento que se realiza de 25 a 27 de novembro no Centro de Convenções.


Editorial

Diplomacia equilibrada

Em viagem de uma semana à Europa, o presidente Fernando Henrique Cardoso tem reafirmado a posição do Brasil sobre a necessidade de desenvolver nova ordem global. Abrindo a Conferência de Madri sobre Transição e Consolidação Democráticas, promovida pela Fundação Gorbachev, o presidente frisou a urgência de rever a distribuição de poder - único caminho para aumentar a igualdade e diminuir a pobreza.

Falando de improviso, Fernando Henrique revelou-se o porta-voz dos governantes dos países em desenvolvimento. Deixou de lado a timidez do Itamaraty, que situa o Brasil em posição ambígua - o rico entre os pobres e o pobre entre os ricos. E elevou a voz em nome de uma ordem internacional mais justa.

Condenou a globalização assimétrica, sem homogeneidade e socialmente injusta. O crescimento econômico, desequilibrado que concentra a renda mundial e exacerba os bolsões de pobreza. Em outras palavras: os ricos estão mais ricos; os pobres, mais pobres.

Essa realidade torna a mundialização das economias - aplaudida há poucos anos como a redenção das nações emergentes - às vezes temida, não raro odiada. A globalização tornou-se sinônimo de exclusão, desemprego e perda de autonomia. Há necessidade, frisou o presidente, de corrigir rumos. A solidariedade impõe, como realçou o presidente, instituições mais abertas e democráticas, em que os emergentes tenham voz mais ativa.

Fernando Henrique condenou o terrorismo. Defendeu as liberdades individuais e a Imprensa livre. Lembrou que a "democracia, em certo sentido, é o outro nome da paz". Apoiou a criação do Estado Palestino, baseado na autodeterminação do povo palestino e no respeito à existência do Estado de Israel. A ONU tem papel preponderante no cenário conturbado do Século XXI. Daí a necessidade de reforçar a instituição.

Da Espanha, Fernando Henrique partiu para a Inglaterra. Mudou a agenda para aceitar o convite do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, a fim de hospedar-se, por uma noite, na casa de campo do premier e encontrar-se com o ex-presidente americano Bill Clinton. No encerramento da viagem, discursou na Assembléia Nacional Francesa. Foi o primeiro presidente brasileiro a fazê-lo.

O circuito político que o presidente empreendeu na Europa parece ser o reinício de uma ação diplomática de grande envergadura. A pauta a ser seguida não compreende apenas a exposição dos interesses brasileiros nos centros de maior poder decisivo. Mas a atuação de um país que deve, por seu potencial econômico e tradição diplomática, assumir posição coerente nos foros internacionais.


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10/31/2001


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