Lauro Campos: discurso de Sarney foi de estadista
O discurso do senador José Sarney (PMDB-AP) no Plenário do Senado, na quarta-feira (20), não foi feito apenas para defender a filha dele, mas serviu como uma autêntica peça em favor das instituições nacionais, da democracia e da ética na política, disse, nesta sexta-feira (22), o senador Lauro Campos (PDT-DF). Ele classificou o pronunciamento do ex-presidente da República de discurso "de um estadista" e lamentou que a imprensa, em sua quase totalidade, e "que virou chapa-branca governista", tenha tratado a fala de Sarney com certo desprezo.
Lauro Campos observou que o discurso de Sarney serviu como uma espécie de alerta à nação para os descaminhos da democracia brasileira. Atualmente, segundo o senador pelo PDT, a corrupção campeia em todos os setores. Na área política, destacou, a ética já não existe mais e o voto foi transformado em uma mera mercadoria.
- Isso é muito grave e abre caminho para rupturas perigosas que podem comprometer a democracia brasileira e o estado de Direito - alertou Lauro Campos, para quem o ocorrido com a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, poderia acontecer com qualquer cidadão e político brasileiro, "em virtude da falta de ética do atual governo".
Lauro Campos afirmou que a sociedade brasileira também está desolada com o processo eleitoral, que classificou de viciado. E alertou que, a exemplo de anos anteriores, as eleições de outubro serão regadas com muito dinheiro, deteriorando todo o processo. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), em aparte, condenou a ausência de um mecanismo para conter os excessivos gastos nas campanhas eleitorais e voltou a defender projeto de lei que dispõe sobre o financiamento público das campanhas.
Em outro trecho de seu discurso, Lauro Campos afirmou que a nação está perplexa também com os desmandos do governo Fernando Henrique nas áreas social e econômica. Conforme frisou, a pobreza e o desemprego crescem a cada dia e os juros alcançam patamares insuportáveis.
22/03/2002
Agência Senado
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