Lula e Serra caçam votos no Nordeste









Lula e Serra caçam votos no Nordeste
Candidatos fazem campanha em região onde tiveram votação abaixo da média no 1º turno

O candidato do PT a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de carreata em João Pessoa, Paraíba; Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o presidenciável tucano, José Serra, durante campanha em Quixadá

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) fizeram campanha ontem no Nordeste, região onde ambos tiveram votações abaixo de suas médias nacionais no primeiro turno (veja no quadro acima). O presidenciável petista passou pelas capitais de Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Sergipe. O tucano foi ao interior do Ceará.

Em Natal e em Recife, Lula foi questionado sobre declaração de funcionário do governo dos EUA que, anteontem, disse que os americanos priorizarão outros países se um eventual governo petista não aceitar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). "Eu não posso responder ao sub do sub do sub do secretário americano", afirmou em Pernambuco.

Em Quixadá (CE), cidade administrada por um petista, Serra recebeu apoio de cerca de 80 prefeitos e fez carreata de 40 minutos ao lado do senador eleito Tasso Jereissati (PSDB), que no primeiro turno havia apoiado Ciro Gomes (PPS). O tucano evitou passar por Fortaleza, porque o comando da campanha temia manifestações, especialmente de petistas.


Serra quer debate por não ter apoio, diz Lula
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, abandonou ontem o estilo "Lulinha paz e amor" para criticar seu adversário, José Serra (PSDB), e o presidente Fernando Henrique Cardoso, em comício realizado em João Pessoa (PB).

Lula disse que Serra, "que faz campanha do medo", tenta forçar sua participação em debates porque "ninguém quer apoiá-lo". "Meu adversário não tem palanque porque ninguém quer apoiá-lo. Aí ele fica dizendo na televisão: eu quero debate, eu quero debate, eu quero debate."

Mais tarde, em Recife, Lula disse que Serra está "nervoso". "Está nervoso porque quer debate a toda hora. Quer debate a toda hora por não ter este povo extraordinário ao seu lado. Fui a mais de 20 debates no primeiro turno. Meu problema não é ir ou não ao debate. Meu problema é que quem deve estabelecer a estratégia da minha campanha somos nós, não o adversário. Vai ter debate quando nós quisermos."

Questionado sobre os ataques de Serra à sua candidatura na propaganda eleitoral, Lula respondeu que "enquanto ele [Serra] faz a campanha do medo, eu faço a da esperança". No comício em João Pessoa, o candidato petista voltou a rebater as críticas sobre sua falta de instrução escolar.

Disse que "a arte da política não tem nada a ver com a universidade" e que falta ao país, "além de condições econômicas e sociais, caráter, compromisso ético e lealdade nas relações humanas entre os políticos".
Confundindo a formação acadêmica do presidente, que é sociólogo, Lula disse que FHC "é cientista político, mas parece que não aprendeu na universidade que a arte de fazer política é a arte de conversar, de conhecer".
O candidato criticou ainda a suposta falta de sintonia entre o presidente e os governadores que, segundo ele, só são chamados em reuniões para discutir "o dinheiro que têm que mandar para o governo fazer superávit primário e pagar o FMI (Fundo Monetário Internacional)".

Lula disse que, se for eleito, não passará quatro meses sem que haja reuniões com todos os governadores, "independentemente das divergências ideológicas e partidárias". "Minha preocupação é com a fome do povo. Todos serão tratados com igualdade."

Ele atacou também o programa Bolsa-Renda do governo federal, que "é a frente de trabalho com nome mudado e o dinheiro cortado pela metade".

À noite, em discurso para cerca de 30 mil pessoas (segundo a Polícia Militar), durante comício no centro de Aracaju, Lula voltou a criticar o fato de a atriz Regina Duarte ter feito "apologia ao medo" no programa eleitoral da televisão do tucano José Serra.


Petista justifica debate da Globo com audiência
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou ontem que só participará de um debate no segundo turno. Estará presente apenas no da Rede Globo, marcado para o dia 25, véspera do encerramento da campanha eleitoral, no qual não haverá perguntas diretas entre ele e Serra.

"O debate que vamos fazer na Globo é o mais importante, porque é o canal de TV com maior audiência. Queríamos fazer um "pool" com todas as emissoras, mas isso não parece possível. Então vou tocar minha campanha", disse o petista.

Lula retomou a justificativa de que precisa viajar e fazer comícios para recusar cerca de outros 20 convites de emissoras de TV e rádio, de jornais e entidades de classe para debates.

"Tenho um comando de campanha que discute essas coisas menores. O comando estabeleceu uma estratégia. Sou um candidato que tenho de visitar 12 Estados em apenas dez dias", afirmou.


