Paulo Octávio considera preocupante contato entre ex-assessor de Serys e Darci Vedoin



O senador Paulo Octávio (PFL-DF), relator do processo contra a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, disse nesta quarta-feira (20) considerar preocupante a relação mantida entre o funcionário do Senado e ex-assessor de Serys João Policena Rosa Neto e Darci Vedoin, sócio proprietário da Planam, a empresa líder da "máfia das ambulâncias". Segundo o senador, em depoimento nesta quarta no conselho, a ex-secretária da Planam Maria Estela da Silva disse que Policena ligava para o celular pessoal de Darci.

Policena disse em seu depoimento que era ele o responsável pela formulação do texto das emendas orçamentárias assinadas pela parlamentar. O servidor admitiu conhecer pessoalmente os Vedoin, mas negou que os empresários tenham feito cobranças a ele em relação à execução das emendas da parlamentar. No entanto, reconheceu ter encontrado Luiz Antonio Vedoin, filho de Darci, entre o final de 2005 e o início de 2006 nos corredores do Congresso, e que conversou sobre a não-execução das tais emendas. O servidor considerou o diálogo "um comentário do empresário" e não "uma cobrança", como havia classificado o relator do processo, senador Paulo Octávio (PFL-DF), ao perguntá-lo sobre o encontro. Policena também disse que já foi à Planam a convite de Darci, de quem é amigo desde 1996.

Policena lembrou que, de acordo com dispositivo constitucional, 30% das emendas orçamentárias deveriam ser obrigatoriamente alocadas para a área da saúde e que as elaborava de uma maneira genérica para uso na "reestruturação de unidades de saúde", para poder abranger outras melhorias para o posto de saúde, além da compra de ambulâncias. Ele informou que a senadora lia e analisava a documentação de todas as emendas antes de assiná-las, que sempre buscava atender às demandas de todos municípios do estado, sem destacar nenhuma localidade em especial.

Policena afirmou ainda conhecer Paulo Roberto, genro da senadora, a quem os Vedoin acusam de receber R$ 35 mil em dinheiro, a título de propina pela apresentação de emendas. O ex-assessor, exonerado do gabinete de Serys depois de ter seu nome envolvido no escândalo, disse não se recordar da presença dos empresários Vedoin na sala da parlamentar. Policena trabalhou para outros senadores pelo Mato Grosso, inclusive o ex-senador Carlos Bezerra também citado nas investigações sobre a chamada máfia das ambulâncias.

Também prestou depoimento nesta quarta o ex-assessor de Serys Sérgio Henrique Ribeiro Dias, que negou ter levado Paulo Roberto à Planam.

- Até agora não temos nenhuma menção à senadora, seja de contato ou recebimento de dinheiro - observou Paulo Octávio.

20/09/2006

Agência Senado


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