José Serra quer Jarbas candidato a vice








José Serra quer Jarbas candidato a vice
Ministro cumpre agenda de candidato em PE, no maior evento da sua campanha até agora

Pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra cumpre hoje em Pernambuco uma agenda oficial de ministro (Saúde) e outra eleitoral. Uma e outra, combinadas, formam o evento de maior importância já realizado por ele desde que oficializou seu nome como pré-candidato, no último dia 18. As atividades previstas contemplam, indiretamente, as mulheres, e, diretamente, a necessidade de revestir a candidatura dele de um caráter "popular", principalmente para o eleitorado nordestino.

O ministro deve aproveitar a visita também para tentar dobrar a resistência do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) em aceitar compor sua chapa como vice. Ele já teria formalizado o convite nos últimos dias, numa conversa de 20 minutos, segundo noticiou ontem o Correio Braziliense. Fontes informaram, porém, que não houve o convite. E que, se tivesse havido, a possibilidade de o governador vir a aceitá-lo seria praticamente nula. Primeiro porque para ele significaria deixar uma disputa pela reeleição na qual é favorito para entrar numacampanha presidencial de resultado incerto e em condições desfavoráveis - segundo as últimas pesquisas Serra aparece sempre nos últimos lugares. Segundo porque não existe um "candidato natural" para substituir Jarbas. A escolha de um substituto para ele provocaria conflitos na aliança estadual, embora haja informações de que uma opção viável seria o vice-presidente Marco Maciel (PFL).

Como ministro Serra estará acompanhado do presidente Fernando Henrique Cardoso. Os dois participam, às 12h30, no Centro de Convenções (Olinda), de ato de comemoração dos 10 anos do Programa de Agentes Comunitários de Saúde. Em nome de todos os agentes (são mais de 150 mil em todo o País, 90% são mulheres) será homenageada Severina Ramos de Santana Rodrigues, de 57 anos, há 10 participante do programa. Detalhe: Severina é filiada ao PT.

À tarde - sem a companhia de FHC e na qualidade de pré-candidato -, Serra participa de ato público em Passira. O município é governado por uma mulher do PSDB, conhecida por seu estilo popular: Aparecida Laurentina, a Cida, que está no segundo mandato. Para ter mais tempo em Passira, o ministro chegou a cancelar a visita que tinha programado à Fundação Nacional de Saúde, no Recife, onde entregaria 15 veículos a serem utilizados no combate à dengue.

Desde que se lançou pré-candidato, Serra só participou de atos públicos no Nordeste - semana passada ele esteve no Rio Grande do Norte. Segundo maior colégio eleitoral do País (atrás apenas do Sudeste), a região é importante para todos os presidenciáveis, mas tem para Serra um interesse especial. É aqui que floresce a pré-candidatura pefelista da governadora Roseana Sarney (MA), maior ameaça à intenção governista de ter apenas um palanque. Além disso, diferentemente dos outros nomes da corrida sucessória, Serra terá que enfrentar no Nordeste uma sorrateira - mas eficaz - versão difundida pelos adversários de que ele tem preconceito contra a região. Paulistano, com uma carreira feita toda em São Paulo, e ainda por cima dotado de um estilo indisfarçavelmente antipático, Serra é o alvo ideal para uma acusação dessa natureza. Talvez, então, não seja apenas por definição programática a ênfase que, em seu discurso, ele tem dado ao combate às desigualdades regionais.


Severina, do PT, recebe homenagens
FHC homenageia professora como símbolo do programa de Agentes Comunitários

O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) mudou para sempre a vida da professora Severina Ramos de Santana Rodrigues, 57 anos. Atuando há uma década como agente de saúde, ela receberá hoje uma homenagem especial do presidente Fernando Henrique Cardoso, que comemora em Pernambuco os dez anos do Pacs no Brasil. Escolhida como símbolo do programa, dona Severina ou Tia Neném, como é chamada carinhosamente, representará os 150 mil agentes em atuação no País. Marca atingida pelo Ministério da Saúde e motivo de orgulho para Tia Neném, uma paraibana filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) que desde os dez anos de idade mora no bairro de Salgadinho, Olinda.

