LAURO CAMPOS LAMENTA IMPUNIDADE NO "MASSACRE" DE CARAJÁS



Ao lamentar que, dois anos depois do "massacre" de Eldorado dos Carajás, seus responsáveis continuem impunes, o senador Lauro Campos (PT-DF) disse hoje (dia 20) que o episódio representa um retrato fiel da sociedade brasileira. "A desigualdade social no país não se esgota na exploração do trabalhador, é preciso exterminar e demonstrar que a morte pode ser o fim dos que levantam a voz para contestar a condição a que estão submetidos", afirmou.

Para Lauro Campos, o ocorrido em Carajás - quando 19 trabalhadores foram assassinados e 51 ficaram feridos -, "agrupa as principais características de nossa sociedade: desigualdade, exclusão, exploração, impunidade e um Estado a serviço das classes dominantes. Mas, de outro lado, esse fato social desvenda uma outra face do país, a face daqueles que resistem, com o custo da própria vida a essa estrutura social desumana".

O senador estranha que, num país de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, haja tanta dificuldade para se levar adiante uma reforma agrária. "Parece que o Brasil é um país de terras escassas ou muito densamente povoado. No entanto, terra não falta: além das devolutas, há terras abandonadas e até terras do Exército que podem ser usadas para fins de reforma agrária", observou.

- Nos Estados Unidos de hoje, somente 2,7% da população trabalham no campo. Pode acontecer com a reforma agrária no Brasil o que houve com a Lei do Divórcio: quando ela chegar, pode ser que a população brasileira interessada no campo seja de apenas 2,7%, o que tornará inútil a reforma, como foi inútil a Lei do Divórcio. As pessoas, cansadas de esperar por uma solução jurídica formal, resolveram na prática seus conflitos e sua vontade de encontrar a felicidade em outra união conjugal ".

Lauro Campos afirmou que há muito ele se preocupa com a propriedade da terra. "Para mim, a verdadeira escritura de uma terra é aquela lavrada pelo trabalho humano. No Brasil, porém, pessoas que nunca trabalharam na terra constituiram, por meio de grilagem e de artifícios cartoriais, propriedades fictícias, que não apenas desrespeitam os trabalhadores, mas também impedem que o trabalho humano seja executado no processo de transformação do mundo e do homem'', concluiu.



20/04/1998

Agência Senado


Artigos Relacionados


José Nery critica impunidade no massacre de Eldorado de Carajás

Ana Júlia Carepa lembra o massacre de Carajás

Lauro Campos lamenta falta de liderança nos Estados Unidos

LAURO CAMPOS LAMENTA POLÍTICA CAMBIAL DE GUSTAVO FRANCO

Suplicy lembra os 17 anos do massacre de Eldorado dos Carajás

Ademir destaca cinco anos do massacre de Eldorado do Carajás