Jovens do Mercosul querem ensino que fortaleça integração
No mesmo dia em que um acordo político abriu caminho à realização de eleições diretas para escolher os novos integrantes do Parlamento do Mercosul, mais de 100 jovens de Bolívia, Colômbia e dos quatro países do bloco - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - discutiram em Montevidéu um projeto de futuro. Depois de três dias de encontro, eles apresentaram na segunda-feira (18) a primeira Declaração do Parlamento Juvenil do Mercosul, cujo tema principal era "O Ensino Médio que queremos".
Por meio do documento, os jovens pediram a inclusão do ensino das línguas oficiais dos países integrantes do bloco, nos sistemas de ensino de cada nação. Defenderam também a integração de todos os alunos, sem importar seu nível social, etnia ou capacidade, além de transporte e merenda escolar gratuitos e obrigatórios e a garantia de uma educação pública, obrigatória, laica e gratuita.
Foram apresentadas ainda reivindicações relativas ao mercado de trabalho, como a celebração de convênios com empresas para a realização de estágios. O grupo sugeriu usar meios de comunicação para aumentar a "participação cidadã". Por meio de uma página a ser criada na internet, eles poderão apresentar propostas e questionamentos ao Parlamento Juvenil.
- Propusemos que a participação cidadã seja muito mais ativa e que tenhamos o direito de colocar nossas propostas à frente - disse a representante do grupo de 27 estudantes brasileiros, Larissa Quinelli.
Também constam do documento sugestões na área de gênero, como o estímulo ao equilíbrio de direitos entre homens e mulheres por meio da educação. Por último, reivindicou-se a inclusão dos direitos humanos e do meio ambiente como eixos transversais em todas as disciplinas do ensino médio.
"Queremos deixar claro que temos, em nossas mãos, a construção de nossos projetos de vida, mas para isso precisamos não somente de um voto de confiança, como também de condições intelectuais e materiais, desde hoje e a partir de diferentes espaços", diz o documento final apresentado pelos jovens ao presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, e aos parlamentares, durante sessão do Parlasul.
Os jovens pediram ainda a institucionalização do Parlamento Juvenil do Mercosul e a realização de sessões a cada dois anos, com um ano de preparação prévia em cada país.
Gerações
Os dois amplos salões da sede do Mercosul, em Montevidéu, foram palco de um encontro de gerações. Em um deles, onde se realizava a sessão do Parlasul, estavam os parlamentares, Mujica e os ministros de Relações Exteriores dos quatro países do bloco. Pouco antes, os ministros haviam ratificado acordo político firmado no ano passado pelo parlamento, que garantirá mais cadeiras aos países de maiores populações, permitindo, desta forma, a eleição direta dos futuros parlamentares. No outro salão, após a entrega do documento, jovens dos seis países ali representados, muitos enrolados em suas bandeiras nacionais, celebravam a aproximação com refrigerantes e salgadinhos.19/10/2010
Agência Senado
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