José Jorge diz que só CPI resolve crise política



O senador José Jorge (PFL-PE) disse que a única saída para a crise política é uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apure tudo: o caso Waldomiro Diniz e suas ligações com o crime organizado e com o governo, a atuação do subprocurador José Roberto Santoro e até mesmo se há alguém da oposição interessado em derrubar o governo.

- Não estamos, nós, da oposição, com a mesma bandeira do PT, que era "Fora FHC!". Nosso slogan é "Governa, Lula!", o que é muito diferente. Mas é preciso que não pairem dúvidas sobre o governo - disse o senador.

O senador não acha que a revelação da gravação que envolve o subprocurador José Roberto Santoro tenha tirado o foco das ligações de Waldomiro Diniz com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

- Há um caso Waldomiro, o governo não pode mascarar isso. Eles ficaram todos sorridentes com o resultado do discurso do senador Almeida Lima, mas no dia seguinte estava tudo igual. Agora, riem do episódio do Santoro, mas amanhã a crise voltará com a mesma força. Estão se iludindo - disse.

José Jorge insiste em que o melhor caminho, principalmente para o governo, é apoiar a CPI. Segundo ele, a sindicância interna do Palácio do Planalto foi "ridícula".

- Ouviram apenas os subordinados do Waldomiro. Mas o país quer saber de tudo: quem são os amigos de Waldomiro, quem são os amigos do Cachoeira, quais as ligações deles com o governo, enfim, tudo- observou. Ele disse que raramente concorda com o ministro José Dirceu, mas no caso da necessidade de um controle sobre a atividade do Ministério Público, ele está de acordo.

- Não gosto da expressão "Lei da Mordaça", mas é preciso estabelecer limites de ação dentro da lei e da responsabilidade. O projeto de lei foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), veio ao Plenário, recebeu emendas e voltou à CCJ. Eu sou o relator das emendas na CCJ, e sou favorável ao projeto - disse José Jorge.

Por sua vez, o senador Paulo Paim (PT-RS) disse que é totalmente contrário à "Lei da Mordaça". Segundo ele, a expressão e o próprio projeto lembram a ditadura.

- Esse negócio de controle é muito perigoso. Querem controlar o Judiciário, o Ministério Público, e daqui a pouco vão querer controlar e pôr mordaça no Parlamento. É preciso cuidado com isso - disse o vice-presidente do Senado.



02/04/2004

Agência Senado


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