João Paulo reassume e pode ter mais segurança








João Paulo reassume e pode ter mais segurança
Embora ainda não veja necessidade de uma mudança no seu dia-a-dia, prefeito do Recife decidiu discutir o assunto com a executiva nacional do PT e com assessores da área de segurança

O prefeito do Recife, João Paulo (PT), retorna hoje ao trabalho depois de passar duas semanas de férias. Mas ele não vai ao gabinete. Pela manhã, viaja para São Paulo com o objetivo de assistir ao enterro do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Os petistas pernambucanos consideram que o crime tem motivação política. Apesar de João Paulo não ter sofrido nenhum tipo de ameaça, assessores e auxiliares dele querem reforçar a sua segurança pessoal. O secretário José Ailton (Serviços Públicos) é um dos que defendem um esquema maior de segurança.

João Paulo, no entanto, ainda considera desnecessário uma mudança no seu dia-a-dia. “Não quero mudar nada. Quero continuar com sou hoje”, disse ao JC, por telefone. Mas admitiu que vai discutir o assunto com os dirigentes da executiva nacional do PT. Ele também se reunirá com o chefe da Assessoria Militar, coronel José Ramos, para ouvir a sua opinião.

Desde que foi eleito, João Paulo sempre fez questão de manter seus hábitos pessoais. Com regularidade, dirige o próprio carro e freqüenta os lugares sem a companhia de seguranças. A preocupação dos assessores do prefeito aumentou porque ele pretende sair mais do gabinete nesse primeiro semestre de 2002. Para dar mais visibilidade à gestão, João Paulo que fazer uma maratona de inaugurações e conversar com as pessoas na rua. O que faz parte da nova estratégia de comunicação que está sendo adotada pelo marqueteiro José Nivaldo.

O prefeito de Camaragibe, Paulo Santana, que também é presidente regional do PT, pretende reforçar a segurança pessoal. “Vamos estudar o tipo de medida que iremos adotar, mas iremos reforçar com certeza”, antecipou. Além de João Paulo e Santana, o PT tem um terceiro prefeito em Pernambuco: José Luiz de Lima Sampaio - o Zé da Luz -, de Caetés. E quatro vices-prefeito: Paulo Valença (Olinda), Antonio Medeiros (Cabo), Isabel Cristina (Petrolina), Deusdedith Silvino (Santa Maria da Boa Vista) e Renato Ribeiro (Itambé). Mas nenhum deles, até o momento, recebeu qualquer ameaça de morte como ocorreu com os prefeitos paulistas.


Partido vê motivação política no crime
O diretório estadual do PT divulgou, ontem, uma nota oficial de repúdio ao que considera um crime político: o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Fato que atinge diretamente o pré-candidato do partido a presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, uma vez que Daniel era um dos coordenadores do programa de Governo. Os petistas atribuem o crime à “direita que não aceita e não sabe conviver com a democracia”. A executiva estadual convocou um ato público para hoje, às 15h, no Monumento Tortura Nunca Mais, em defesa da vida e da cidadania.

No comunicado lido pelo presidente regional do partido, Paulo Santana, os petistas ressaltam que Celso Daniel e a legenda estão sendo vítimas da “truculência política de uma direita que atua sem pudor de ameaçar e matar para se manter no poder e garantir seus direitos perversos”. E acusam o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de não se “empenhar” para resolver esse e outros crimes que atingiram prefeitos do PT em todo o País, citando os assassinatos e as ameaças de morte.

“Perseguição e atentados políticos. Ações concretas que tiram a vida de lideranças políticas, amedrontam a população, mas não sensibilizam o Governo Federal para que alguma medida venha a ser tomada (...) Somos vítimas da violência social e da política neoliberal que tem como gerente no Brasil o senhor Fernando Henrique Cardoso”, diz o documento.

O secretário municipal de Saúde, Humberto Costa (PT), lamentou a morte de Celso Daniel. “A gente perde alguém que tinha um papel fundamental na campanha. Quem está fazendo isso só reforça a política interna do PT. Fica claro que o partido sofre isso porque vai transformar a sociedade brasileira e incomoda”, opinou o pré-candidato da legenda ao Governo do Estado. “Isso não foi um assassinato, foi uma execução. Temos que exigir uma apuração rigorosa”, complementou o deputado estadual Paulo Rubem Santiago (PT), que havia trabalhado com Celso Daniel nos primeiros anos de fundação do partido, na década de 80.