Serra usa Ciro, Garotinho e o próprio PT contra Lula
Tucanos mostram críticas de ex-presidenciáveis ao novo aliado

A campanha de Serra usou Garotinho, Ciro e uma administração do próprio PT o governo do Rio Grande do Sul- para atacar Lula em comerciais e no horário eleitoral de ontem na TV.

Na tentativa de desqualificar o apoio ao petista, o programa tucano mostrou os dois presidenciáveis derrotados no primeiro turno -que apareceram na propaganda de Lula declarando adesão à sua campanha- fazendo críticas ao candidato. "Você tem direito de lembrar o que ele [Ciro ou Garotinho] acha mesmo do Lula", diz o locutor.

"O Lula, nesta campanha, não responde nada" foi uma das frases de Garotinho, em trecho tirado do debate da TV Record no primeiro turno. A crítica de Ciro foi mais forte: "Quem acha que está na hora de tocar fogo, de fazer uma experiência que a gente não sabe onde vai dar, vota no Lula", diz ele, em um discurso do primeiro turno. Antes de "lembrar" o eleitor da frase do pepessista, o locutor acrescenta que ele "tem todo o direito de fazer política".

"É por questões polêmicas como essa, Lula, que o Brasil quer mais debates", disse ainda a apresentadora no horário tucano.

Nas inserções, em nenhum momento é feito qualquer tipo de ligação com Serra, a exemplo do que ocorria no primeiro turno, quando a campanha tucana atacava Ciro. A identificação da coligação de Serra aparece por poucos segundos, de forma quase ilegível no canto da tela.

Já o governo petista no RS foi usado quando o programa de Serra falava de desemprego. A campanha tucana acusou o governo do PT de ser o responsável pela mudança de uma fábrica da Ford para a Bahia: "É importante que o próximo presidente tenha competência para não repetir o erro do PT. Senão, as empresas e os empregos podem mudar não só de Estado, mas de país."

A propaganda de Lula manteve o tom festivo e emotivo usado na segunda-feira, mas respondeu, indiretamente, a algumas provocações do programa de Serra.

À tarde, depois de dizer que houve "algumas mudanças, é verdade" na situação da saúde no país, o petista fez críticas à qualidade dos hospitais públicos. O tucano, ex-ministro da Saúde, havia mostrado cenas de debates em que Lula faz perguntas sobre a situação da saúde no país para Garotinho e Ciro, e acrescentava: "Agora, Lula pode perguntar isso diretamente a José Serra".


Petista tem 60% contra 31% de tucano, segundo pesquisa Ibope
A primeira pesquisa Ibope sobre a sucessão presidencial feita depois de 6 de outubro aponta 60% das intenções de voto para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e 31% para José Serra (PSDB).

Realizado de sábado a segunda, o levantamento apurou ainda 5% de eleitores indecisos e 4% que manifestaram disposiçã o para votar branco ou nulo no dia 27.

Pelo critério de votos válidos (que exclui brancos e nulos e distribui os indecisos proporcionalmente à intenção de voto de cada candidato), o petista registra 66%, e o tucano, 34%.

Lula venceu o primeiro turno com 46,44% dos votos válidos. Serra foi o segundo com 23,20%.
Na última pesquisa Ibope anterior ao primeiro turno, divulgada na véspera da votação, a simulação de confronto final entre os dois candidatos indicava 55% para Lula e 35% para Serra.

Márcia Cavallari, diretora do Ibope Opinião, não acredita que os resultados tenham captado efeitos da propaganda eleitoral gratuita, que voltou ontem. "Ainda é cedo para isso", afirma.

Os 29 pontos de diferença entre Lula e Serra apurados pelo Ibope estão próximos dos resultados obtidos por Datafolha e Vox Populi, os primeiros institutos a divulgar pesquisas após a votação.

O Datafollha, que realizou suas entrevistas na sexta-feira, indicou vantagem de 26 pontos para o petista (58% a 32%). Com campo na quinta e na sexta, o Vox registrou 30 pontos (60% a 30%).

Encomendado pela TV Globo para divulgação no "Jornal Nacional" de ontem, o levantamento ouviu 3.000 eleitores em 203 municípios de todo o país. Sua margem de erro é de 1,8 ponto percentual, para mais ou para menos.


PT e PMDB unem estrutura para combater os rivais em 2 Estados
Dobradinha de partidos ocorre no Ceará e no Paraná

Em pelo menos dois Estados estrategicamente vitais neste segundo turno, Paraná e Ceará, PT e PMDB estão fazendo uma dobradinha para favorecer seus candidatos na disputa ao governo.

