Loteamento de cargos na Infraero gerou apagão aéreo, diz representante dos passageiros



Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, nesta quarta-feira (30), o presidente da Associação dos Passageiros do Transporte Aéreo, Cláudio Candiota Filho, considerou como um dos principais fatores que levaram à crise da aviação civil no país a substituição de técnicos da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) e do extinto Departamento de Aviação Civil (DAC) por políticos sem experiência na área.

Cláudio Candiota lembrou que somente na mudança da cúpula do DAC para a Agência Nacional de Aviação Civil, ocorrida em 2006, cinco profissionais do DAC, cada umcom mais de 40 anos de experiência em aviação, segurança de vôo, transporte aéreo, controle de trafego e outras áreas afins, foram trocados por militantes partidários sem conhecimento técnico do setor.

- Somente na mudança da cúpula do DAC para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), trocou-se 200 anos de experiência por zero - disse.

Hierarquia

Cláudio Candiota Filho criticou o organograma atual do sistema de aviação civil pela quebra de hierarquia e de relações de subordinação entre os órgãos componentes. Em sua avaliação, o Ministério da Defesa - que deveria desempenhar a função de instância maior - não tem qualquer importância no processo de tomada de decisões.

- No [extinto] DAC todos os departamentos se subordinavam a um diretor. A Lei da Anac criou o sistema de gerenciamento por decisão em colegiado, que não existe em aviação nenhuma. Em aviação tem que haver quem manda e quem obedece - afirmou.

Cláudio Candiota Filho alertou ainda para a possibilidade de o Brasil ser rebaixado do Grupo 1 do Conselho Executivo da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) em função do caos no sistema aéreo nacional.

Segundo ele, caso o país perca a capacidade de influenciar no processo decisório e na formulação de políticas para o setor,poderá ficar a reboque dos interesses dos países desenvolvidos. Além disso, destacou, as companhias aéreas brasileiras poderiam mesmo ser impedidas de voar para destinos como Estados Unidos e Europa e a Embraer também poderia enfrentar problemas para conseguir licenças e homologações para as aeronaves que produz.



30/05/2007

Agência Senado


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