Lula diz que Brasil deve ajudar países menos desenvolvidos da América Latina



   O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil deve ter políticas generosas com os países menores e menos desenvolvidos da América Latina, como a Bolívia, para que haja maior integração do Mercosul. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (14), durante a sessão de instalação do Parlamento do Mercosul, no Plenário do Senado.

Presidente Pro Tempore do Mercosul, Lula, que esteve na Mesa, ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros, entre outras autoridades, disse que se países como Brasil e Argentina - os maiores do bloco - não ajudarem países como a Bolívia, por exemplo, essas nações não encontrarão qualquer razão para participar do Mercosul.

- Queria que houvesse compreensão de que a integração é um momento extraordinário e que nós não nos cansemos de debater nossas divergências e convergências. O Brasil precisa ter consciência de que deve ter políticas generosas com países menores da região. Teremos que assumir essa responsabilidade de ajudar no desenvolvimento dos países menores se quisermos ter maior integração no Mercosul - afirmou o presidente.

Lula observou que a imprensa, muitas vezes, noticia "com certo desdém" matérias sobre o Mercosul, e aconselha a fazer acordos comerciais com os Estados Unidos. Disse também que a mídia não leva em consideração a necessidade de que o Brasil precisa ajudar os países menores da América do Sul.

O presidente citou os problemas enfrentados pelo Brasil nas negociações comerciais com o gás e o arroz junto à Bolívia e ao Uruguai, respectivamente, destacando que "às vezes há inimizades" de parte à parte, mas é preciso compreensão nas negociações entre os países. Disse que, ao tomar posse, falava-se que o Mercosul havia acabado e que era necessário consolidar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), idealizada pelos Estados Unidos. Atualmente, complementou Lula, "ninguém mais fala em Alca, a não ser algum saudosista".

O presidente disse que o governo agiu corretamente, ao não ficar dependendo apenas de um país ou de um bloco de países, e que o Brasil deve trabalhar para consolidar o Mercosul e dinamizar sua economia para poder negociar com outros blocos, como a União Européia.

O Parlamento do Mercosul, conforme explicou, não terá inicialmente uma função legislativa, mas um papel decisivo para avançar na legislação nacional de diversas áreas dos países-membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. O Parlamento terá também a missão de tornar mais ágil a ordenação jurídica do bloco, seguindo as grandes experiências em curso no mundo, segundo Lula. Assim, também, cumprirá tarefas de defender a democracia, a liberdade, a paz e o desenvolvimento sustentável com justiça social e construir a integração latino-americana.

Para o presidente, o Parlamento deverá ser a caixa de ressonância para os problemas econômicos, sociais e políticos do bloco.

- Quem sabe não teremos no futuro próximo uma vertente judiciária no Mercosul - disse.

A criação do Parlamento, acrescentou o presidente, é mais uma demonstração de vitalidade do Mercosul para desmentir "as vozes mais pessimistas sobre o bloco, pois este se tornou uma realidade e uma conquista". Segundo o presidente, os obstáculos para a construção e consolidação do bloco só poderão ser superados com diálogo. E a criação do Parlamento fará com que o Mercosul "esteja mais próximo do nosso dia-a-dia", afirmou.

14/12/2006

Agência Senado


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