JUCÁ PEDE REVISÃO NA POLÍTICA NACIONAL DE TRANSPORTES



O senador Romero Jucá (PSDB-RR) fez um apelo ao presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, para que reveja a atual política nacional de transportes, e acelere a criação da agência reguladora do setor, para que o Brasil possa contar com modais integrados de transportes que facilitem a circulação de pessoas e produtos a um custo que não onere a população e nem prejudique a competitividade da produção nacional.O senador lembrou a recente paralisação nacional dos caminhoneiros, que gerou caos no sistema de abastecimento nos centros urbanos e evidenciou as desvantagens de o país ser, hoje, refém do transporte rodoviário. "A greve serviu para colocar em debate a atual estratégia nacional do setor de transportes e para revelar o quanto o país é dependente de um único modal para a circulação das mercadorias pelo território nacional", frisou o senador.Embora reconheça os benefícios resultantes da privatização de algumas rodovias, com economia de combustível, melhoria de condições de tráfego e maior segurança, Jucá disse que é inegável a existência de distorções no cálculo de tarifas e na distribuição de postos de cobrança de pedágio, o que prejudica os usuários e dá margem a críticas e contestações. "As concessões da gestão de estradas à iniciativa privada têm sido objeto de tantas críticas que foram temporariamente suspensas pelas autoridades", arrematou. O parlamentar por Roraima lamentou que o transporte ferroviário esteja relegado a segundo plano há bastante tempo. Ele informou que o país, de 1970 para cá, praticamente triplicou a malha rodoviária asfaltada - de 52 mil para 148 mil quilômetros - enquanto, no mesmo período, a malha ferroviária foi reduzida de 31,5 mil para 29,5 mil quilômetros.O desinteresse pelo desenvolvimento do transporte hidroviário, apesar de o país ter imenso potencial de bacias hidrográficas, também foi criticado por Jucá. Segundo dados divulgados pelo senador, um comboio hidroviário de 2,2 mil toneladas pode transportar uma carga equivalente à 70 caminhões, e o consumo de combustível do barco que empurra as barcaças equivale ao de apenas três caminhões.Para o senador, o ideal seria a utilização racional e integrada dos diversos modais - rodoviário, ferroviário e hidroviário, utilizando rios, trens e estradas, com economia de custos de frete. Nos países desenvolvidos, segundo Jucá, o sistema multimodal transporta 45% pelas rodovias, 35% a 40% pelas ferrovias e 20% por meios aquaviários e hidroviários.- A melhor utilização desses modais de transporte de custo mais barato, além de contribuir substancialmente para tornar mais competitivos os produtos brasileiros, evitará que o Brasil fique tão dependente do modal rodoviáro, concluiu Jucá.

18/08/1999

Agência Senado


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