LAURO CAMPOS REJEITA ACUSAÇÃO DE QUE OPOSIÇÕES AJUDARAM A ABALAR O REAL
O senador Lauro Campos (PT-DF) rejeitou hoje (dia 3) qualquer responsabilidade das oposições sobre o tremor "de 4 graus na escala Richter que atingiu as bolsas de valores de Hong Kong a Nova York, abalando até mesmo o inexpugnável Brasil".
Conforme disse, o governo brasileiro, "dado a uma amnésia esperta e contumaz", agora lembrou-se das oposições para afirmar que o real foi atingido pela crise porque as reformas não foram feitas com a urgência necessária. "A oposição não existe", assinalou o senador, reportando-se a entrevista de Fernando Henrique Cardoso à revista Veja.
Para Lauro Campos, o problema do país não é o chamado "Custo Brasil", mas o que ele denominou de "Custo FHC": a política econômica e o fato de o presidente "só pensar naquilo, a reeleição". No rol de custos impostos ao país, o senador listou os US$ 8 bilhões perdidos na crise das bolsas; o Proer; o aumento de R$ 28,5 bilhões na dívida pública; 67% de inflação acumulada sem reposição salarial; a destruição de setores produtivos inteiros em decorrência da abertura para as importações; a perda de mercados externos; e as altas taxas de juros.
- O desemprego, a inadimplência, as falências e as concordatas aumentarão - afirmou.
Lauro Campos disse que, num mundo globalizado, "não se pode perder de vista os Estados Unidos", e o Brasil, como "economia submetida, precisa ficar de olho nas transformações que lá ocorrem, atingindo o mundo todo".
Entre essas mudanças, o senador registrou que, nos últimos cinco anos, os EUA mantiveram déficits comerciais superiores a US$ 300 milhões, reduzidos em 1997 para "minguados" US$ 27 milhões. Ao invés de grande importador, os EUA aumentou suas exportações, "ocasionando a necessidade de o Brasil, entre outros, aumentar seu déficit comercial", disse.
Referindo-se à perplexidade manifestada pelo presidente do Banco Central, Gustavo Franco, em relação à queda das bolsas, segundo este inexplicável por qualquer teoria econômica, Lauro Campos aconselhou-o a "jogar fora as teorias do equilíbrio aprendidas nas universidades americanas, por não explicarem os desequilíbrios sempre presentes na história do capitalismo".
Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) salientou que, em prol da reeleição, o governo abandonou a reforma tributária e, com ela, o controle sobre o déficit fiscal. Segundo o senador, quando o governo se esforça pela aprovação de alguma matéria, ela é aprovada, como aconteceu com a emenda da reeleição. No caso do sistema tributário, ele optou pelas prorrogações do FEF e da CPMF, disse.
03/11/1997
Agência Senado
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