Jornalistas confirmam conteúdo da conversa entre procuradores e ACM, publicada pela IstoÉ



Os jornalistas da revista IstoÉ Andrei Meirelles, Mário Simas Filho e Mino Pedrosa confirmaram nesta quarta-feira (dia 14), aos integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, o conteúdo integral da fita com a gravação da conversa entre o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e os procuradores da República Luiz Francisco de Souza, Guilherme Shelb e Eliana Torelly. Segundo eles, a transcrição da conversa publicada pela revista corresponde ao teor da fita a que tiveram acesso.

Os três foram convidados a depor em função de providências determinadas pelo presidente do Conselho, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), a partir de representação apresentada pelos senadores José Eduardo Dutra (PT-SE) e Heloísa Helena (PT-AL) e pelo deputado Walter Pinheiro (PT-BA). Baseada inicialmente na matéria "Abaixo da Cintura", publicada pela IstoÉ com trechos da fita gravada, a representação recebeu aditamento para incluir matérias posteriores do jornal Folha de S. Paulo e da própria IstoÉ.

Como a fita original divulgada pela revista teria sido destruída, o principal questionamento feito pelos senadores aos depoentes referiu-se às diferenças entre os trechos da conversa divulgados pela IstoÉ e a degravação realizada pelo perito Ricardo Molina, apresentada ao Senado em reunião da Comissão de Fiscalização e Controle, na semana passada. Os três jornalistas abdicaram de fazer uma exposição prévia, assinaram termo de compromisso de que as informações prestadas aos senadores correspondem à verdade por eles conhecida e colocaram-se à disposição para responder às perguntas dos senadores.

Em resposta ao senador Ramez Tebet (PMDB-MS), o primeiro depoente, Andrei Meirelles, relatou que, na manhã do dia 19 de fevereiro, o procurador Luiz Francisco de Souza telefonou para o chefe da sucursal da revista, jornalista Tales Faria, com o qual acertou que a IstoÉ forneceria a ele um gravador, entregue por Mino Pedrosa. Depois, o procurador não permitiu que duas fitas audíveis fossem copiadas e, após muita resistência, admitiu que elas fossem ouvidas pelos jornalistas.

A Ney Suassuna (PMDB-PB), o jornalista contou que o procurador manteve outro gravador em sua sala, contígua àquela em que se deu o encontro, fonte da fita inaudível depois degravada, com muitas lacunas, por Ricardo Molina. "Ouvimos duas fitas audíveis, das quais não tivemos mais notícias", afirmou Meirelles, confirmando a Suassuna que elas continham, textualmente, os termos "chegar ao presidente" e "lista". Os termos referem-se aos trechos da conversa que tiveram maior repercussão política: num deles, o senador baiano teria afirmado que os dados dos procuradores sobre Eduardo Jorge Caldas Pereira estariam incompletos e sugerido que a quebra do sigilo telefônico e bancário do ex-secretário-geral da Presidência da República nos anos de 1994 e 1998 permitiria "chegar ao presidente"; a "lista" refere-se à afirmação do senador de que teria a lista da votação secreta que resultou na cassação do senador Luiz Estevão.

Meirelles confirmou mais de uma vez ter ouvido esses e outros trechos divulgados pela revista aos senadores Suassuna, Antero de Barros (PSDB-MT), Pedro Simon (PMDB-RS), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Heloísa Helena (PT-AL). Todas as afirmações de Andrei Meirelles foram confirmadas por Mino Pedrosa, que também escutou as fitas audíveis. Mário Simas Filho não participou da primeira reportagem publicada pela IstoÉ e disse ter sido responsável pelo encaminhamento da fita inaudível ao perito Ricardo Molina.


14/03/2001

Agência Senado


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