Juiz e promotor de Niquelândia serão ouvidos sobre prostituição de adolescentes
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia ouve na terça-feira (22), às 9h30, o promotor do Ministério Público (MP) Bernardo Boclin Borges e o juiz Rinaldo Aparecido Barros. Eles se notabilizaram pela prisão e denúncia de pessoas relacionadas à prostituição de adolescentes em Niquelândia, cidade de 33 mil habitantes localizada no norte de Goiás, a 300 quilômetros de Goiânia.
Em junho de 2007, Niquelândia foi abalada pelo escândalo envolvendo 23 pessoas acusadas de explorar sexualmente duas adolescentes, de 14 e de 15 anos, moradoras de Itapuranga, cidade do noroeste do estado, segundo matéria publicada no site do jornal Diário do Norte (http://www.jornaldiariodonorte.com.br/site/cidades.php?cod=144) e que serve de subsídio para os integrantes da CPI. As ações criminosas começaram a ser investigadas em 24 de abril, quando uma das adolescentes foi levada ao Conselho Tutelar, depois de abordagem da Polícia Militar.
De acordo com o jornal, 18 das 23 pessoas foram denunciadas por terem mantido algum contato sexual com as adolescentes, com ou sem pagamento. A agenciadora das garotas era a tia de uma delas, Marta Alves Vieira, dona de um bar na periferia da cidade.
Entre as autoridades locais que fizeram programas com as garotas estão um vereador (Neira Matos Ribeiro de Araújo, do PDT); o chefe de gabinete da prefeitura (José Geraldo Gavazza Pedroni); o secretário de Agricultura (Rusley Olegário Dias); e o ex-diretor da Agência Prisional (Leandro Alves da Silva).
O prefeito, Ronan Batista, seria o 24º envolvido. Ao negar as acusações, ele disse ao delegado Gerson José de Souza que uma menor o procurou "apenas para conseguir um emprego na prefeitura". Em razão do cargo, Ronan tem foro privilegiado. Só pode ser denunciado pelo procurador-geral de Justiça de Goiás, Eduardo Abdon Moura. O inquérito que investiga a participação dele corre em separado na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente em Goiânia, e está sendo conduzido pela delegada Adriana Sauthier Accorsi.
Entre os denunciados estão também empresários, comerciantes e trabalhadores, inclusive um motorista da prefeitura de Niquelândia, Anderson da Silva Rocha. Os clientes pagavam entre R$ 50 e R$ 80 para consumar as relações sexuais ou presenteavam as meninas com aparelhos celulares. O comerciante Revair Ferreira Rocha foi denunciado por fornecer cocaína e bebidas alcoólicas para uma delas, em troca dos atos sexuais.
Ainda de acordo com o Diário do Norte, a estudante Dátila Abadia Evangelista Batista Calaça, de 23 anos, foi denunciada por crime de corrupção de menores (Código Penal, artigo 218), por manter um relacionamento amoroso com a adolescente de 14 anos. Também foi denunciado Sílvio Roberto Dias, proprietário de um hotel, por ter facilitado o encontro do vereador Neira Matos com uma das adolescentes; Arlindo Bispo de Souza, proprietário de um motel onde se deu a maioria dos programas; e o radialista Gilmar Alves da Silva, que teria emprestado sua casa para viabilizar um encontro entre a adolescente de 15 anos e o prefeito.
O vereador, que esteve preso preventivamente, pagou fiança de 20 salários mínimos (R$ 7,6 mil) e agora responde ao processo em liberdade. O comerciante João Almeida, conhecido como João Galinha, de 61 anos, é o único ainda preso. Oito deles fugiram e os demais estão respondendo ao processo em liberdade.18/04/2008
Agência Senado
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