LÚCIO ALCÂNTARA DEFENDE QUARENTENA PARA O NOVO PRESIDENTE DO BC



Se depender do senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), Armínio Fraga poderá ser o primeiro presidente do Banco Central a ser submetido a um período de quarentena, depois que deixar a função. De acordo com o senador, um dos aspectos positivos das crises é que elas aceleram as decisões. Alcântara entende que a matéria deve ser apreciada agora, quando Fraga será sabatinado pelo Senado, após o início da nova legislatura no próximo dia 22. - Existem vários projetos tramitando no Congresso, propondo uma quarentena, que eu defendo seja de quatro anos, para quem deixar a presidência do Banco Central. Na minha opinião, a votação dessa matéria, inclusive, facilitaria a aprovação do nome de Armínio Fraga, esclarece Lúcio Alcântara. Já o senador José Eduardo Dutra (PT-SE), mesmo sendo favorável à instituição de um período durante o qual o ex-presidente do BC ficaria impedido de prestar serviço a empresas que não pertencerem ao governo, faz uma ressalva:- Não venham com quarentena para apaziguar a nossa ira!Dutra disse que não pode concordar com a indicação de alguém que até ontem trabalhava para um dos "maiores especuladores dos mercados financeiros do mundo", para gerir as contas públicas no Brasil. - Dentro dessa linha de raciocínio que o governo adotou, o mais adequado seria "Escadinha" assumir a Diretoria Geral da Polícia Federal e "Chapéu de Couro", o Ministério da Justiça - ironizou o senador.Ele protestou contra a falta de critérios "que caracteriza as relações entre o público e o privado no Brasil", ao lembrar que antes de se tornar colaborador do megainvestidor George Soros, o economista Armínio Fraga ocupou a diretoria de Assuntos Internacional do BC. Para evitar "este entra e sai", Dutra é a favor, inclusive, de que o escolhido para presidir o Banco Central seja alguém que tenha ficado "fora de qualquer empresa privada por algum tempo", no período imediatamente anterior ao da sua indicação. Ele admitiu que, no momento, dificilmente haveria nomes disponíveis se observada essa exigência. No entanto, em países como os Estados Unidos, Alemanha e França, a tradição, segundo Dutra, é o próprio Estado formar quadros para ocupar funções importantes dentro da burocracia estatal.- Infelizmente, a lógica adotada pelas autoridades brasileiras é a de destruir o serviço público e achar que só existem nomes competentes no mercado - afirmou.

03/02/1999

Agência Senado


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