LOBÃO EXIGE PROVIDÊNCIAS CONTRA ONDA DE VIOLÊNCIA



Ao citar números do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostrando que a violência no Brasil custa 10,5% do PIB, ou seja, 84 bilhões de dólares por ano, o senador Edison Lobão (PFL-MA) conclamou hoje (dia 15) os governos federal, estaduais e municipais a tomarem medidas, mesmo em caráter emergencial, para combater a pobreza e a desigualdade social, a seu ver as principais causas estruturais da violência.

- Além desses fatores, a violência no Brasil está umbilicalmente vinculada à impunidade e ao caos da nossa organização carcerária. Rouba-se e mata-se sob a perspectiva da impunidade. Bandos de criminosos enfrentam a polícia com a vantagem das armas contrabandeadas. Milhares de mandados de prisão dormem em gavetas entupidas por não poderem ser cumpridos - observou.

Para Lobão, também no campo a violência e a devastação são estimuladas pela impunidade. Conforme o senador, o próprio Eduardo Martins, presidente do Ibama, afirma que grande parte da devastação que ocorre hoje é de responsabilidade dos sem-terra. "Os ecologistas não gostam de dizer isso, porque não é politicamente correto. No passado, era muito mais fácil bater nos grandes fazendeiros e nos madeireiros", disse Lobão, citando Martins.

O senador lembrou que o levantamento feito pelo BID mostra ser a violência a principal barreira ao desenvolvimento econômico da América Latina como um todo, custando 168 bilhões de dólares por ano. "Em termos proporcionais, a violência na região é cinco vezes mais alta do que a do resto do mundo. Não será por acaso representar a América Latina a região de maior desigualdade social. Os estudos mostram ser a brecha educativa, também, um fator preponderante nesse quadro de pobreza e violência", enfatizou .

Edison Lobão voltou a exigir providências das autoridades e citou o filósofo italiano Norberto Bobbio: "Direito e poder são duas faces da mesma moeda. Uma sociedade bem organizada precisa das duas. Nos lugares onde o direito é impotente, a sociedade corre o risco de precipitar-se na anarquia; onde o poder não é controlado, corre-se o risco oposto, o do despotismo".



15/05/1998

Agência Senado


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