Lauro Campos critica incentivos de estados à indústria automobilística
Segundo ele, já em 1998, a revista The Economist noticiou, no artigo "Car Crash Ahead" (Desastre Automobilístico Adiante), que a indústria automobilística encontrava-se em crise, pois no mesmo ano em que produziu 70 milhões de carros em todo mundo, apenas 50 milhões de unidades foram vendidas.
- Só o Brasil não viu a crise da indústria automobilística e começou a incentivar as montadoras com estímulos, doação de terrenos, a fazer a guerra fiscal para saber onde as fábricas iriam se instalar. A Ford e a General Motors fecharam, há um mês, duas plantas nos Estados Unidos. Se já estivéssemos no mundo globalizado, se já fizéssemos parte da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), eles fechariam as fábricas aqui no Brasil - afirmou.
O senador, que é professor de Economia na Universidade de Brasília, discorreu sobre as diversas crises na produção de automóveis no século passado. Depois de produzir 5,5 milhões de carros, em 1929, disse Lauro, a indústria automobilística produziu apenas 700 mil unidades em 1943, passando a 7 milhões em 1957. Nesse momento, continuou, as montadoras decidiram transportar ou "transplantar" suas fábricas para países como México, Argentina, África do Sul e Brasil.
- Não foi a simpatia de Juscelino (Kubitschek) que trouxe para cá a indústria automobilística. A sociedade brasileira foi estuprada pelo transplante dessas indústrias de automóveis e semelhantes. Aquele corpo estranho que havia invadido a sociedade brasileira identificou que precisava criar seu mercado, com uma classe média com renda que pudesse comprar os bens de consumo duráveis. O luxo veio transplantado para cá para aliviar o mercado americano, que estava estrangulado - disse.
PT desfigurado
Em seu discurso, Lauro também criticou o Partido dos Trabalhadores, que, na sua visão, foi desfigurado nos últimos anos. Para ele, os núcleos que formaram o PT foram desfeitos por ação da direção do partido.
- A Petecracia está encantada com os acordos com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que representam o mesmo neoliberalismo contra o qual deveríamos reagir. Em São Paulo, pegou dinheiro da Odebrecht, dos empreiteiros, e se igualou a qualquer partido burguês. Não deveríamos misturar a ética dos trabalhadores com a ética do capital - disse Lauro, criticando especialmente o ex-governador do DF, Cristovam Buarque.
Lauro afirmou ainda que o megainvestidor George Soros é "a última aquisição do PT", pois que teria fechado em Nova York, no mês passado, parceria de US$ 7 milhões com Cristovam, com a mediação do presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
O senador destacou ainda matéria da revista Veja que aponta suspeitas sobre a construção do metrô do DF. Mesmo com a maioria de seu trecho em superfície, o metrô, segundo Lauro, tem preço de "metrô de verdade" como o de Londres.
04/09/2001
Agência Senado
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