Surpresa com a indicação - feita pela Secretaria de Saúde de Olinda para a seleção do ACS que representaria a categoria - Tia Neném é uma das 11 agentes que atuam nas comunidades de Sítio Novo e do Caranguejo. Nos dois lugares, considerados os maiores bolsões de pobreza do município, vivem cerca de 2,2 mil famílias. Cada agente tem 200 famílias sob sua responsabilidade. "É um trabalho difícil, pois todos os dias saímos de casa em casa para passar noções de higiene e saúde para pessoas que enfrentam desafios muito maiores, como a fome, o desemprego, a violência, a falta de moradia digna e de saneamento básico", diz a agente.

O elo entre Tia Neném e a comunidade é antigo. Desde a adolescência, ela se dedica ao trabalho voluntário. Quando concluiu o 2º grau, atuou como educadora na Escola Comunitária alfabetizando crianças e adultos. Paralelamente, desenvolveu a atividade de catequista (o que faz até hoje) na Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Casada, com uma filha adotiva de oito anos, dona Severina recebeu o apoio do marido e dos moradores das áreas em que atuava para se candidatar ao concurso de agente comunitária de saúde da prefeitura. Em 2 de fevereiro de 1992, foi chamada e aprovada para exercer a função.

Mesmo com uma remuneração de R$ 250,00 e uma rotina que inclui longas caminhadas, dona Severina se diz realizada com seu trabalho. "Sinto-me feliz, mas não estou vaidosa com esta homenagem. Acho importante que nossa categoria seja valorizada e é importante saber também que ainda há muito para ser feito", ressalta. Ela admite que as ações do PACs não atendem a todas as necessidades da comunidade. Paralelamente, realiza com sua equipe de agentes vários trabalhos de impacto social, como por exemplo o Nascer Cidadão, programa desenvolvido há três anos junto a gestantes desnutridas, com apoio da igreja e da prefeitura.

Lutar pelos interesses da comunidade e estar sempre disponível a ajudar são as marcas do trabalho de Tia Neném e ainda lhe servem de inspiração para escrever poesias, como o Desabafo do ACS, que tentará ler hoje para o presidente FHC. "Aproveitarei a oportunidade para pedir a ele mais creches, cursos profissionalizantes para os jovens saírem da ociosidade e mais condição para continuarmos esse trabalho", adianta ela.


Modalidade criminosa cresceu 286%
Dos casos registrados no ano passado no País, 73% ocorreram em São Paulo

BRASÍLIA - Os casos de seqüestros no Brasil explodiram nos últimos três anos. Levantamento feito com as secretarias de Segurança dos Estados mostra que de 1999 a 2001 os registros do crime aumentaram em 286%. A explicação para o aumento está na proliferação das quadrilhas de seqüestradores em São Paulo. Dos casos registrados em todo o País no ano passado, 73,6% estão naquele Estado.

No total, as polícias civis dos estados receberam 417 notificações de seqüestros. Só em São Paulo foram 307. Em 1999, o Estado registrou apenas 18 casos num total de 108 seqüestros em todo o País. O Pará apresentou o segundo maior número de seqüestros do País no ano passado. Em 2001 foram 28 casos. Há três anos, não houve nenhuma ocorrência.

Em terceiro lugar está a Bahia, com 16 seqüestros no ano passado. Em seguida, Pernambuco, com 14. O Rio de Janeiro está entre os Estados que conseguiram reduzir os registros do crime. Em 1999 foram 19 seqüestros. No ano passado, menos da metade: oito casos. Segundo dados das secretarias edo Ministério da Justiça, os crimes se concentram nas grandes cidades. Em pelo menos 11 Estados não houve registro de seqüestro no ano passado. Em sete Estados, incluindo o Rio, e no Distrito Federal, houve redução no número de seqüestros.

GASTOS - O Fundo Nacional de Segurança Pública, principal instrumento do Governo federal para financiar o combate à criminalidade nos Estados, prevê gastos de apenas R$ 2,10 por habitante este ano. O valor representa um investimento em segurança pública de menos de US$ 1 por brasileiro. Se forem levado em conta outros gastos em segurança com as atividades das polícias Federal e Rodoviária Federal, além da construção de presídios, por exemplo, o valor per capita destinado à segurança salta para R$ 7,16 (US$ 3).

