JOSÉ ALENCAR RECLAMA TRATAMENTO IGUALITÁRIO PARA EMPRESAS NACIONAIS
Contra o que denominou de "ingenuidade" e "falta de cultura negocial", o senador José Alencar (PMDB-MG) reivindicou a adoção pelo governo federal de instrumentos que assegurem aos empresários nacionais as mesmas vantagens dadas aos empresários estrangeiros para investirem no mercado brasileiro.- Não podemos competir nessa desigualdade de condições. O setor têxtil, por exemplo, é altamente competitivo, mas o tratamento desigual o prejudica, assim como o que acabou levando o setor de autopeças à desnacionalização - disse.A abertura comercial realizada pelo Brasil foi considerada pelo senador como exemplo da "ingenuidade" com que a economia nacional é tratada, pois todos os países hoje hegemônicos protegem seus produtores. "É isso que deveríamos aprender a fazer", afirmou.Quanto à "ausência de cultura negocial", José Alencar explicou-a com um princípio que, a seu ver, deveria se somar aos princípios de não-intervenção e de autodeterminação dos povos que caracterizam a diplomacia brasileira. "De nada valem boas relações diplomáticas que não redundem em boas relações comerciais". A falta de cultura negocial apresenta-se como incompetência na administração da coisa pública, continuou o senador, dando como exemplo o caso dos efeitos de um tratado firmado entre Brasil e Paraguai durante o Estado Novo. Segundo disse, o tratado garantiu o acesso do Paraguai ao Atlântico e hoje, nos portos de Paranaguá e Santos, vários congêneres entram no Brasil e, protegidos pela bandeira paraguaia, não têm seu conteúdo fiscalizado sequer pela Receita e Polícia Federal. "Nenhum país que se preza permite uma coisa desse tipo".Em apartes, Ney Suassuna (PMDB-PB) registrou a importância dos investimentos realizados por José Alencar na área têxtil e Arlindo Porto (PTB-MG) concordou que o país precisa ter mais ousadia nas relações de troca no mercado internacional. Já Roberto Saturnino Braga (PSB-RJ) disse acreditar que o tratamento desigual dado pelo governo aos produtores nacionais é resultante de compromissos políticos assumidos pelo governo e não da ingenuidade ou falta de capacidade negocial.
22/02/2000
Agência Senado
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