Luiz Otávio critica ação da Vale do Rio Doce contra jornal O Liberal
A decisão da Companhia Vale do Rio Doce de construir um pólo siderúrgico no Maranhão, e não no Pará, onde explora jazidas de minério de ferro para produção de aço, gerou protestos em Plenário, nesta terça-feira (5), do senador Luiz Otávio (PMDB-PA). Ele disse que -antes de dar o tombo (o anúncio do pólo), a Vale resolveu dar um coice-, referindo-se à abertura de processo judicial contra o jornal O Liberal.
Após condenar -a tentativa da Vale do Rio Doce de humilhar e calar um órgão de imprensa que é símbolo para o Pará-, Luiz Otávio leu o editorial -Sempre a Verdade!-, dirigido ao presidente da empresa, Roger Agnelli, e publicado pelo jornal no último domingo. Sem entrar no mérito da ação por difamação instaurada pela Vale, o texto deixa transparecer que o processo teria sido motivado pelas -opiniões críticas- desferidas contra sua atuação no estado.
- A Vale, como demonstram seus balanços, é uma empresa que fatura bilhões, provenientes da exploração de riquezas retiradas em sua maior parte de território paraense. Mesmo assim, faz investimentos inexpressivos na área social e que não têm reflexos na economia do estado - relatou Luiz Otávio, durante a leitura do editorial.
O senador peemedebista se associou aos protestos de O Liberal, afirmando que não basta ao Pará ser fornecedor de matéria-prima à Vale sem a contrapartida em investimentos sociais.
Como resposta à iniciativa da Vale, o governo estadual estaria ameaçando suspender vantagens tributárias concedidas, taxar o transporte do minério de ferro a ser beneficiado no Maranhão e criar barreiras nas áreas ambiental e ecológica. De acordo com Luiz Otávio, essas medidas seriam descartadas se a empresa acatar a Agenda Pará, onde o governo exige a -verticalização- (processamento industrial) da exploração do cobre, níquel e alumínio; o reflorestamento de 200 mil hectares degradados; a construção de 40 mil casas e a conclusão das eclusas de Tucuruí.
Em aparte, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) disse estranhar o interesse da Vale em construir um pólo siderúrgico longe da fonte de matéria-prima.
- Deve estar havendo guerra fiscal, pois não se justifica sair de junto da jazida - comentou.
05/08/2003
Agência Senado
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