Lula apresenta propostas para combater corrupção









Lula apresenta propostas para combater corrupção
Organizadores do programa do PT prometem implementar programa em apenas seis meses

SÃO PAULO - O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, apresentou, ontem, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em São Paulo, os pontos do caderno temático Combate à corrupção - compromisso com a ética, peça integrante do seu programa de Governo. "Desde 95 estamos trabalhando num projeto de combate à corrupção no Brasil. O plano ainda não é único nem definitivo, mas queríamos deixar claro que a corrupção não está fora do debate eleitoral em 2002", afirmou Lula.

O programa, de 22 pontos e cinco temas básicos, apresentado ontem, vai servir "para detalhar um plano nacional de corrupção", que os organizadores do programa de Governo petista prometem que será instalado no Brasil "no prazo de seis meses", a partir da eventual posse de Lula.

O plano faz críticas aos modelos de combate à corrupção dos últimos governos brasileiros, citando a proposta do Governo Fernando Henrique, que extinguiu a Comissão Especial de Investigação, criada por Itamar Franco para combater a corrupção. De acordo com os petistas, a Corregedoria Geral da União, criada por FHC "não passou de uma resposta tardia e insuficiente".

O plano propõe criar mecanismos de transparência no orçamento federal; aumentar os mecanismos de controle das licitações federais; ampliar a fiscalização dos fluxos financeiro; aparelhar o fisco para combater a sonegação; reestruturar a Controladoria Geral da União e integrar ações com organismos internacionais de combate à corrupção.

O plano faz um diagnóstico de alguns dos principais pontos que provocaram um crescimento da corrupção nos últimos anos no Brasil. Entre eles, o enfraquecimento "das fronteiros entre o público e o privado", que seriam um resultado imediato do modelo neoliberal. Cita, ainda, a falta de transparência e o "baixo controle público" nos processos de privatização e a falta de controle dos fluxos financeiros externos. Segundo o programa, a não aprovação do financiamento público das campanhas eleitorais também é um forte aliado da corrupção, pois "torna os políticos eleitos muitas vezes reféns dos financiadores".


PT dribla a censura do TRE nas ruas
Partido exibe em telões na Região Metropolitana os guias eleitorais vetados pela Justiça

O PT driblou ontem a Justiça Eleitoral e colocou nas ruas todos os guias eleitorais da Frente de Esquerda que foram censurados nesta campanha pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). As peças publicitárias foram exibidas, ontem à noite, num telão instalado na Rua Sete de Setembro, na Boa Vista. Antes da exibição, os candidatos de oposição participaram do ato de repúdio promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT/PE), no Centro do Recife, contra a censura prévia no processo eleitoral no Estado. Eles fizeram severas críticas à conduta do TRE e aos candidatos da aliança governista, da qual fazem parte o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), Marco Maciel (PFL) e Sérgio Guerra (PSDB).

A idéia do PT é de montar nos próximos dias uma agenda para que os programas censurados sejam exibidos nos bairros do Recife, Região Metropolitana e até no Interior do Estado. "Vamos instalar os telões onde for possível. Já que não deixam a gente apresentar os fatos e dizer a verdade na televisão, mostraremos ao eleitor quem é Jarbas e seus aliados", afirmou o vereador Dilson Peixoto.

A Frente de Esquerda apresentou um total dez peças no telão. Com exceção do guia do Mister Marketing que foi exibido ontem, os demais foram impedidos pela Justiça de continuar no ar logo após as primeiras apresentações. O Mister Marketing foi o último personagem criado pelo PT para satirizar o Governo Jarbas e o único a não ter sua veiculação impedida.

Já os programas censurados pelo TRE do PSTU e o do senador Carlos Wilson (PTB), da Frente Trabalhista, não foram exibidos ontem. Eles serão apresentados posteriormente. Na lista de guia censurados, o PT mostrou o das Organizações Tabajarbas (Securiteitor Tabajarbas e Ventilex Perfureitor Jatabajarbas), o Kit Maquilitechion do Seu Creivson, o Kit de Promessas Eleitorais do seu Creivson, Esquadrão de Garis Ninja do seu Creivson e o Mister Marketing. O PT também exibiu o guia que denunciou o deputado federal Sérgio Guerra (PSDB) por ele não ter incluído na sua declaração do Imposto de Renda a suacriação de cavalos.

