JUCÁ ALERTA PARA CONFLITOS ENTRE OS ÍNDIOS DE RORAIMA



O senador Romero Jucá (PSDB-RR) alertou nesta quarta-feira (dia 19), Dia do Índio, para conflitos entre as comunidades indígenas de Roraima, provocados pelo processo de demarcação de terras indígenas no estado. Jucá disse que tem enviado ofícios, desde 1998, ao presidente da República, aos ministérios da Justiça e da Reforma Agrária, e à Funai, em que propõe um conjunto de ações que poderiam ajudar na pacificação das comunidades. "A luta indígena é dura, por isso é preciso haver união entre todos eles", afirmou o senador.
Jucá apresentou resultados de uma pesquisa publicada pela imprensa que mostra uma visão positiva da sociedade brasileira em relação aos índios. Os brasileiros são favoráveis à preservação de sua cultura e à demarcação das suas terras, além de se interessar pelo futuro deles. Apesar disso, o senador lembrou que persistem os problemas na relação entre índios e brancos. Dentre eles, Jucá destacou a falta de uma política educacional para as comunidades indígenas, levando em conta, inclusive, aspectos como a manutenção do idioma.
Romero Jucá lamentou também que o Estatuto do Índio tramite há 10 anos na Câmara dos Deputados. O senador entende que é uma matéria urgente, mas lembra que é importante discutir pontos polêmicos, como a tutela governamental. Jucá defendeu ainda uma reestruturação profunda da Funai, para evitar que as relações com os índios fique restrita às organizações não governamentais. O senador também lembrou que a Constituição estabeleceu um prazo de cinco anos para que o governo demarcasse as terras indígenas, mas a questão continua sendo um ponto de conflito e de disputa.
O senador José Fogaça (PMDB-RS) assinalou que comemorar não significa celebrar, mas sim refletir em conjunto. Caso contrário, as comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil obedeceriam a uma lógica de dominação e supremacia que deve ser combatida. Em relação à visão tutelar e protetora da política indigenista, Fogaça acredita que talvez seja o momento de todos pensarem que é possível introduzir uma verdadeira democracia racial no Brasil. "Afinal, somos um povo maduro ou não?", perguntou.

19/04/2000

Agência Senado


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