Líderes da base governista decidem não indicar integrantes para barrar a CPI dos bingos
Por meio de nota oficial, quatro dos líderes da base de apoio ao governo comunicaram a decisão de não indicar os seus representantes na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) proposta pelo senador Magno Malta (PL-ES) para investigar os negócios de bingos e suas conexões com a lavagem de dinheiro do narcotráfico. Único a não assinar o documento, Magno Malta, que é líder do PL, recusa o argumento de que a medida provisória que proibiu o funcionamento dos bingos e a investigação do caso Waldomiro Diniz pela Polícia Federal são suficientes para tranqüilizar a nação quanto à ausência de ligação entre membros do governo e contraventores.
A decisão de não indicar representantes partidários se estende a qualquer outra comissão que venha a ser proposta para investigar os bingos e as atividades do ex-assessor parlamentar da Presidência da República Waldomiro Diniz, que teria pedido a um bicheiro recursos para a campanha de candidatos do PT e do PSB. O requerimento da CPI para os bingos em geral foi protocolado nesta quinta por Magno Malta, mas uma CPI para investigar especificamente o caso Waldomiro, proposta pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), está em fase de coleta de assinaturas.
"Os líderes decidiram não indicar os integrantes de quaisquer comissões parlamentares de inquérito que tenham como objeto os casos aqui mencionados, a não ser que haja obstáculos às investigações conduzidas e que levarão à punição exemplar dos envolvidos", diz a nota em seu segundo parágrafo.
Os líderes iniciam o documento enumerando as medidas que estão sendo tomadas para apurar o flagrante de corrupção: investigação a cargo da Polícia Federal, das "polícias nos estados", do Ministério Público e do próprio governo federal. Uma eventual apuração no âmbito do Senado Federal foi classificada de "política" pelos signatários: senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e Fernando Bezerra (PTB-RN).
- Esta casa deve voltar ao trabalho - disse Ideli em entrevista concedida logo depois de distribuir a nota, que fala também do compromisso dos líderes aliados com a "manutenção da governabilidade" e com uma "agenda política que impulsione o crescimento econômico e a geração de empregos no Brasil".
Indagada pelos jornalistas se não seria perigoso para a democracia a não indicação dos integrantes, a senadora respondeu:
Temeridade é transformar o Plenário do Senado em palanque eleitoral. Não estamos aqui para substituir a polícia.
Pela oposição, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), afirmou que há um clamor público em favor da CPI, e que se os líderes governistas não indicarem seus representantes para integrar a comissão, o presidente do Senado, José Sarney, "certamente o fará". José Sarney deve ler em Plenário, na manhã desta sexta-feira (5), o requerimento apresentado por Magno Malta.
04/03/2004
Agência Senado
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