Outro programa apresentado ontem atingia em cheio o vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL). No guia, a mãe do vereador Marcelo Santa Cruz (PT) acusa o pefelista de ter sido omisso quando o filho dela, Fernando Santa Cruz, desapareceu durante o regime militar.


Dólar cai 3,04% e dá trégua
SÃO PAULO- Depois de dois dias de nervosismo e especulação, o mercado de câmbio teve ontem um momento de trégua: o dólar fechou em baixa de 3,04%, cotado a R$ 3,665, na mínima do dia. Os investidores aproveitaram para vender a moeda e embolsar os ganhos recentes, passada a pressão do vencimento de US$ 1,52 bilhão de títulos e contratos atrelados à variação cambial, corrigidos ontem pela cotação média de terça-feira, num dia em que o cenário externo também ajudou. Como as pesquisas do Ibope e do Vox Populi foram divulgadas na terça, o mercado operou sem a influência dos rumores sobre as sondagens.

Nesse cenário, houve um movimento de correção do preço do dólar, que havia fechado em nível recorde dois dias antes. Mesmo com a queda de ontem, a moeda ainda acumula ganho de 21,76% no mês e de 58,25% no ano. O risco-país recuou 1,58%, para 2.178 pontos. O alívio, no entanto, deve durar pouco: na terça, há um novo vencimento de títulos e contratos cambiais, de US$ 1,25 bilhão. Como o Banco Central (BC) enfrentadificuldades para rolar esses papéis, é provável que a pressão sobre o câmbio volte nos próximos dias, como afirmou o diretor de Tesouraria do WestLB Banco Europeu, Flávio Farah. Além disso, as compromissos do setor privado brasileiro no Exterior em outubro totalizam US$ 3,11 bilhões, entre principal e juros.

Na terça, o dólar havia subido 5,73%, fechando em R$ 3,78, em boa parte por causa da especulação relacionada ao vencimento de US$ 1,52 bilhão de títulos cambiais.


Colunistas

DIARIO POLÍTICO - Divane Carvalho

Um sentimento de orfandade tomou contou dos candidatos a federal da União por Pernambuco, que se sentem abandonados pela majoritária nessa campanha. As queixas são muitas mas ninguém ousa assumí-las, naturalmente, para não irritar o governador, o favorito da eleição. Nem os responsáveis pela propaganda política da coligação que, segundo contam, não dão a mínima atenção aos proporcionais que estão disputando um novo mandato. A maior reclamação, feita principalmente por pefelistas e tucanos, é quanto ao estilo adotado por Jarbas Vasconcelos que imprimiu um ritmo acelerado demais às caminhadas, visitas e comícios. Sem aceitar tanta correria, que virou a marca dos eventos eleitorais, eles foram obrigados a procurar alternativas que pudessem ajudá-los a garantir seus votos, longe do jeito vapt-vupt do governador de se comunicar com os eleitores. O resultado é que os proporcionais passaram a cumprir agendas individuais, digamos assim, em busca da reeleição, sem ajuda do aparato da chapa majoritária que motiva muito mais o eleitorado. Alguns dizem que o pleito desse ano é um dos mais difíceis que já enfrentaram porque como a campanha foi bem reduzida, eles ficaram soltos, isolados até mesmo do convívio com os colegas concorrentes do mesmo partido. Como a essa altura do campeonato dificilmente conseguirão mudar o quadro que está aí, os candidatos devem se pre parar para o terceiro turno do pleito.

Quando Jarbas Vasconcelos escolherá os nomes que vão participar do seu segundo Governo, desta vez sem ajuda dos eleitores.

Uma agonia na União por Pernambuco porque Sérgio Guerra, do PSDB, ainda não empatou com Carlos Wilson (PTB). Pesquisas internas da coligação indicam que faltam cinco pontos percentuais e o tempo corre

Comemoração
A Câmara dos Vereadores do Recife faz sessão solene, hoje, a partir das 14h, para comemorar a passagem dos 100 anos da Inspetoria Salesiana do Nordeste. Por iniciativa de Roberto Andrade, do PFL.

