Jungmann: CPI já tem prova contra 80% dos 112 parlamentares acusados
A CPI já tem dados suficientes para confirmar a participação de cerca de 80% dos 112 parlamentares acusados de envolvimento na máfia das ambulâncias. A informação foi dada nesta segunda-feira (24) pelo vice-presidente da CPI Mista, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), em entrevista à imprensa. Ele disse que as provas incluem gravações telefônicas e cópias de depósitos bancários, entre outros comprovantes.
-As dúvidas são quanto aos que receberam em dinheiro vivo, por exemplo, por ser fato de difícil comprovação - afirmou Jungmann.
Com o objetivo de formar uma opinião sobre os casos ainda duvidosos, Jungmann afirmou que ainda hoje vai apresentar um requerimento para que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas notifique todos os demais parlamentares denunciados pelo empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin para que apresentem suas defesas por escrito. Até agora a CPI só notificou os 57 que estão sendo investigados pelo Ministério Público e pelo STF. Com base no depoimento de Vedoin, seriam, no total, 112, sendo que, desses, cinco são ex-parlamentares.
-Esses novos denunciados não estão sendo investigados. Por isso, a notificação é necessária até para que eles possam se defender em algum fórum e comecem a ser investigados. É importante que a sociedade saiba que a CPI vai até o fim - ressaltou Jungmann.
O deputado afirmou ainda que vai apresentar outros três requerimentos: o primeiro é para que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorize a quebra de sigilo de todos os novos denunciados, inclusive de parentes e assessores próximos a eles. Já o segundo solicita a convocação, para depor na CPI Mista, do petista José Airton Cirilo, que, na época em que era assessor do ex-ministro da Saúde Humberto Costa, teria, segundo Vedoin, recebido dinheiro para intermediar contatos da "máfia das ambulâncias" com governos petistas do Piauí e do Mato Grosso do Sul.
-É preciso convocar todos os que forem necessários. O próprio Humberto Costa já se colocou à disposição da CPI para qualquer esclarecimento. Depois das devidas explicações, os 112 serão implicados ou inocentados pela CPI - explicou Jungmann.
Continuidade dos trabalhos
O terceiro requerimento que será apresentado por Jungmann, em conjunto com outros membros da CPI Mista, solicita a continuidade, em 2007, dos processos contra os parlamentares cujas participações no esquema de fraudes sejam comprovadas pela CPI Mista.
- Aqueles que forem reeleitos deverão passar por um processo de cassação e os demais deverão ser julgados pela Justiça comum - acredita Jungmann.
Questionado sobre a informação de que o senador Sibá Machado (PT-MT), integrante da CPI Mista, teria levado um assessor da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) para assistir a um depoimento reservado feito a membros da CPI, em Cuiabá, Jungmann afirmou que é preciso confirmar a denúncia e tomar as providências cabíveis. O genro de Serys, identificado como Paulo Roberto, foi citado no depoimento de Luiz Antônio Vedoin, como tendo recebido uma comissão em razão de uma emenda que a senadora teria apresentado para compra de ambulâncias.
24/07/2006
Agência Senado
Artigos Relacionados
Jungmann defende notificação de 94 parlamentares apontados como suspeitos
CPI dos Sanguessugas começa a distribuir notificações aos parlamentares acusados
Jungmann diz que fraudes vão além da área de saúde e envolvem pelo menos 60 parlamentares
Acusados de vazar informações sobre FHC serão ouvidos por parlamentares
Arthur Virgílio pede nome de parlamentares acusados de fraude
Parlamentares elogiam prisão de três acusados de integrar esquema de Cachoeira