Lula apela às "mulheres" contra Roseana







Lula apela às "mulheres" contra Roseana
Formalmente inscrito como pré-candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, 56, admitiu que a candidatura de Roseana Sarney (PFL) poderá ser um "problema" para o PT, por ser um "dado novo" e "não previsto" em 2002. Para enfrentá-la, Lula fez uma convocação às mulheres do partido.
Durante o discurso que encerrou o 12º Encontro Nacional do PT, ontem, em Olinda (PE), Lula apelou ainda por uma aliança com PDT, PSB, PPS e setores do PMDB. Não citou o PL em sua fala aos mais de 500 delegados do encontro, mas quer ter o senador mineiro José de Alencar, do PL, como vice na chapa a presidente.

O petista referiu-se diretamente a um acordo com Leonel Brizola (PDT), Miguel Arraes (PSB) e Itamar Franco (MG). "Estamos vendo a esperteza do PFL com a Roseana. Por enquanto, isso é problema do José Serra (PSDB). Mas, a partir da escolha do candidato do governo, a Roseana poderá ser problema nosso. Precisamos saber como lidar. É um dado novo no cenário político de 2002 que não tínhamos previsto", disse o petista em discurso de improviso.

"Mais uma vez as mulheres jogam um papel muito importante. Não basta ser mulher. É preciso ter compromisso com o povo pobre deste país e com as pessoas sofridas", disse Lula.
Na pesquisa Datafolha realizada em novembro, Roseana atingia 16% dos votos, mas sua preferência entre as mulheres era quatro pontos superior àquela obtida entre os homens. O petista liderava o levantamento com 31% das intenções de voto. A pré-candidatura de José Serra -com 8% no último Datafolha- foi ironizada no discurso. "O problema neste momento é muito mais do Fernando Henrique Cardoso do que nosso, porque o seu candidato parece ter uma chumbada no pé e não consegue subir", disse Lula, provocando risos no plenário.

Ideologia
Dois dias após a aprovação pelo encontro nacional de uma diretriz de governo que prega alianças com partidos de oposição de esquerda e de centro, Lula propôs que o PT faça acordos "pensando política e eleitoralmente, não apenas ideologicamente".
Disse que o PT tinha de se mostrar "generoso" para conquistar aliados. "Esse partido tem apanhado como nunca apanhou da direita do PDT. E aqui tratamos o PDT como um partido aliado nosso. E a gente esquece da CPI do Rio Grande do Sul feita pelo PDT. A gente se esquece das críticas que o Brizola faz ao PT todos os dias".

Ao referir-se à crise com o pedetista devido à filiação ao PT do filho dele (João Vicente Brizola), declarou: "É preciso que alguém convença o Brizola de que a relação dele com o filho é biológica, não ideológica. É preciso que o Brizola saiba que temos a oportunidade de concretizar um sonho que ele carrega há mais de 50 anos [um governo de esquerda"".
Sem citar Ciro Gomes, pré-candidato do PPS, o petista falou da necessidade de conversar com o partido. "Aqui tem muita gente que torce até o nariz [para o PPS" e eu tenho razão de sobra para isso. Mas a gente não pode fazer política com o estômago. Tem que fazer com a cabeça."

Também ontem, o presidente nacional do PT, José Dirceu, lançou a idéia de criar no ano que vem uma "mesa de negociação" entre as diversas legendas de oposição para elaborar propostas consensuais, mesmo que não haja coligação já no primeiro turno. A idéia de Dirceu é criar o embrião de uma aliança para o segundo turno e eventualmente, para o futuro governo.

