Lobão pede redução da carga tributária



O senador Edison Lobão (PFL-MA) criticou a sobrecarga tributária que pesa sobre os brasileiros e apontou o país como um recordista mundial na cobrança de impostos, observando que o governo administra maus os recursos públicos e também não é bom arrecadador. Lobão citou um estudo da Fundação Getúlio Vargas, publicado pelo Correio Braziliense, segundo o qual 85% das microempresas brasileiras com até cinco funcionários não pagam qualquer tipo de imposto - e se pagassem, cumprindo a lei e obedecendo à burocracia, teriam que fechar as portas.

- Não estou defendendo nenhuma atitude de desobediência civil. Ao contrário, meu desejo é de que todos os brasileiros economicamente ativos partilhem, em seu próprio benefício, dos custos que mantenham em bom funcionamento nossas instituições - acrescentou. O senador conclamou o governo a uma ação enérgica, coordenada com o Legislativo, para combater o excesso de tributos.

Lobão lembrou o exemplo de várias nações que, aliviando a carga tributária, principalmente sobre as pequenas empresas, alavancaram de forma decisiva o crescimento econômico. Para dar suporte ao seu ponto de vista, o senador fez um histórico dos excessos tributários cometidos para fazer frente aos excessos dos Estados desde a Idade Média e o feudalismo europeu.

Na Idade Média européia, lembrou Lobão, a sociedade feudal possuía no topo da pirâmide o rei ou o imperador e o papa. Logo abaixo, os ocupantes das antigas circunscrições administrativas, os duques, condes ou viscondes. Abaixo, os barões, ou "senhores castelões". Descendo na escala, vinham os outros nobres, cavaleiros e o clero, também isentos do pagamento de taxas. Na base da pirâmide, estavam as classes inferiores, os camponeses livres e os servos, sobre os quais recaíam todos os impostos.

O senador citou ainda a Inconfidência Mineira, desdobramento final do arrocho tributário a que a Coroa Portuguesa submetia sua principal colônia, o Brasil. Primeiro, as casas de fundição em Vila Rica (hoje Ouro Preto), por volta de 1720. As fundições garantiam a cobrança da quinta parte da produção brasileira de ouro, o que gerou a primeira revolta, informou. Em seguida, em 1762, veio a "derrama", a cobrança de cem arroubas de ouro (três toneladas) por ano, independente do volume da produção, que era decrescente. Os impostos atrasaram por 12 anos, o que levou Portugal a enviar um novo governador, o visconde de Barbacena, com ordem de cobrar todos os atrasados, o que resultaria na falência dos mineiros e da capitania, e que levou à chamada Inconfidência, lembrou Lobão.



05/03/2004

Agência Senado


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