Petistas discutem a gestão João Paulo
O seminário interno que a executiva estadual do PT promovia durante o final de semana, para traçar a estratégia que o partido irá adotar na campanha eleitoral deste ano, foi suspenso. O debate foi interrompido logo depois que se confirmou a notícia do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT). Hoje à noite os integrantes da executiva se encontram para agendar o dia em que voltarão a discutir o planejamento de 2002.

Desde ontem, a executiva está “de plantão” para acompanhar os desdobramentos do crime. Antes da notícia, os petistas chegaram a definir que o principal eixo do partido este ano será organizar a militância para enfrentar uma das campanhas “mais acirradas” dos últimos tempos. O PT estadual quer reforçar a campanha de Lula e eleger o seu pré-candidato a governador, Humberto Costa (secretário de Saúde do Recife).

“Queremos eleger os nossos candidatos a presidente e a governador. Também iremos aumentar as nossas bancadas. Vamos nos fortalecer internamente para enfrentar a campanha. Mas ficou faltando definir as ações que serão executadas pelas secretarias”, explicou a dirigente Beatriz Gomes. Ela se referiu ao trabalho que será desenvolvido pelas secretarias de Organização, Finanças, Assuntos Institucionais, Movimento Popular Comunicação e Formação Política.
Por conta da suspensão do encontro, o presidente do partido, Paulo Santana, não se sentiu à vontade para conversar sobre o assunto mais delicado que foi discutido no seminário: as repercussões sobre os polêmicos contratos que a Prefeitura do Recife está firmando com empresas de outros Estados.

Maior vitrine do partido em Pernambuco, a Prefeitura do Recife tem sido constantemente bombardeada pela oposição pelo fato de ter contratado uma empresa de Brasília para prestar consultoria à administração, que custará R$ 5 milhões aos cofres públicos. E também pelo vazamento da informação de que outra empresa de Curitiba seria contratada para informatizar a Secretaria de Saúde por R$ 21 milhões. “Isso foi abordado sim”, admitiu Paulo Santana, mas sem avançar no assunto.


Governo aguarda pedido do PT sobre reforço de segurança
O governador em exercício, Mendonça Filho (PFL), consideoru ontem “inaceitável” o desfecho do caso do prefeito de Santo André, Celso Daniel, que foi sequestrado e assassinado na Grande São Paulo. “Choca não apenas o PT e a população de Santo André, mas toda a sociedade brasileira. A sua morte reflete a violência da qual vem sendo vítima toda a população”, afirmou. Em nome do Governo do Estado, Mendonça enviou um telegrama de pesar para a executiva nacional do PT e a família do prefeito.

Em relação a um possível reforço no policiamento dos prefeitos do PT de três municípios pernambucanos, Mendonça Filho adiantou que qualquer medida só poderá ser tomada após uma solicitação formal. Ontem, a executiva estadual do PT se mostrou favorável a um reforço na segurança dos prefeitos do Recife, João Paulo; de Camaragibe, Paulo Santana; e de Caetés, José Luiz Sampaio, o Zé da Luz. Mas nenhum pedido foi encaminhado ao Estado até porque qualquer iniciativa nesse sentido tem que ser tomada depois de consultar os próprios prefeitos.

Paulo Santana concorda com o reforço, mas João Paulo acha desnecessário. Mendonça Filho ap roveitou o caso para reforçar o discurso do Governo do Estado de que a violência é um problema nacional e não localizado. “A violência tem que ser combatida por todos, pelas diversas esferas governamentais e segmentos da sociedade”, exaltou. Esse tem sido um dos principais motes da oposição para criticar a atuação do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) na área da segurança pública.