Nos Estados Unidos, em 2000, o Governo do presidente George W. Bush gastou US$ 19,3 bilhões com a segurança pública, o que corresponde a US$ 69,3 anualmente para cada um dos 278,4 milhões de americanos. Esse valor é 68 vezes superior ao que o Governo brasileiro prevê gastar em 2002. O fundo pretende fornecer recursos para as ações diretas de combate à criminalidade do Governo federal, como capacitação de instrutores e guardas, reaparelhamento das polícias estaduais, intensificação de policiamento nas áreas críticas e implantação da polícia comunitária.

Ex-relator da CPI do Narcotráfico, o deputado Moroni Torgan (PFL-CE), também critica a falta de dinheiro e de estrutura. "A segurança precisa ser toda reestruturada. Não é nem questão de gastos exorbitantes. O lucro do sistema financeiro deveria pagar uma taxa para a segurança", disse Moroni Torgan.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Bonifácio Andrada, argumenta que não se resolve o problema da segurança só com verbas federais. O fundo distribuiu R$ 387 milhões para os estados, em 2001.


FHC prestigia aniversário da filha no RJ
RIO - O presidente FHC e a primeira-dama, dona Ruth Cardoso, participaram da festa de aniversário de sua filha Beatriz Cardoso, no sábado à noite. A comemoração, que reuniu cerca de 30 convidados, foi no apartamento de Paulo Henrique Cardoso, irmão de Beatriz, em São Conrado. O casal permaneceu na cidade quase todo o domingo. Mas ao contrário das últimas vezes em que visitaram o Rio, eles não ocuparam a residência oficial do prefeito, na Gávea Pequena, que está em reformas, como explicou César Maia. O presidente e dona Ruth ocuparam a suíte presidencial do Hotel Intercontinental, em São Conrado. A suíte, de 120 metros quadrados, que tem diária de R$ 3.250,00, foi totalmente redecorada em 48 horas para receber Fernando Henrique. O casal almoçou no hotel com Beatriz e os dois netos e retornou à Brasília ontem à tarde.


Banco cobra taxa extra por cheque
Tarifa para pagamento de baixo valor é usada para desestimular o uso de talões

Passar um cheque para pagar um lanche, o estacionamento ou fazer uma compra de menos de R$ 20 pode sair caro. Além do custo do talão de cheque, alguns bancos estão cobrando tarifas por cheques de baixo valor que variam de R$ 0,20 a R$ 1,00 por documento emitido. Na tabela oficial divulgada pelo Banco Central, oito deles (ABN, BBV, Bradesco, Citibank, Bandepe, Itaú, Santander e Unibanco) informam a tarifa, mesmo que ainda não estejam cobrando. Tarifar pequenos pagamentos é uma forma dos bancos desestimularem o uso do cheque pelos correntistas, principalmente por conta do custo da movimentação do cheque, 80% mais elevado do que os gastos em operações eletrônicas.

O limite para cheques de baixo valor varia em alguns bancos. O Unibanco cobra R$ 0,50 para valor igual ou menor a R$ 20. Mesmo teto do Santander, que também cobra R$ 0,50 e do Bradesco, que tem tarifa de R$ 0,20. No Itaú, só não paga quem passa cheque acima de R$ 25. Se não, o valor pode ser acrescido de R$ 0,25. OReal é o mais tolerante. Só considera baixo cheque abaixo de R$ 10, taxado em R$ 0,20. No Citibank, a conta é salgada, R$ 1,00 para cheques menores que R$ 30. O diretor-adjunto do Citibank, José Teixeira, explica que a tarifa sobre o cheque de baixo valor ainda não foi implantada, apesar de já constar na tabela de tarifas. Teixeira explica que a cobrança, que não deve atingir a grande maioria dos clientes, foi instituída por conta da entrada do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), inicialmente previsto para o ano passado.

O diretor-adjunto acredita que o SPB, que pretende efetuar todas as transações acima de R$ 5 mil por meio eletrônico, vai desestimular o uso do cheque. "Vai haver uma queda forte. A tendência é que haja migração para o cartão de crédito ou débito", observa. O desestímulo não deve ser exclusividade dos bancos. O próprio comércio, na sua opinião, deve inibir recebimento de cheques, incluindo os de baixo valor, para terem o dinheiro em caixa com mais rapidez.

