Requião defende reformas para combater corrupção




O senador Roberto Requião (PMDB-PR) manifestou em Plenário, nesta quinta-feira (18), apoio às ações realizadas pela presidente da República, Dilma Rousseff, no combate à corrupção no governo. Ele, no entanto, se mostrou cético quanto à eficácia dessas medidas e de iniciativas do próprio Congresso Nacional para resolver o problema.

Na avaliação de Requião, o combate à corrupção no Brasil não pode se restringir à identificação e punição de burocratas no âmbito do serviço público, visto que o problema, em sua opinião, estaria muito mais vinculado à política econômica brasileira e a outras características da sociedade brasileira. Em sua opinião, haveria, portanto, causas mais graves a serem atacadas.

- Caso continuemos dissociando a luta contra a corrupção da luta pelas reformas econômica, política, social e jurídica, vamos continuar vendo a sangria inestancável do erário - disse.

Para Requião, pelo fato de a corrupção ser uma doença inerente ao sistema do capitalismo financeiro, não há como combatê-la com sucesso sem se conter, por exemplo, a violência econômica contra os trabalhadores, que faz com que os salários não acompanhem o aumento de produtividade.

- Não é isso uma forma de corrupção, de fraude, de apropriação indevida? Se o trabalhador não recebe o correspondente ao que produz, o que é tirado dele não é um afano? - questionou.

Requião considerou também imoral - e mesmo pior do que os desvios praticados por burocratas no governo federal - "a política econômica que premia os rentistas pátrios e estrangeiros, com lucros indecentes".

No entendimento do senador paranaense, os atos de corrupção no Executivo devem ser combatidos com a máxima dureza, mas não merecem o destaque que têm recebido da imprensa e nem a atenção que têm tido dos parlamentares do Congresso.

- Nós esquecemos um modelo econômico que provocou o desastre dos EUA e está sendo mudado, mas nos debruçamos em cima de um pilantra de um ministério que deveria ser defenestrado e colocado na cadeia com extrema rapidez pelo MP e pelo Judiciário - criticou.

Requião colocou também no mesmo patamar da corrupção a privatização do patrimônio público e a ineficiência do sistema judiciário brasileiro.

- Se não tivermos a coragem de romper com esses pressupostos, com os dogmas já apodrecidos, desmoralizados do mercado, esqueçamos qualquer avanço na batalha contra a corrupção - sentenciou.

Em apartes, os senadores Pedro Taques (PDT-MT), Randolfe Rodrigues (PSOL-PA) e Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) parabenizaram Requião pelo pronunciamento.



18/08/2011

Agência Senado


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