PT vê crime como ato político
A exemplo da direção estadual, a cúpula nacional do PT avalia o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, como um crime político

SANTO ANDRÉ – Um ato ecumênico ontem no Paço Municipal de Santo André, em homenagem ao prefeito assassinado Celso Daniel (PT), reuniu cerca de 8.000 pessoas, segundo a Guarda Municipal, e foi marcado por comoção. Em vários momentos, durante os discursos feitos por autoridades e religiosos, os governos estadual e federal foram criticados e alvos de pedidos de medidas eficazes de combate à violência. Luiz Inácio Lula da Silva, como outros integrantes da cúpula petista, optou por não discursar. A cúpula do partido queria evitar que o ato fosse transformado em discurso político.

O único que falou foi o presidente nacional do partido, José Dirceu. “Não vamos mais enterrar prefeitos e prefeitas do PT, sem-terras, dirigentes rurais, padres e pastores, homens e mulheres do povo que só têm uma coisa para dar para o Brasil e para o povo: a vida. Só têm a vida, e é isso que tiram de nós”, disse.

Os integrantes da cúpula do PT participaram do ato sentados em uma área reservada em frente ao palco. Lula, que estava acompanhado da mulher Marisa, estava emocionado e chorou durante quase todo o ato, de cerca de duas horas.

No único momento em que levantou, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), aplaudiu o discurso de frei Beto. “Estou tomado por uma atitude não muito cristã, que é de muita raiva. Raiva do Governo de São Paulo, da polícia, da insegurança, da impunidade”, disse frei Beto no discurso mais aplaudido.

À noite, após o ato, o presidente nacional do PT disse que a cúpula do partido avaliou o caso do assassinato do prefeito Celso Daniel e passou a ter consenso sobre a conotação política do crime. “Depois de assassinarem dois prefeitos do PT, se eu não encarar isso como uma questão política sou irresponsável”, disse José Dirceu.

RECOMPENSA – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), se reúne hoje, às 17h, com o presidente Fernando Henrique Cardoso, para apresentar um plano conjunto de combate à violência. O encontro será em Brasília. “Vamos apresentar um conjunto de propostas que também dependem da área federal”, disse o governador, que anunciou recompensa de R$ 50 mil para quem fornecer informações que levem à prisão dos integrantes da quadrilha que assassinou o prefeito Celso Daniel.


Em ascensão, Celso Daniel representava o “novo PT”
SÃO PAULO – Aos 50 anos, Celso Daniel era uma figura em ascensão dentro do PT. Foi escolhido a dedo por Luiz Inácio Lula da Silva para coordenar seu programa de Governo, em uma conversa há seis meses. Sua experiência administrativa o colocava na condição de conselheiro do presidenciável em matérias relacionadas a economia e planejamento. Dentro do partido, dava-se como provável que o prefeito seria ministro em um eventual Governo do petista.

Daniel era a síntese do PT que moderou seu discurso e afastou-se de velhas bandeiras marxistas. Era amigo de empresários e grandes comerciantes, colocava-se contrariamente ao aumento generalizado no gasto público e favorecia o rigor fiscal. Encaixava-se à perfeição na imagem do novo PT que o partido se esforça para construir. Tinha ainda outras características que valorizavam seu passe: professor universitário, entendia de economia; prefeito pela terceira vez, tinha aura de vencedor.

Filho da classe média, Daniel era parte da linhagem de petistas que produziu, nos últimos anos, lideranças distantes do estereótipo do militante graduado na porta de fábrica. Era do time de Marta Suplicy, Tarso Genro e Cristóvam Buarque. Mas ele também tomava o cuidado de manter bom trânsito junto aos trabalhadores. Tinha em seu vice - agora novo prefeito -, João Avamileno, um líder metalúrgico.

Mesmo seus desafetos espantavam-se com a facilidade com que Daniel aprovava medidas polêmicas e desgastantes para o PT, ao mesmo tempo em que comandava desimpedido sua administração e virava um dos prodígios da cúpula partidária.

O cardápio de ações que causaram gritaria interna é extenso. Entre elas, a privatização de serviços municipais – caso da empresa de ônibus de Santo André – e a redução do salário de funcionários públicos, sob o argumento de que a cidade estava em dificuldades financeiras.


Colunistas

Cena Política - Ciro Carlos Rocha

A violência na pauta
Tenha ou não motivação política, o assassinato do prefeito de Santo André (SP), além de deixar indignados os brasileiros, independentemente de cor partidária, reforça a violência como um grande tema para as eleições. A questão da segurança pública está na ordem do dia, em todo o País, e não será esquecida. Até porque atinge a todos.