Para se ter uma idéiado custo de um cheque, além do trabalho de manuseio, desde o recebimento no caixa até a compensação, que envolve vários funcionários, os bancos são obrigados a conservarem o cheque como um documento comprobatório. A conservação é obrigatória por 20 anos, segundo o superintendente estadual do Banco do Brasil (BB), Jackson Villa. O BB é responsável pela compensação de cheques dos bancos. "Imagine a área necessária e os custos para manutenção", observa. Uma alternativa encontrada pelos bancos para economizar espaço é a microfilmagem, mas também têm que pagar caro por isso.

COMPENSAÇÃO - O Brasil carrega o título da compensação de cheque mais eficaz do Mundo, com uma média de 24h. Em outros países, como nos Estados Unidos, um cheque pode levar até sete dias de uma conta a outra. Em compensação, os riscos de que bancos venham a quebrar por falta de dinheiro para honrar o volume de cheques que recebe é infinitamente menor nos Estados Unidos. Mas o título pode estar perto de cair. Jackson Villa, do Banco do Brasil, acredita que cheques abaixo de R$ 299,99 (limite determinado pelo Banco Central) devem ter o prazo de compensação ampliado de 48 horas para oito dias. "O fim do cheque é uma tendência mundial que não tinha acontecido ainda no Brasil", diz Teixeira. No Citibank é quase realidade. Segundo o diretor, 75% dos clientes fazem transações eletrônicas.


Tecon suspende operação de navio
Alegando falta de segurança, a Tecon - Terminal de Contêineres de Suape - decidiu suspender a operação do segundo navio que atracaria em seu cais desde que começou a operar na semana passada. O navio Cap San Marco, veio de Miami e estava previsto para atracar às 18 horas de ontem. A previsão de chegada foi alterada para 23 horas, sem confirmação até o fechamento desta edição. A Tecon alega que sem acordo com os sindicatos portuários colocaria a movimentação em risco. Há informações não confirmadas de que a Caravel, concorrente da Tecon, faria a operação.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO - César Rocha

Amadores e fatos novos

Fernando Henrique Cardoso, Maciel, Serra e Jarbas reúnem-se hoje ainda digerindo os resultados da pesquisa que aponta empate técnico entre Garotinho e Roseana. Os dois, segundo números publicados na Veja, empataram no segundo lugar, atrás de Lula, e bem à frente de Serra - preso aos 7%. Esse é o fato novo desta que promete ser uma das mais dinâmicas eleições do País. A sucessão de fatos novos, nos últimos meses e daqui por diante, no entanto, poderá levar muitos à precipitação. No início de abril, encerra-se o prazo de desincompatibilização para quem deseja se candidatar e ocupa cargo executivo (à exceção dos que vão à reeleição). O problema é que abril estará muito longe da fase fundamental de campanha, entre julho e agosto, após as convenções e no início do guia eleitoral. Tal distância amplia de forma perigosa os riscos de erro de avaliação dos cenários possíveis para o pleito de outubro. Candidatos e líderes políticos precisarão não só de calma e sangue frio na tomada de deci sões,a partir do final de março, início de abril. Será fundamental estar bem assessorado e munido do maior número possível de instrumentos como as pesquisas (quantitativas e qualitativas). E não é por outro motivo que gente como Jarbas Vasconcelos deixará suas definições para os últimos dias antes do prazo de desincompatibilização (6 de abril). Até lá, quem quiser que faça pressão cobrando decisões. Esse não é jogo para amadores.

Serra está no Recife desde a madrugada. Fica sem agenda pela manhã, possivelmente descansando, à espera de fhc. À tarde, vai a passira sem Jarbas. se fosse, O governador daria uma inconveniente impressão de que forma chapa com o ministro

CTU I
Gente de peso no meio político de Pernambuco acompanha com preocupação as informações que chegam sobre o enriquecimento de Sérgio Gomes da Silva, o empresário e amigo do prefeito de Santo André assassinado, Celso Daniel.

CTU II
Os grandes problemas de Silva surgem das relações entre ele e o empresário Ronan Maria Pinto, que comprou a CRT, dona da parte privatizada da Companhia de Transportes Urbanos do Recife (CTU). Políticos importantes mantêm forte ligação com Pinto.

Regalia I
O programa nacional de Governo de Raul Jungmann, que será apresentado até o final do mês, é audacioso: prevê acabar com o caráter autorizativo do OGU. Quer que o projeto deixe de ser uma "peça de ficção" e determine o cumprimento de aplicações financeiras.