Economia
Foi elogiada por Lula, em seu discurso, a aprovação pelo encontro nacional de uma diretriz de programa de governo na qual temas econômicos foram abordados sem sobressaltos -como a derrubada de propostas como o não-pagamento da dívida externa e a revisão de privatizações já feitas. "Saímos daquela fase de um partido que, em vez de apresentar programa de governo, fazia uma pauta de reivindicação."
No discurso de 20 minutos, Lula declarou que, "pela primeira vez", existe "possibilidade real e concreta" de vencer a eleição. "Eles [a direita" estão tão desesperados, como no segundo turno de 1989."
Esse desespero, na opinião de Lula, pode levar a uma "campanha baixa" contra petistas. Exemplificou com a investigação do relacionamento do jogo do bicho com integrantes do governo de Olívio Dutra no Rio Grande do Sul. "Cabe a todos nós muita solidariedade ao companheiro Olívio Dutra. Ele dormiu lá em casa na quinta-feira. Vi o companheiro ressentido, magoado."

Por esse episódio, sugeriu um comportamento aos militantes: "Toda vez que sair uma denúncia contra um companheiro, na dúvida, sejamos solidários a esse companheiro. É difícil fazer uma campanha se não estivermos com a cabeça levantada."
O pré-candidato petista voltou a comentar a viagem que fez a Cuba, Peru e Venezuela e a elogiar o presidente desse último país, Hugo Chávez. "Mesmo com os avanços políticos e democráticos que conseguimos no nosso continente, uma boa parte das elites continua agindo como se estivéssemos no século 19. Ou seja, não querem nenhuma mudança."


Presidenciável tenta esvaziar prévia
Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou ontem que não participará da campanha eleitoral dentro do PT que levará, em 3 de março, a uma prévia entre ele e o senador Eduardo Suplicy (SP) para definir o candidato à Presidência.

Anteontem, Lula foi inscrito na prévia por 80% dos membros do diretório nacional. Ele vai disputar a prévia com Suplicy, já que o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, desistiu de concorrer.
"Se depender da minha vontade, até março não falarei como pré-candidato deste partido. Não sei se é possível entrar no silêncio. Vou deixar as coisas acontecerem. Vai chegar o dia em que vai haver uma votação, uma escolha. Independentemente de quem seja candidato, a gente vai ter que colocar o coração no bico da chuteira e sair por aí para ganhar as eleições", declarou Lula, em discurso no encerramento do 12º Encontro Nacional do PT, em Olinda.

Posicionado bem atrás do petista, Suplicy, que defende a realização de debates inclusive na televisão, não esboçou reação.
O pronunciamento confirma que a prévia será uma disputa esvaziada, com poucos debates e uma campanha morna. Os detalhes práticos da disputa, incluindo o financiamento da campanha, serão definidos em janeiro.
Lula preocupou-se em explicar ao plenário lotado por que não se inscreveu na disputa: seu nome foi apresentado "à revelia". "Estou vivendo o momento mais tranquilo da minha vida. Não pensem que eu não me inscrevi na prévia por frescura, por fazer charminho. Eu sou o único dos petistas que não pode se inscrever, porque iriam dizer que o Lula não dá chance para outro".

Lula tentou uma reaproximação com o senador. "Não tenho nenhuma divergência com o Eduardo e possivelmente ele não tenha comigo." Neste momento, Suplicy cochichou: "É verdade". E Lula prosseguiu: "Entretanto, nós sabemos que, quando se quer, as divergências aparecem".


Líder do grupo radical desiste de concorrer
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, desistiu ontem de se inscrever na prévia do PT que escolherá o candidato a presidente. Representante das alas radicais, Rodrigues disse que não havia mais sentido em concorrer já que o encontro nacional encerrado ontem já definiu as linhas do programa.
A candidatura do prefeito tinha o nítido sentido de marcar posição e questionar o que ele já chamou de "processo de domesticação do PT". Os radicais defendem referências mais claras ao rompimento com o FMI e a reversão das privatizações.

"O encontro deliberou por linhas gerais de programa de governo com as quais discordamos. No entanto, respeitamos a decisão legítima dos delegados. Nesse sentido, nossa candidatura perde a razão", disse.
Reservadamente, apoiadores do prefeito diziam que o motivo da desistência foi a impossibilidade de cumprir os critérios para inscrev


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