LÚDIO PEDE AOS PODERES QUE EVITEM MORTES NO CAMPO
O senador Lúdio Coelho (PSDB-MS) apelou hoje (dia 22), em plenário, aos presidentes da República, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional para que "assumam sua responsabilidade e não permitam que brasileiros comecem a matar-se com aviso prévio". Ele referia-se às ameaças trocadas entre representantes do MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) e da UDR (União Democrática Ruralista) em torno da reforma agrária.
Em sua opinião, essas ameaças podem degenerar num conflito nacional, sobretudo por falta de informação dos envolvidos e por negligência dos poderes da União. O senador disse que a estrutura agrária do país, que garante alimento barato atualmente, corre o risco de ser destruída. Ele lamentou que trabalhadores sem terra considerem possível viabilizar uma produção agrícola na base de instrumentos toscos, quando muitos equipamentos de cultivo já são hoje movidos via informática.
- Como pensar em reforma agrária trabalhando com foice e enxada? As gerações futuras sequer conhecerão a foice. E esse pessoal não sabe sequer pôr cabo numa enxada - argumentou.
Lúdio Coelho reconheceu os esforços do presidente Fernando Henrique Cardoso para sanar a questão fundiária no Brasil, mas observou que os ânimos só tem se acirrado com o passar do tempo. Para ele, é fundamental que a nação brasileira, mediante seus poderes constituídos, defina o que deseja a esse respeito. "A reforma agrária que se pretende não tem nada a ver com produção agrícola", disse ainda o senador, reportando-se ao discurso dos sem-terra.
Na opinião do senador, "os poderes da República não têm o direito de se omitir, e não é possível que os presidentes desses poderes aceitem uma luta entre irmãos da UDR e do MST". Ele considerou de extrema gravidade que essa luta seja previamente anunciada, e lastimou que muitos se esqueçam que, no passado, a agricultura foi responsável por valiosas divisas econômicas para o Brasil. Conforme Lúdio Coelho, foi da agricultura que vieram os recursos para a industrialização.
Outra questão apresentada pelo senador se relaciona ao fato de se saber se o Brasil deseja para o campo uma justiça diferente da aplicada na cidade. Em sua opinião, assim como a sociedade não aceita a invasão de imóveis urbanos, não pode considerar a ocupação de propriedades rurais uma solução para a reforma agrária. Ele disse que, no Pontal do Paranapanema, há propriedades cultivadas há séculos e agora ameaçadas de invasão por quem nunca plantou na região. Em aparte, o senador Edison Lobão (PFL-MA) disse que há o risco de o Brasil desorganizar sua produção agrícola com esses movimentos de sedição.
22/08/1997
Agência Senado
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