O que pode ser bem pior, entretanto, é se o fato de os dois prefeitos petistas mortos em pouco mais de quatro meses, ambos do mais rico Estado brasileiro, berço do PT, não passar de uma sinistra coincidência. Aí seria uma estupidez tão grande, um atentado à democracia que não se teria nem como comentar.

Os petistas têm motivos de sobra para a desconfiança. Mas devem entender que é precipitação afirmar, desde já, que Toninho, morto em setembro em Campinas, e Celso Daniel foram alvos de crimes políticos. Apesar das ameaças endereçadas a integrantes do partido. Que as investigações esclareçam as dúvidas e possibilitem punição para os culpados. E que, na campanha, a segurança pública seja discutida com a seriedade (e profundidade) que merece.

Sem medo de alma
Sertanejo “cabra macho”, o deputado federal Gonzaga Patriota (PSB) revela ter sido sondado para mudar de lado nas eleições deste ano. Quem fez a sondagem, lembra, argumentou que estando do lado do Palácio seria mais fácil garantir a reeleição. Por fim, insistiu avaliando que o cacique maior do PSB, Miguel Arraes, está morto politicamente. “Mas eu não tenho medo de alma”, encerrou a conversa Patriota, que, porém, não quis identificar o emissário.

Arraes e Brizola
O silêncio será a resposta do ex-governador Miguel Arraes ao eterno cacique do PDT, Leonel Brizola, que agora não perde oportunidade de bater no socialista. “O que eu tinha para falar, já falei na visita de Garotinho ao Recife”, disse ontem Arraes.

Barbas de molho
Como todo político, Arraes estava estarrecido com o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel . Ele conversou por telefone com o dirigente petista Francisco Rocha, o Rochinha, e disse que a possível confirmação de crime político abre uma perspectiva preocupante para o País.

Eleitores fazem a festa no recesso
Já tem parlamentar com raiva do recesso. É que, para quem aproveita para descansar na residência do interior, o período pode virar uma grande dor de cabeça. São muitos favores solicitados pelos eleitores. Haja jogo de cintura.

Joaquim, enfim, com espaço na mídia
Joaquim Francisco não tem mais do que reclamar. Ainda sonhando com o Senado, passou a ganhar espaço na mídia eletrônica. Mas não foi dado pelo PFL, não. Com dengue, Joaquim apareceu em reportagens sobre a epidemia.

Será estratégia?
Dirigentes do PT estadual parecem simpáticos à uma nova forma de entrevista coletiva. Levam dezenas de militantes para a conversa, de forma a deixar repórteres inibidos, e só falam sobre o
que querem. Foi o que se viu ontem. Como diria aquele locutor esportivo: “Que vergooooonha!”.

Mamulengo?
A maldade na política é uma coisa séria. Depois da passagem de Anthony Garotinho pelo Recife, já andam dizendo que ele deveria se chamar mesmo era “Mamulenguinho”. Só porque fez tudo o que Eduardo Campos (PSB) queria: bateu na violência do Estado e no Governo João Paulo.

Líder do Governo, Teresa Duere (PFL) admite que a questão mais urgente de Pernambuco é a segurança pública, área que a oposição elegeu para bater no governador Jarbas. Em entrevista ao site Pernambuco de A/Z (www.pe-az.com.br), Teresa fala igualzinho a um petista: “É impossível conviver com estes índices de violência”, afirma.

Presidente do PPS, o prefeito do Cabo, Elias Gomes, dá uma paradinha nas articulações políticas. Ele só pensa agora no Festival Pinzón 2002, que acontece de 24 a 28, com atrações culturais, esportivas e turísticas. Marca a chegada do navegador espanhol Vicente Pinzón ao Cabo, em janeiro de 1500.

1º vice-presidente do PSDB, o deputado Nárcio Rodrigues (MG) passa férias no Estado, ciceroneado pelo colega Luiz Piauhylino. Sábado, de volta de Tamandaré, teve uma grata suspresa. Numa blitz, o policial, ao saber que ele era parlamentar, foi logo avisando: “Estou com Serra”. Tudo o que o PSDB quer é que esses apoios alterem as pesquisas.