Feiras
Carlos Wilson (PTB) e Arraes (PSB) estão fazendo feira juntos. Os dois já fizeram campanha entre feirantes de quatro municípios e sábado repetem a programação em mais dois. O apoio ao candidato a senador agora é explícito, no PSB, inclusive do presidenciável Anthony Garotinho.

Operação 1
Essa Operação Vassourinha cada dia fica mais parecida com aquela da Lunus, no Maranhão, que detonou a candidatura Roseana Sarney, do PFL, à presidência da República. E não apenas na eficiência da Polícia Federal.

Operação 2
Como no Maranhão, aqui o episódio também foi parar na TV com a União por Pernambuco vinculando o nome de um dos 16 presos na Operação, Armando Feitosa, a Luciano Bivar (PSL), suplente de Carlos Wilson (PTB) na disputa pelo Senado.

Operação 3
As semelhanças estão também no estardalhaço das ações policiais, aqui com um agravante: a Polícia Federal não explicou por que prendeu tantas pessoas no último dia do prazo estabelecido pelo TRE para prisão de candidatos.

Segurança
Jarbas Vasconcelos comanda os próprios seguranças que o acompanham nos eventos de campanha no Interior. Em Condado, terça-feira, foi ele mesmo quem posicionou os policiais para conter o assédio de eleitores e cabos eleitorais que dificultavam seu deslocamento.

Humor
Imperdível a abertura da exposição do cartunista Laílson, hoje, a partir das 19h, no Palácio do Campo das Princesas. Até porque humor na sede do Governo do Estado é uma coisa tão inusitada que vale a pena conferir.

Campanha
Roberto Magalhães, do PSDB (foto), ganhou mais espaço na sua campanha a federal como locutor. Já apresentou Raul Henry (PMDB), candidato a estadual, e agora anuncia Garibaldi Gurgel (PMDB), que disputa um novo mandato na Assembléia.


Editorial

MANDAMENTO AMEAÇADOR

O Mundo ganhou o décimo-primeiro mandamento. Os Estados Unidos na Terra e Deus no céu. Está lá, numa das 33 páginas da nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos, documento apresentado pelo presidente George W. Bush ao Congresso, sexta-feira: o país usará "todos os meios" para manter-se como única potência mundial.

A pax americana anunciada à Humanidade por Bush é fundamentalmente militar. E o ponto mais polêmico do rol de princípios que guiará sua política externa é a teoria da prevenção do mal - agora evocada para legitimar um ataque ao Iraque. Mesmo que a existência do mal não esteja bem clara.

Ações militares preventivas contra Estados considerados "hostis" e grupos terroristas que representem possível ameaça ao povo americano seriam completamente justificadas pela nova diretriz. O documento também enterra a maioria dos tratados de não-proliferação nuclear e introduz o conceito do desmantelamento forçado de armas.

A nova bíblia da Casa Branca eliminou os elementos básicos da política externa norte-americana desde a década de 40. Para Bush, em um Mundo transformado não há outra forma de conter os que odeiam os Estados Unidos e tudo o que eles representam.

O presidente também deixa claro que não pretende permitir que qualquer potência estrangeira diminua a enorme dianteira militar assumida pelos americanos desde a queda da União Soviética, em 1991, numa clara alusão a potências em ascensão como a China. Ou seja: se depender de seus esforços, o Mundo unipolar pós-Guerra Fria continuará unipolar, sendo os Estados Unidos a única superpotência.

É claro que Washington promete que todo o poder supremo será usado a favor do bem, da justiça e da ética. Mas quem vai traçar, em cada caso, os limites? Quando se tem um farol guia, um exemplo único do bem ou um só árbitro, quem garante a imparcialidade do julgamento?

A doutrina Bush estarrece. Trata-se da abordagem mais agressiva de segurança nacional surgida no país desde a era Reagan. O governo da superpotência deixa claro que não precisa de aliados nem de consenso internacional para agir.

Pode fazer desaparecer, assim, o princípio básico que regeu culturas, povos e países - o da convivência democrática com o diverso. O diferente de nós. É ameaça muito maior do que qualquer arma química ou biológica enterrada no deserto iraquiano.


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09/26/2002


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