LAURO CAMPOS DIZ QUE REAL II, POR MOTIVOS ELEITORAIS, É O AVESSO DO REAL I
O senador Lauro Campos (PT-DF) disse hoje (dia 14) que o Plano Real, a seu ver "urdido" para levar Fernando Henrique Cardoso à presidência, não é suficiente para garantir sua reeleição, daí o lançamento da segunda fase do plano, em que a primeira está sendo virada pelo avesso.
Ele fez a observação a propósito de longa entrevista concedida pelo presidente ao jornal Gazeta Mercantil, publicada em 19 de junho, em que Fernando Henrique, segundo o senador, "redescobre a neo-roda".
Segundo o senador, o presidente reconheceu que o Real I abriu exageradamente a economia brasileira, mas atribuiu a abertura ao presidente anterior, Fernando Collor. Esqueceu-se, na opinião de Lauro Campos, de dizer que seu governo, durante três longos anos, ratificou o erro anterior, aprofundando-o "com a taxa de câmbio sobrevalorizada e a redução das alíquotas de importação".
Em resposta a pergunta do jornal sobre se um novo fechamento não representaria um protecionismo incompatível com a globalização, o presidente da República afirmou que Estados Unidos, França e Alemanha "fazem isso" para "garantir as variáveis essenciais ao crescimento econômico", citou o senador. Além disso, destacou, Fernando Henrique finalmente confessou que "a versão inicial de Gustavo Franco era abrir totalmente a economia e salve-se quem puder".
- Como a abertura destruidora, incompatível com o crescimento econômico, era essencial para eleger o presidente, acrescentando à oferta interna as mercadorias importadas a preços subsidiados, achatando a inflação e aumentando a dívida externa, ela foi incorporada ao Real I em nome da modernidade globalizante agora descartada - afirmou o senador.
Lauro Campos reiterou que, com vistas à reeleição, o Real II agora busca "reestruturar" aqueles setores econômicos "para cujas falências o governo não tinha olhado". Por outro lado, conforme o senador, na entrevista o próprio presidente afirmou temer o imprevisível e temível, "um desarranjo no sistema financeiro internacional".
Para o senador, o Real II "nasce pisando em ovos" porque o Real I abriu a economia brasileira a ponto de torná-la vulnerável às reservas de dólares voláteis, aos humores das bolsas de valores mundiais e às oscilações dos juros externos.14/07/1997
Agência Senado
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