Malba Lucena (PSDB) anda feliz da vida. A convite dos EUA, vai participar, em Washington, de um encontro de mulheres parlamentares americanas e brasileiras. Revela que terá, inclusive, encontro com Bill Gates (Microsoft). Pode aproveitar e pedir uma ajudazinha para suas escolas de informática...


Editorial

BRASIL NO ANO NOVO

O Fundo Monetário Internacional vem ocupando grandes espaços dos analistas em face de suas antecipações para 2002. Como não se trata de trabalhar com uma ciência exata, o FMI cuida de projeções de crescimento, ou não, com base nos dados disponíveis no final de 2001, o que não quer dizer que as coias venham a acontecer como entendem seus técnicos. Das antecipações para 2001 não constaram os atos terroristas de 11 de setembro, que alteraram o cenário econômico internacional.

Daí deve ser visto com cautelo o exercício futurista do organismo internacinal sem, contudo, tirar-lhe o mérito técnico e até, a possibilidade de servir de norte, de guia, para determinadas políticas econômicas no ano que começou. Tanto isso é verdade que especificamente no capítulo Brasil o Fundo sublinha alguns riscos relacionados com “os futuros acontecimentos na Argentina e as incertezas geradas pelas eleições presidenciais”.

De um modo geral, o FMI reduziu as previsões de crescimento econômico, para o nosso País, de 2% para 1,8% em 2001 – como já haviam entendido os analistas econômicos nacionais –e 2% em 2002. Mas logo a seguir, quando fala em “riscos” e aí situa as incertezas eleitorais, apesar do tom de reserva, o Fundo deixa em aberto um outro cenário, este bem mais promissor. Como sabemos, ano eleitoral costuma ser tempo mais generoso em matéria de administração pública e essa generosidade inevitavelmente mexe, positivamente, nos indicadores econômicos.

Está sendo esperada para 2002 – fora das previsões do FMI – a flexibilização da política rigorosa de controle dos gastos públicos, uma nova maneira de encarar a prioridade absoluta ao pagamento dos juros da dívida acima dos gastos sociais, que o petróleo se mantenha com a cotação abaixo de 25 dólares o barril, o fim do racionamento de energia, safra agrícola recordista, queda na taxa de juros.

Combinando todos esses elementos até para fazer eco ao discurso eleitoral – inclusive, como se prevê, de quaisquer que sejam os candidatos governistas, entendendo-se que mais de um partido da base do governo lançará candidato – o resultado repercutirá necessariamente na dinâmica do crescimento e a taxa poderá ser bem mais robusta que os magros 2% prognosticados pelo FMI.

Esse cenário otimista tem como contraponto algumas expectativas reais, como o recrudescimento da crise internacional, seja pelo combate ao terrorismo, seja pelo conflito entre Israel e palestinos. Evidente que se essa crise ganha maior dimensão e reflexo será imediato em nossa economia, tanto quanto a quebradeira na Argentina, apesar do trabalho que vem sendo desenvolvido para nos desatrelar das vicissitudes do nosso vizinho.

Qualquer que seja a expectativa, porém, o certo é que nossa prática política inevitavelmente levará o País a condições mais apropriadas para iniciar um novo tempo, a partir de novas propostas. Qualquer que seja o candidato governista, tenderá a fazer o discurso social, dando como terminado o ciclo do controle da economia para evitar a volta à inflação. Significa dizer que 2002 trará de volta o discurso que tem hoje o consenso nacional, de estabilidade com crescimento.

Mais que administrar a idéia de investimentos sociais que permitam mais empregos e redução nessa marca sombria de 50 milhões de miseráveis divulgada IBGE, a temporada eleitoral que se avizinha deverá expor nosas fragilidades no mercado internacional e tornar mais claros alguns desafios, como nosso papel de País participante ou anexado no caso de um mercado comum das Américas,o grau de negociação que poderemos ter, e em que bloco econômico, junto à Organização Mundial do Comércio, e tantos outros desafios que estão associados ao nosso presente, ao futuro próximo e, inclusive, à capacidade que teremos de preservar a soberania nacional.


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01/21/2002


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