JOSÉ SAAD ANUNCIA PROTESTO DE PRODUTORES DE LEITE EM BRASÍLIA



Nesta segunda quinzena de novembro a Esplanada dos Ministérios deverá ser palco de um protesto contra a política de importação de produtos lácteos, registrou nesta segunda-feira (dia 16) o senador José Saad (PMDB-GO). "Os organizadores do protesto pretendem trazer dez mil produtores. O número de vacas leiteiras que os acompanharão ainda não foi estimado", disse.Apesar de restrito à produção leiteira, o senador considerou que o evento se justificaria para todo o setor agropecuário. Todos os produtores agrícolas sofrem "o equívoco de uma política de comércio exterior, a avalanche das importações a preços subsidiados em seus países de origem, sem haver qualquer mecanismo de compensação a quem produz aqui dentro e gera empregos aqui dentro. Isso tudo aliado às más condições financeiras de nosso país - juros escorchantes, prazos curtos de financiamento e câmbio valorizado - que geram custos insuportáveis para o agropecuarista brasileiro".José Saad considerou que, "com um pouco mais de boa vontade por parte das autoridades do governo federal", o Brasil seria autosuficiente na produção de leite, deixando de gastar quase meio bilhão de dólares em importações. Entre as medidas de preservação da produção leiteira nacional, o senador defendeu o aumento da alíquota de importação do leite in natura e de todos os seus derivados para 35%; rigorosa inspeção fitossanitária; estabelecimento de cotas para importação; e negociação com a Argentina para impedir a atual triangulação comercial praticada por esse país.De janeiro a agosto de 1998, o país importou US$ 367 milhões em produtos lácteos, um aumento de cerca de 20% em relação ao mesmo período de 1997, afirmou o senador. Conforme o Censo Agropecuário, acrescentou, houve aumento contínuo dos níveis de modernização e produtividade no setor, mas sem que isso garantisse maior competitividade ao produtor nacional. Na opinião de José Saad, isso decorre das más condições macroeconômicas do país e de dois outros fatores, um deles compartilhado pelos produtores leiteiros com todos os outros produtores de bens primários: o leite importado da Europa, da Nova Zelândia e da Austrália, os maiores competidores do Brasil fora do Mercosul, é altamente subsidiado.Outro fator estaria, segundo o senador, nas importações da Argentina: "De acordo com indícios concretos, tem comprado o leite em pó mais barato de terceiros países para reexportá-lo ao Brasil com alíquota zero". Entre esses indícios, Saad referiu-se a um aumento da ordem de 49% na exportação de leite em pó argentino para o Brasil no primeiro semestre deste ano, "comparado com um aumento de menos de 1% na produção de leite em pó argentino, em contexto de demanda interna aquecida".José Saad também comentou que os atuais cortes orçamentários contribuirão para denegrir ainda mais a imagem dos políticos diante da população, particularmente depois da campanha eleitoral, em que muitos assumiram compromissos "baseados em recursos orçamentários rotineiros".

16/11/1998

Agência Senado


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