Jungmann insiste: informações sobre a investigação do dossiê estão sendo sonegadas



O vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), voltou a dizer nesta terça-feira (24) que os integrantes da CPI não estão tendo acesso a informações relevantes sobre a investigação que a Polícia Federal realiza acerca do dossiê antitucanos. Jungmann concedeu entrevista coletiva poucas horas depois de o presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), informar que tinha recebido do juiz Jéferson Schneider, responsável pelo processo contra os sanguessugas, um relatório parcial da PF e os documentos anexos.

- Nada de substantivo foi liberado - reagiu Jungmann, apresentando como provacópia do ofício enviado a Biscaia juntamente com o pacote que chegou na manhã desta terça de Cuiabá, onde o processo corre.

O ofício lista os documentos enviados: relatório apresentado pelo delegado de Polícia Federal no Inquérito Policial nº2006.36.00.013287-3 (inquérito do dossiê); autos de interrogatórios dos acusados Luiz Antônio Trevisan Vedoin, Darci José Vedoin, Ronildo Pereira Medeiros e Ivo Marcelo Spinola da Rosa; um avulso contendo documentos apresentados por Luiz Antonio Trevisan Vedoin, bem como relatórios referentes às buscas e apreensões efetivadas nas residências de Luiz Antônio e Darci Vedoin e Ivo.

Pelo que mostra o ofício, não foram enviadas as informações relativas às quebras de sigilo telefônico e bancários dos envolvidos na tentativa de compra do dossiê e fitas de vídeo com imagens dos envolvidos num hotel em São Paulo onde a compra seria concluída. Jungmann observou que mesmo o material enviado a Brasília não foi liberado para os membros da CPI, já que Biscaia decidiu imprimir e numerar todas as páginas antes para evitar o que chamou de "exploração político-eleitoral" da documentação pelos partidários da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República.

- Cheguei ao meu limite - afirmou Jungmann, depois de deixar a sala da CPI, no Senado.

O deputado lembrou que o esforço da CPI antes das eleições parlamentares foi deixar claro à sociedade quem tinha usado o orçamento para fraudar a compra de ambulâncias.

- Ora, se esse critério de ação foi que norteou a primeira fase da CPI, por coerência deveria nos servir de base agora - disse Jungmann, ao defender que todos os aspectos da negociação do dossiê por um grupo do PT possam ser examinados pela CPI.

24/10/2006

Agência Senado


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