José Nery denuncia descaso com a saúde no Pará



A morte de 12 recém-nascidos no último final de semana na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará chocou a sociedade do estado, segundo relatou, nesta quarta-feira (25), o senador José Nery (PSOL-PA). E o choque se intensificou, conforme acrescentou, a partir das justificativas apresentadas pela direção da unidade hospitalar, que considerou o fato "uma infeliz coincidência"

Para os dirigentes, o número de óbitos está de acordo com a taxa aceita pela Organização Mundial de Saúde (OMS). E essa taxa, na versão do hospital, seria de cerca de 50% do total de leitos da unidade. As mortes ocorreram de sexta-feira (20) a domingo (22) entre internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e no berçário.

- É repugnante o argumento apresentado. A morte de 12 crianças num único final de semana não pode ser "uma infeliz coincidência" ou considerado normal por estar dentro da taxa aceita pela OMS. Na verdade, o quadro da saúde pública no estado do Pará e, em especial em Belém, é caótico - protestou José Nery.

Para o senador do PSOL, a tragédia dos bebês não constitui um fato isolado, mas sim um elo de uma série de escândalos administrativos e políticos que deixaram a saúde de Belém na UTI. Ele mencionou, por exemplo, a cena do trabalhador perdendo a vida, por falta de atendimento adequado, diante das câmeras de tevê em um posto de saúde na capital. E relembrou o escândalo da paralisação das obras do Pronto Socorro da Sacramenta, em Belém, deixado quase pronto pela administração anterior, do arquiteto Edmilson Rodrigues.

Semanas atrás, acrescentou, uma blitz de vereadores revelou a existência de nove ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192) prontas para entrar em uso, mas que, "por negligência e incompetência administrativa", encontram-se estacionadas.

De acordo com o parlamentar, o quadro é agravado por sucessivos escândalos administrativos, especialmente vinculados à gestão do atual prefeito, Duciomar Costa, processado pelo Ministério Público Federal (MPF) por improbidade administrativa. Segundo o representante do Pará, o prefeito foi acusado de lesar os cofres públicos em R$ 1,6 milhão, por meio de manobra que visava à compra de instalações do Hospital Sírio-Libanês por R$ 9 milhões, em 2005. Conforme José Nery, esse processo do Ministério Público Federal se soma a um anterior, em que o prefeito é acusado de desviar cerca de R$ 1,4 milhão do Sistema Único de Saúde (SUS) para a compra ilegal de 36 motocicletas e de 14 carros para a Guarda Municipal de Belém.

Luz para todos

O senador criticou também o atraso no atendimento pelo programa Luz para Todos das populações que vivem majoritariamente em áreas isoladas da Amazônia. Ele se referiu às comunidades rurais da região do baixo Tocantins paraense, bem como de outras regiões do estado.

Políticos e líderes comunitários da região cobram a universalização da energia elétrica. Desde o ano passado, o assunto vem sendo tratado com o Ministério de Minas e Energia e com a Eletronorte já que o atendimento a todas as comunidades tinha que se dar até 2008, conforme o decreto de universalização editado em 2003.



25/06/2008

Agência Senado


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