LUIZ OTÁVIO CONTESTA DENÚNCIAS E PEDE ARQUIVAMENTO DE PROCESSO



O senador Luiz Otávio (sem partido-PA) encaminhou ofício ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar negando que tenha participado de qualquer irregularidade relacionada com o suposto desvio de verbas públicas para negócios particulares. A afirmação está num documento pontuado em 29 explicações, encaminhado ao conselho e lido pelo presidente do colegiado, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), durante reunião realizada na manhã desta terça-feira (dia 27).
A reunião, que não contou com a presença de Luiz Otávio, foi convocada para ouvir a defesa do senador sobre denúncia oferecida pelo sargento Abílio Teixeira, residente em Brasília. O denunciante alega que o senador teria sido o responsável, quando gerente das empresa Ebal Rodomar, em 1992, no Pará, pela negociação de um empréstimo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 13 milhões para a construção de 13 balsas que, ainda segundo Teixeira, não chegaram a ser construídas.
No documento, Luiz Otávio considera como "denunciação caluniosa" a atitude de Abílio Teixeira, apontando como grave falha o fato de a mesma estar baseada apenas em matérias jornalísticas.
- A denúncia é mentirosa e totalmente insubsistente. O denunciado não foi convidado - ou convocado - para prestar declarações nem a Delegado de Polícia Federal nem a Procurador da República. São disparates e como tal não merecem qualquer resposta - afirma o senador no documento, solicitando, por esse motivo, o arquivamento da matéria.
Luiz Otávio também destaca que todas as ações, supostamente imputadas a ele, são referentes a situações anteriores à posse para seu atual mandato de senador e, portanto, não estariam, conforme acentuou, incidindo na hipótese de quebra de decoro parlamentar, como previsto pela Constituição Federal.
O senador do Pará descreve em detalhes, no ofício encaminhado ao conselho, sua participação e os negócios que empreendeu no período citado, esclarecendo, a princípio, que nunca foi proprietário da Ebal Rodomar e que apenas gerenciava a empresa, cujo dono era seu sogro e outros familiares. De acordo com o senador, a empresa obteve empréstimo, no ano de 1977, junto ao BNDES, à conta do Fundo de Marinha Mercante, para construção de seis balsas - o que de fato aconteceu -, sendo que o financiamento foi totalmente pago. Em outra ocasião, segundo o senador, a Rodomar solicitou empréstimo para a construção de mais 30 embarcações. Esta negociação, no entanto, apesar de regular, não foi finalizada por obstáculos administrativos.
No final do ano de 1991, informa Luiz Otávio, a empresa sofreu intervenção, "por motivos exclusivamente políticos", ordenada pelo então governador e hoje senador Jader Barbalho (PMDB-PA), o que, segundo ele, inviabilizou economicamente a sobrevivência da Rodomar.
Foi nesta época então, que a empresa solicitou um empréstimo ao Finame - que à época financiava empresas ligadas ao transporte fluvial na Amazônia - para a construção de 11 balsas, de mil toneladas cada uma. Luiz Otávio disse que, naquele momento, em função da intervenção estadual, a empresa não estava conseguindo quitar ou renegociar suas dívidas junto ao Banco do Brasil. Como o dinheiro do Finame passava pelo banco, Luiz Otávio disse que o BB se utilizou dos recursos deste último financiamento para o pagamento dos débitos da Rodomar. Por causa disso, acrescenta, as embarcações não foram construídas.
Ao final do documento, o senador qualifica como "intervenção militar" a operação promovida por Jader e diz que o mesmo foi ato de "arbítrio raro", acrescentando que o mesmo só cessou quando Jader Barbalho deixou o governo do estado do Pará.

27/06/2000

Agência Senado


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