José Agripino cobra coerência de Lula e do PT
O senador José Agripino (PFL-RN) ocupou a tribuna, nesta terça-feira (15), para perguntar se as viúvas e aposentados que votaram em Luiz Inácio Lula da Silva para presidente ainda manteriam seu voto.
- Será que a viúva que votou em Lula ainda votaria se ele dissesse, na campanha: -Vote em mim, viúva. Você, em meu governo, vai valer 30% a menos. Vote em mim, aposentado, porque quando eu for presidente você vai valer 11% a menos. Vote em mim, porque eu serei o presidente do seu coração- - perguntou.
A indagação de Agripino foi formulada em discurso no qual comentou a declaração do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Francisco Fausto, que disse à imprensa ter sido vítima de um -estelionato eleitoral-. Segundo os meios de comunicação, o ministro afirmou que nem ele nem outro juiz teria votado no presidente Luia Inácio Lula da Silva se ele, na campanha, tivesse a mesma postura manifestada após assumir o poder, a favor do fim da integralidade dos salários dos magistrados.
O senador disse conhecer -há vários anos- o ministro Francisco Fausto, potiguar como ele. Qualificou-o como homem atento e politizado e afirmou que a sensação de ter sofrido um estelionato advém da tramitação do projeto de lei da Câmara nº 9, enviado ao Congresso pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. A matéria propunha a criação de fundos complementares de aposentadoria e -sinalizava, evidentemente, o fim da integralidade-, conforme comentou Agripino.
O projeto, segundo o senador, era -um divisor de águas- do sistema previdenciário, criando aposentadorias e contribuições definidas e um teto para pagamentos de benefícios. Quem quisesse ganhar acima desse teto, deveria contribuir para a previdência complementar.
- O ministro conheceu com certeza o projeto e tomou conhecimento de que ele não foi votado porque o Partido dos Trabalhadores obstaculizou, impediu em todos os momentos, ficou contra e sinalizou para o ministro Francisco Fausto e para todos os brasileiros que era a favor da integralidade (do recebimento dos salários nas aposentadorias) - afirmou Agripino.
O senador afirmou que, embora o projeto de reforma da Previdência tenha sido trazido pessoalmente ao Congresso pelo presidente Lula, ele carece de paternidade.
- A proposta foi escudada inicialmente pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que se reuniu algumas vezes para estudar várias matérias e que deve, talvez, ter discutido a apreciação de uma proposta de reforma da previdência. O segundo escudo era o consenso - que hoje se discute - dos governadores. A proposta chega, portanto, sem uma paternidade definida - afirmou Agripino.
Para ele, a proposta carece de convicção por parte de quem a apresentou. O representante potiguar no Senado acrescentou que, -sem convicção, se estabelece uma enorme confusão sobre a possibilidade de evolução da proposta-.
Agripino lembrou que Lula ganhou a eleição com promessas de ruptura com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com cartas de proteção aos aposentados, às viúvas, e com sua história de 20 anos de luta, -que é a história do PT, história hoje cobrada por funcionários públicos na Esplanada dos Ministérios-. Líder do PFL, ele disse que seu partido -faz oposição por resultados-, sempre buscando o entendimento para obter ganhos para a sociedade.
- Mas não vai deixar de interpretar a voz das ruas. O que o PFL quer é se colocar como oposição a serviço do povo brasileiro, que deseja coerência de seu governante - afirmou, pedindo uma resposta do governo.
Em aparte, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) afirmou que Lula venceu as eleições porque usou o jargão da mudança a qualquer preço, -sem estar estribado em dados sociais-.
15/07/2003
Agência Senado
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