Livro sobre governo Sarney é lançado no Senado



Numa solenidade concorrida, realizada no Salão Negro do Congresso Nacional, foi lançado na noite desta quarta-feira (dia 29) o livro Sarney - O Outro Lado da História , que reúne depoimentos de ministros e colaboradores do então presidente José Sarney sobre fatos ocorridos no governo que geriu a transição do regime militar para a democracia. O agora senador pelo Amapá, José Sarney (PMDB) exerceu o cargo de presidente da República de 1985 a 1990.

O ministro do TST, Almir Pazzianotto foi ministro do Trabalho por dois anos e meio no governo Sarney. Ele disse que a área trabalhista foi muito importante por causa da política de não intervenção determinada por Sarney.

- O governo Sarney optou pela solução dos conflitos através da negociação entre patrões, governo e trabalhadores. Também foi o governo que mais reconheceu entidades sindicais, além de ser o criador do Plano Cruzado, do gatilho salarial e do primeiro seguro desemprego - lembrou Pazzianotto.

O ex-chefe da Casa Militar, general Rubem Bayma Denis, disse que pôde admirar, nos cinco anos em que esteve no governo, a visão estratégica de Sarney. O presidente do STF, Marco Aurélio de Melo, afirmou que o livro perpetua a história que é "muito importante para os homens públicos federais porque revela a experiência".

O senador Bernardo Cabral (PFL-AM), que à época era relator da Assembléia Nacional Constituinte na Câmara dos Deputados, disse que o livro é "uma homenagem justa a quem soube fazer a transição entre a excepcionalidade institucional e o reordenamento constitucional". O senador Pedro Simon (PMDB-RS), que foi ministro da Agricultura, disse que o livro traz uma importante análise feita no tempo, "muito profunda e muito responsável".

O autor do livro, o jornalista Oliveira Bastos, explicou que foi motivado a escrever a obra pela "burrice do jornalismo político nos últimos 20 anos". Bastos acredita que o jornalismo brasileiro estendeu o ódio que alimentava pela ditadura militar ao governo Sarney. "Eles pensavam que Sarney era representante do governo militar e não perceberam a importância da transição feita por ele. Esse livro tenta resgatar isso", acrescentou.

O ex-presidente da República e senador José Sarney disse que só pode louvar o trabalho feito por Oliveira Bastos. Segundo ele, o livro traz um levantamento de fatos que já podem ser analisados de outra maneira. Sarney destacou o papel da imprensa durante o seu governo. "Até as injustiças são corrigidas ao longo do tempo", observou. O senador anunciou que já está escrevendo suas memórias e concluiu citando o poeta português Miguel Torga: "Do que fiz e do que não fiz, não cuido agora. As Índias todas falarão por mim".

29/08/2001

Agência Senado


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