Lauro Campos rebate Malan e nega que seu discurso seja "de palanque"



Ao rebater o ministro da Fazenda, Pedro Malan, que em reunião na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) disse que os parlamentares da oposição costumavam usar uma linguagem -de palanque-, o senador Lauro Campos (PDT-DF) explicou que quando se pronuncia da tribuna da Casa procura usar palavras que sejam compreendidas pela maioria da população. Ele acrescentou que, se não utiliza a linguagem acadêmica não o faz por desconhecimento, mas por ser inadequada aos seus ouvintes.

- Não uso esta linguagem porque ela não é adequada para os meus fins, para o esclarecimento dos meus eleitores, não é adequada ao meio parlamentar. Ele (Pedro Malan) que fique com a linguagem dele. Ele que fale essa linguagem em inglês com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e com aqueles que dão as ordens a este país. Eu não preciso falar em inglês e não preciso usar essa linguagem. Não a uso porque não quero - afirmou Lauro Campos.

O senador pelo Distrito Federal também criticou que quando o Plano Real foi criado, seus idealizadores fizeram um diagnóstico estranho: afirmaram que na América Latina e no Brasil havia excesso de consumo e uma demanda elevada. Para reduzir a demanda, prosseguiu Lauro Campos, os empregos foram reduzidos, os vencimentos achatados e a inflação reduzida, mas sem reposição salarial.

Houve também uma elevação na taxa de juros, segundo o senador, que passou de 26% para 34% no governo Fernando Henrique Cardoso. O desemprego, em São Paulo, registrado junto à população economicamente ativa, alcançou 19%. Lauro Campos disse que o diagnóstico feito não tem apoio histórico. Os principais economistas defendem que o capitalismo cria uma insuficiência de demanda, tese exatamente contrária à utilizada pelos idealizadores do Plano Real.

- Ficamos hipnotizados por esse diagnóstico absurdo e invertido que nos foi aplicado pelo governo, no primeiro e no segundo império de Sua Majestade o presidente da República, senhor Fernando Henrique Cardoso. Inverteram o mundo e, apesar da nossa fome e da nossa incapacidade de consumo, alegaram que estamos consumindo demais - comentou Lauro Campos.



01/07/2002

Agência Senado


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