Kátia Abreu cobra acordo para compensar proteção de florestas



Uma definição mais clara sobre o Redd, mecanismo idealizado para recompensar os países que protegem suas florestas e com isso reduzem a emissão de gases poluentes, é a grande expectativa do Brasil na cúpula que a Organização das Nações Unidas realiza em Copenhague. A opinião é da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que considera injusta a resistência dos países ricos a esse financiamento. Em entrevista à Agência Senado, ela se mostrou pouco otimista sobre acordo em torno do tema: 

Em sua opinião, o impasse é esse mecanismo de compensação?

O grande problema será os países não serem compensados por preservar suas florestas, quando os países ricos praticamente já destruíram as suas. Se o Redd [Reducing Emissions from Deforestation and Degradation] não for assegurado nessa cúpula, nós seremos os maiores prejudicados. Na verdade, a exigência é que os países ricos, por terem se desenvolvido à custa de muita emissão de gases poluentes, têm o dever de compensar os emergentes, que, ao evitarem a degradação, serão prejudicados em seu processo de desenvolvimento. 

Sua expectativa então é de que não haverá acordo?

Ao final, não se chegará a acordo nenhum. Eles não entendem que, quando deixamos de degradar o meio ambiente, deixamos de piorar o planeta. E aí, não vamos ser remunerados por isso? A nossa floresta é um estoque de oxigênio. Se a devastarmos, é um emissor de CO2. O fato preocupante é os países ricos quererem que a gente ajude a pagar a conta. Se os ricos não puderem remunerar os países que têm florestas por deixarem de poluir, esses países vão viver de que?

Reunidos para salvar o planeta, os representantes do mundo não estão conseguindo se entender?

Exatamente. Não dá para ter posições isoladas. O aquecimento não está em cima do Brasil ou da índia. Esse aquecimento é geral, não há como separar espaço. Ou a humanidade se une ou não tem outra expectativa. Em minha opinião, pelo menos pontos positivos e negativos com relação ao Redd foram identificados nesta cúpula. Há um consenso de que os ricos têm que reduzir sua poluição e compensar os países em desenvolvimento que fizerem o mesmo. Não se muda as coisas da noite para o dia. De alguma forma, o debate está avançando.

Além do Redd, que outra preocupação mobiliza o Brasil em Copenhague?

Os países que mais produzem carne bovina querem investir em pesquisa para encontrar caminhos para reduzir a emissão de metano pelos rebanhos. Descobrir algo na pesquisa para incorporar à alimentação do gado e fazê-lo emitir menos metano é o propósito. Argentina, Brasil, Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá e Austrália, que têm os maiores rebanhos, estão se articulando para criar um fundo para acelerar a pesquisa.

E quanto à idéia de reduzirem-se os rebanhos?

Não dá para reduzir rebanho, sob o risco de criar-se uma elite privilegiada que vai comer carne cara, quando muitas populações do mundo ainda nem conhecem esse alimento. Quem tem o direito de fazer isso com populações pobres, totalmente alijadas do consumo de proteína animal? Teríamos mais ganhos se reduzíssemos nossos rebanhos e aumentássemos o preço da carne. Mas, e aí, como é que fica a humanidade?



16/12/2009

Agência Senado


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