José Jorge compara MP de Meirelles à Lei Fleury



O senador José Jorge (PFL-PE) comparou a medida provisória (MP 207/04) que concede status de ministro ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, à Lei Fleury, de 1973, instituída para beneficiar exclusivamente o então delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo, acusado de tortura e assassinato.

- Primeiro há o crime ou a suspeita de crime. Depois, então, faz-se uma lei para proteger o criminoso ou o suspeito - disse José Jorge.

Na opinião do senador, a MP, que está sendo votada na forma de projeto de lei de conversão (PLV 54/04), trata-se, "sem dúvida alguma", de uma medida casuística perpetrada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele lembrou que o partido de Lula, o PT, sempre criticou "tais medidas imorais".

- Em homenagem ao Dia da Justiça, vamos derrotar essa MP, que é flagrantemente inconstitucional, não é urgente e nem relevante - disse o senador, acrescentando que a MP "trata-se de uma afronta ao processo penal, porque uma mudança assim só poderia ser instituída por meio de lei complementar".

José Jorge lembrou ainda que o presidente do Banco Central, depois de escolhido pelo presidente da República, tem ainda que ter o nome aprovado pelo Senado Federal, ao contrário dos ministros de Estado.

- O que não pode é a cada nova denúncia contra membros do governo, tomarem-se medidas dissimuladoras como ações que inibam a criação de CPIs, ou francamente casuísticas, como essa MP que o Senado tem a obrigação de rejeitar - finalizou.

                                        Lei Fleury

A Lei Fleury tem o número 5.941/73, e foi apresentada como projeto de lei pelo então líder do governo na Câmara dos Deputados, Cantídio Sampaio (Arena-SP). Mudava o Código Penal para proibir a prisão de qualquer réu que apresentasse bons antecedentes e ficha criminal limpa, mesmo que fosse considerado culpado em primeira instância. Foi apresentada para beneficiar o então delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo. Fleury era acusado de submeter presos a tortura e até de assassinato, e era um dos principais agentes civis da repressão durante o regime militar. Foi ele, por exemplo, quem matou o ex-deputado Carlos Marighela, fundador da Aliança Libertadora Nacional, um dos pioneiros da luta armada contra os militares.



08/12/2004

Agência Senado


Artigos Relacionados


José Agripino compara lançamento do PAC ao anúncio do "espetáculo do crescimento"

José Jorge: José Dirceu venceu Troféu Berzoini de Crueldade

Pela segunda vez, Troféu Berzoini de Crueldade vai para José Dirceu, anuncia José Jorge

José Jorge denuncia tentativa de José Dirceu de nomear indicados para cargos técnicos da ANP

José Jorge comenta apoio de Collor a Lula e diz que José Dirceu pode voltar ao governo

JOSÉ JORGE PRESTA HOMENAGEM A JOSÉ ERMÍRIO DE MORAES