LÚCIO ALCÂNTARA HOMENAGEIA DIA DO FOLCLORE
A passagem do Dia do Folclore, em 22 de agosto, foi saudada pelo senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE). Para o senador, a data deve ser festejada tanto para rememorar "a legitimidade de todas as manifestações culturais locais de que se compõe o grande mosaico da identidade nacional" como para render homenagem "a todos aqueles intelectuais e acadêmicos que fizeram, e ainda fazem, do folclore e da cultura objeto de viva paixão pelas coisas brasileiras".Em seu discurso, o parlamentar destacou dois folcloristas, Luís da Câmara Cascudo e seu predecessor, Sílvio Romero. Ele citou a Antologia do Folclore Brasileiro, em sua opinião uma das obras mais preciosas de Câmara Cascudo, publicada em 1943, que traz um inventário das manifestações folclóricas brasileiras desde o século XVI até meados do século XX.O livro, explicou Lúcio Alcântara, destaca as contribuições de pessoas como Frei Gaspar de Carvajal, Hans Stadens, Frei Jaboatão, André Thevet, Jean de Léry, Fernão Cardim, Nina Rodrigues, Mário de Andrade e até um certo Antonil, nascido na Itália em 1650. Câmara Cascudo destaca ainda Couto de Magalhães, que ressaltou, ainda no século XIX, o aspecto educacional no uso de lendas, modinhas, parábolas e fábulas.Lúcio Alcântara assinalou a homenagem prestada pelo autor a outro folclorista, Sílvio Romero. Para Cascudo, ele foi o precursor dos estudos sistêmicos sobre o folclore brasileiro. É de Romero a busca e identificação dos primeiros cantos indígenas e africanos assimilados pelas populações mestiças.Foi Romero quem colheu, no Ceará, a crença de que um pouco de sal aos pés de uma imagem de Santa Luzia indicaria a vinda de chuvas, caso amanhecesse umedecido no dia seguinte. Também no Ceará, coletou a devoção ritualística da "lamentação das almas", quando os penitentes, matracas em punho, saem a cantar. O livro também atribui a Romero relatos sobre a lenda do carneirinho de ouro, de Sergipe; sobre adivinhações pitorescas na Bahia; sobre o "cavalo marinho", em Pernambuco; e o "Imperador da Festa do Espírito Santo", no Rio de Janeiro.Ao encerrar seu discurso, o senador citou a definição de folclore de Câmara Cascudo em um dos prefácios da Antologia: "Não consiste o Folclore na obediência ao pinturesco, ao sertanejismo anedótico, ao amadorismo do caricatural e do cômico, numa caçada monótona ao pseudo-típico, industrializando o popular. É uma ciência da psicologia coletiva, com seus processos de pesquisa, seus métodos de classificação, sua finalidade em psiquiatria, educação, história, sociologia, antropologia, administração, política e religião".
30/08/1999
Agência Senado
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