Regalia 2
Jungmann promete também tornar obrigatória a indicação de presidentes e diretores de órgãos públicos com base na competência: o Congresso elabora uma lista dos capacitados e o presidente faz a escolha. Essas duas medidas acabariam com o apadrinhamento político, diz ele.

Coletânia de textos sob o título O lugar da América do Sul na nova ordem internacional, de pesquisadores do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile será lançada com um debate, quinta-feira, às 9h, no Mestrado de Ciências Políticas da UFPE. Entre os autores de Pernambuco, estão Marcelo Medeiros, Marco Aurélio Guedes, Marcos Costa Lima, Michel Zaidan e Flávio Rezende.

Candidato I
A subida de Garotinho nas pesquisas só reforça os argumentos que levarão Eduardo Campos, do PSB, a disputar o Governo de Pernambuco. Ele fará palanque para seu candidato presidencial. Mas sabe de suas limitações.

Candidato II
A estratégia de Campos no Estado admite a derrota eleitoral, mas prevê a vitória política. O PSB perdeu a liderança da esquerda com a derrota para Jarbas e a vitória do PT no Recife. Agora quer reconquistá-la com estrutura no Interior, com uma intensa campanha e um forte discurso de oposição a Jarbas.

Engano
Na edição de ontem do DIARIO (página A8), acabou saindo trocada a autoria da frase "Está havendo uma direitização da agenda política". A frase é, na verdade, do professor Michel Zaidan, e não do cientista político Jorge Zaverucha. Pedimos desculpas.


Editorial

CULTURA DA PAZ

Desde o seqüestro e assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, do PT, há uma semana, a consciência civilizada dos brasileiros clama por efetivas medidas oficiais contra a violência. O crime, por suas implicações políticas conhecidas, como o fato de ser o prefeito coordenador do programa de governo do principal pré-candidato da oposição à Presidência da República, ganhou imediata repercussão no Brasil e no Mundo. E estimulou propostas inócuas como a extinção do telefone celular pré-pago, em uso hoje no País por pelo menos 16 milhões de pessoas de baixa renda. Outras sugestões, porém, ajudam o combate à violência, como revela o aumento expressivo das chamadas ao disque-denúncia, principalmente no estado de São Paulo.

Em Genebra, Suíça, a Organização das Nações Unidas anunciou que pedirá ao Governo brasileiro empenho para esclarecer os assassinatos de Celso Daniel e do prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho. Em Londres, a revista The Economist, em reportagem intitulada "Seqüestrando uma agenda política" diz em sua última edição que o assassinato de Daniel e outros incidentes recentes ressaltam "a crescente insegurança da vida cotidiana no Brasil".

Embora os crimes violentos continuem a acontecer em proporções assustadoras por todo o País, surgem algumas propostas com algum senso prático no emaranhado de medidas oficiais. Delegados de Polícia pediram ao ministro da Justiça a ampliação do prazo de prisão temporária de suspeitos de envolvimento em seqüestros e a mudança da tipificação penal do seqüestro-relâmpago. O Governo federal editou Medida Provisória que dá à Polícia Federal o poder de investigar seqüestros motivados por causas políticas, o que se espera represente avanço na área de inteligência policial. São Paulo partiu na frente, reunindo em força-tarefa conjunta as polícias Federal, Civil e Militar para conter o crescimento dos seqüestros e do crime organizado no estado.

Na Câmara dos Deputados, há 185 projetos em tramitação sobre defesa, proteção e segurança pública. Entre eles estão a proposta do PT de unificação das polícias Militar e Civil; o projeto que qualifica como hediondo o crime organizado, como seqüestro e ações terroristas; e a criação de um conselho externo para fiscalizar a ação dos policiais.
Todas são propostas válidas e devem ser discutidas e avaliadas com moderação, diante de quadro nacional de guerra civil, como mostram as estatísticas. O Brasil é recordista mundial em assassinato por arma de fogo. Oitenta e nove por cento das pessoas assassinadas no País são vítimas de arma de fogo. Na esmagadora maioria desses eventos trágicos, são usadas armas de pequeno calibre. São revólveres de mão, pistolas e, o pior: grande parte dessas armas tem origem legal.

As causas da violência, portanto, parecem estar em toda parte. Dentro e fora do aparelho policial. É hora de se promover o desarmamento. Das pessoas e dos espíritos. Em nome de definitiva cultura da paz.


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01/28/2002


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