LOBÃO CONSIDERA "UMA INFÂMIA" AS ACUSAÇÕES DE LULA A FHC



Em nome da liderança do PFL, o senador Edison Lobão (MA) apoiou hoje (dia 12) a decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de processar o candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Em declaração à imprensa, Lula teria afirmado que se o governo quer privatizar o Sistema Telebrás por R$ 13 bilhões, quando este já havia sido avaliado em até R$ 40 bilhões, "possivelmente é para fazer caixa dois da campanha" de Fernando Henrique.

- É uma infâmia dizer-se que o governo quer vender o grupo Telebrás por um preço vil, com o objetivo de beneficiar a campanha para a reeleição - protestou o senador.

Lobão ressalvou que tem "uma verdadeira admiração pelo homem Lula", o que, entretanto, não o autoriza a anistiar os exageros cometidos pelo candidato das oposições à Presidência:

- Amanhã não se venha dizer que o presidente ganhou a eleição não nas urnas, mas através do Judiciário.

O líder pefelista classificou as declarações de Lula de graves e lembrou que "jamais se viu Fernando Henrique atacar seu adversário com acusações desse jaez".

Lobão também rebateu as críticas feitas pelo senador Lauro Campos (PT-DF), que o antecedeu na tribuna, às opções econômicas do atual governo. Em aparte, o líder do Bloco Oposição, Eduardo Suplicy (PT-SP), reforçou as críticas de Lauro Campos, principalmente as relativas à política de privatizações. Ele fez um apelo a Edison Lobão para que levasse a Fernando Henrique a proposta de Lula de criação de uma comissão arbitral com a incumbência de levantar o valor do grupo Telebrás.

De acordo com a proposta defendida por Lula e por Suplicy, a comissão arbitral seria formada por um membro indicado pelo governo e outro pela oposição, que escolheriam, de comum acordo, uma empresa de auditoria para ajudá-los na avaliação de preço do Sistema Telebrás, antes de privatizá-lo.

Eduardo Suplicy também condenou a prática que, segundo ele, é adotada pelas autoridades econômicas de colocar recursos do BNDES à disposição dos grandes grupos econômicos, brasileiros ou multinacionais, para o financiamento da compra das estatais. "Primeiro, porque boa parte desses recursos é originária do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e depois porque são créditos a longo prazo, com juros especiais", protestou o líder.

Lobão admitiu que a proposta da oposição "não é desarrazoada". Mas ponderou: "Se a comissão arbitral fixar o preço da Telebrás em R$ 40 bilhões e na hora do leilão os compradores não derem mais do que R$ 13 ou 15 bilhões, como é que a gente faz?" Ele lembrou que o assunto já vem sendo tratado dentro do governo desde o início de 1997. Por sua vez, Suplicy lembrou que, recentemente, o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, declarou em Nova York que a data do leilão da Telebrás "já está escolhida e não será alterada". Para o senador, "isso constitui motivo de apreensão para qualquer brasileiro preocupado com a soberania de seu país".



12/06/1998

Agência Senado


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