José Agripino prevê crise no mercado de cartões de crédito



Em pronunciamento que provocou muita participação do Plenário - foram dez apartes - o senador José Agripino (DEM-RN) alertou para a crise dos cartões de crédito, que, segundo ele, irá atingir o mercado dos Estados Unidos. O parlamentar disse ter viajado àquele país para, em conversas com executivos, melhor entender a crise econômica mundial.

De acordo com Agripino, a crise da inadimplência hipotecária norte-americana, chamada de subprime, envolve créditos de US$ 10,5 trilhões. Já o mercado de cartão de crédito tem um volume de quase a metade disso, ou US$ 5 trilhões.

Em discurso nesta terça-feira (14), o senador frisou que o cartão de crédito deve ser usado em situações emergenciais e limítrofes, como para pagamento de doenças ou de uma batida de carro. Ele previu a crise dos cartões de crédito sucederá à crise das hipotecas e que ela atingirá fortemente o Brasil.

Agripino lembrou a quantidade de dinheiro gasta pelo governo dos Estados Unidos para salvar o sistema bancário, o que não ocorreu agora no Brasil.

_ O sistema financeiro americano está doente, são trilhões de dólares injetados para evitar que ele quebre. No Brasil não se precisou injetar um real em banco algum porque o Proer, lá atrás, na época de Fernando Henrique, manteve o sistema financeiro completamente sadio - afirmou.

Agripino afirmou que a crise financeira atual tem três etapas: a fase das demissões, a fase do desemprego e a fase da perda de renda. A fase do desemprego se diferencia da primeira porque nela as pessoas já aceitam salários mais baixos para fazerem a mesma função, gerando então a terceira fase. Para ele, os Estados Unidos já enfrentam esta última, enquanto o Brasil está entrando na segunda fase.

O parlamentar disse ainda que não se diminui o spread bancário com a demissão de um presidente competente do Banco do Brasil. O certo a fazer, para o senador, seria diminuir ou zerar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e diminuir também o depósito compulsório sobre depósitos à vista, diminuindo o custo do dinheiro.

Agripino também criticou o governo federal por "retirar uma receita que não lhe pertence", referindo-se ao corte no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis e materiais de construção, o que diminuiu a arrecadação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que se constitui hoje na principal fonte de renda a maioria das prefeituras brasileiras.

­_ O governo usa a tática de descobrir um santo para encobrir outro - afirmou, reclamando que o governo jamais chamou o Congresso Nacional para participar do debate.

Apartearam o líder do DEM os senadores Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Rosalba Ciarlini (DEM-RN), João Tenório (PSDB-AL), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Adelmir Santana (DEM-DF), Cristovam Buarque (PDT-DF), Efraim Morais (DEM-PB), Heráclito Fortes (DEM-PI), Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA).



14/04/2009

Agência Senado


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