LAURO CAMPOS CRITICA SUBSÍDIOS PARA A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
O senador Lauro Campos (PT-DF) criticou hoje (dia 27) a disputa desnecessária que, a seu ver, está sendo travada entre governadores empenhados em atrair, por meio da concessão desubsídios e outras vantagens, a instalação de montadoras de automóveis estrangeiras para seus estados.
- O Brasil não precisava se esforçar tanto para agradar a indústria automobilística internacional, que está produzindo 50 milhões de carros por ano, porque ela já estava com a passagem no bolso com destino aos países periféricos - garantiu Campos.
Para respaldar sua argumentação, o senador recorreu a artigo publicado no último número da revista inglesa The Economist, no qual se assegura que as grandes corporações produtoras de automóveis, tanto dos Estados Unidos como do Japão, estão com seus próprios mercados saturados e por isso precisavam avançar em direção à América do Sul e à Ásia.
O mais grave, no entender de Lauro Campos, é que o fenômeno está se repetindo. Na década de 50, a indústria automobilística sediada nos países desenvolvidos, precisou recorrer ao mesmo processo.
Ele considerou um engano atribuir-se à política desenvolvimentista do governo JK a implantação de fábricas como a Volks, a Willys e a DKW-Vemag no Brasil. Prova disso, afirmou, é que "o México, a Argentina e a Coréia do Sul não tinham Juscelino e as indústrias automobilísticas também foram para lá na mesma época".
Campos lamentou que as opções econômicas do atual governo sejam, em alguns casos, a continuidade de um processo "altamente comprometedor" iniciado no período do arbítrio. Ele afirma que nada justifica o tratamento que vem sendo dado à indústria automobilística mundial, no momento em que se anuncia uma revisão na política de subsídios inclusive para a agricultura.
A irracionalidade dessa opção fica ainda mais patente, conforme Campos, quando se verifica que as autoridades estão precisando recorrer a tentativas como ao sistema de rodízio de circulação de automóveis. "Esta não é a primeira vez que a indústria automobilística enfrenta uma crise, mas desta vez ela tem a característica de ser global", garantiu o senador.
27/06/1997
Agência Senado
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