Jungmann defende notificação de 94 parlamentares apontados como suspeitos



Em entrevista concedida à imprensa nesta quinta-feira (20), o vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), defendeu a notificação imediata, pelo colegiado, de pelo menos 94 dos 105 parlamentares que teriam sido citados em depoimento pelo empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin.

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Ao depor ao longo de sete dias perante ojuiz Jefferson Schneider, da 2ª Vara Federal de Cuiabá, o empresário teria associado diversos congressistas ao esquema de compra superfaturada de ambulâncias, adquiridas por meio da apresentação de emendas ao Orçamento da União e de licitações fraudulentas que contariam com a participação de empresas da família Vedoin.

- Dos parlamentares mencionados pelo Luiz Antônio Vedoin, 40 receberam em dinheiro vivo, 10 receberam em sua conta corrente particular, cinco receberam por meio de parentes, sendo três esposas; 34 receberam em depósitos em contas correntes de assessores e outros cinco receberam um automóvel BMW, um ônibus, um automóvel Fiat ou outras formas de pagamento, totalizando 94 parlamentares - afirmou Jungmann, de acordo com levantamento preliminar feito pelo próprio deputado a partir da análise dos autos do depoimento de Trevisan.

Impunidade

Jungmann disse que ao concluir a leitura do documento sentiu um misto de "desprezo e vergonha". Segundo o deputado, todas as provas que reforçam a participação dos parlamentares no esquema de venda das ambulâncias estão documentadas.

- Isso nos aponta um sentimento de impunidade que beira à negligência. E também um sentimento de escárnio e desrespeito para com qualquer forma de controle republicano e democrático por parte de representantes populares. Chegamos a um ponto de ruptura. Um estado republicano, um governo republicano e decente não pode permitir a continuidade disso - avaliou Jungmann, ao comentar a metodologia que seria usada pelos suspeitos de apresentar emendas ao Orçamento da União para a compra superfaturada de ambulâncias.

O deputado destacou que a impunidade colabora para a prática de irregularidades no Orçamento. Ressaltou ainda que irá sugerir ao presidente da CPI Mista, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), a divulgação imediata dos nomes dos parlamentares mencionados no depoimento de Trevisan. O deputado pelo PPS de Pernambuco também conclamou os candidatos à eleição presidencial de outubro a apresentarem propostas que visem ao aperfeiçoamento do trâmite de matérias orçamentárias.

- Sem equívoco, a negligência, a banalidade, a facilidade, a envergadura, a sem-vergonhice com que isso era feito deve levar todos nós a uma posição efetiva. Não temos qualquer motivo, compromisso ou atenuante de postura que não seja o respeito restrito à lei e ao direito de defesa a todos. Infelizmente não posso dizer que isso parou de ser feito, até porque nós relacionamos apenas uma empresa a esse esquema criminoso - disse Jungmann, referindo-se às irregularidades que teriam favorecido a empresa Planam, da família Vedoin.

A Planam seria responsável pela montagem das ambulâncias que eram entregues às prefeituras municipais. Durante a entrevista, Jungmann disse que o Brasil precisaria render homenagens ao juiz Jefferson Schneider e ao procurador federal Mário Lúcio Avelar, responsável pela investigação do esquema fraudulento de aquisição de ambulâncias em Mato Grosso.



20/07/2006

Agência Senado


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