Na prática, a coligação nacional do PSDB de José Serra com o PMDB da vice Rita Camata não está sendo respeitada nesses Estados. Isso vinha acontecendo em outros Estados, como na Paraíba, mas a novidade é o compartilhamento de estruturas de campanha com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva.

No Ceará, o PT pretende invadir os chamados grotões, redutos interioranos hoje dominados pelo candidato do ex-governador e senador eleito Tasso Jereissati (PSDB), Lúcio Alcântara.

Para isso, conta com a estrutura herdada dos novos aliados como o PMDB do candidato a governador derrotado Sergio Machado -homem de confiança de Serra e desafeto de Tasso.

Com a estrutura, que conta também com o PSB, o petista José Airton Cirilo vai ter 15 comícios até a eleição, sendo que dez são no interior e cinco em Fortaleza. Em todo o primeiro turno, sem estrutura, o partido só conseguiu fazer cinco comícios nos grotões.

No pacote de novidades que estão incrementando a campanha petista ao governo do Ceará no segundo turno, estão pesquisas internas, antes não realizadas, aluguel de aviões e helicópteros para percorrer o interior do Estado e o apoio de lideranças nacionais, inclusive do próprio candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não esteve em Fortaleza no primeiro turno, mas que deve fazer comício na cidade na próxima semana.

O interior do Estado é o principal alvo petista porque foi a área onde Lúcio obteve mais votos. No total, o tucano conseguiu 49,79%, contra 28,33% de José Airton, mas, em Fortaleza, maior colégio eleitoral do Estado, Lúcio perdeu para o petista: ele teve 34,29%, contra 48,89% de José Airton.

"Vamos abater o galego", disse o deputado José Nobre Guimarães (PT), um dos coordenadores da campanha, referindo-se ao apelido de Tasso no Estado.

Do lado tucano, por sua vez, a principal mudança da campanha no segundo turno foi a postura de Lúcio. Em entrevista à rádio ""AM do Povo", anteontem pela manhã, o candidato tucano se mostrou muito mais agressivo que no primeiro turno, quando ele não atacou nenhum adversário.

Já, no Paraná, a campanha de Roberto Requião (PMDB) ao governo ganhou "cara nova" e "molho petista". A âncora do programa de Padre Roque Zimmermann (PT) do primeiro turno, Fernanda Stica, estreou anteontem no programa eleitoral do senador peemedebista.

Contribuição
A absorção, pelo PMDB, da maior parte da estrutura dos programas de rádio e TV de Padre Roque foi só uma contribuição dos petistas ao candidato apoiado pelo PT no segundo turno.

Jornalistas e técnicos da campanha de Padre Roque migraram para a de Requião, mas a estrutura, de cerca de 40 profissionais, não engordou. "O pessoal que entrou substituiu quem saiu", disse o coordenador de marketing da campanha de Requião no Paraná, Benedito Pires.

"Cada partido banca seus custos", disse Padre Roque. Em alguns casos, o PMDB fornece o combustível para os carros de som da dobradinha Lula-Requião. Padre Roque estima que o PT esteja contribuindo com 300 comitês espalhados pelo Paraná.

Apenas o comitê central, de Curitiba, faz campanha apenas para o presidenciável Lula. "Precisamos manter independência e garantir os votos de Lula que também vão para Alvaro", disse.


PT e PSDB buscam apoio do PMDB
O PT e PSDB travam uma batalha nos bastidores da busca por alianças no Pará para atrair as lideranças de base do PMDB. O partido é presidido no Estado por Jader Barbalho, ex-senador e deputado federal eleito mais votado no Estado, com 344 mil votos.

Jader apoiará informalmente o PT, da candidata Maria do Carmo, mas ainda não declarou formalmente seu apoio e deve liberar as alianças entre seus partidários.

Maria do Carmo, que teve 29% do votos, disputa o segundo turno com o tucano Simão Jatene, que teve 34,5% e é apoiado pelo governador Almir Gabriel (PSDB) um dos principais adversários políticos de Jader.
Assim como o PT, os tucanos disputam cada um dos prefeitos e lideranças políticas ligadas a Jader no interior, principalmente nas regiões de Altamira, Tucuruí e Santarém.


Artigos

É duro ser latino
Clóvis Rossi

MIAMI - Luiz Inácio Lula da Silva e seu Partido dos Trabalhadores lançaram uma "Carta ao Povo Brasileiro" (na verdade, dirigida aos mercados financeiros e instituições internacionais) para jurar que irão manter o superávit fiscal acertado entre o governo FHC e o Fundo Monetário Internacional, que irão preservar as tais metas de inflação e que não irão dar calotes nas dívidas.

Não satisfeito, Lula reiterou tais compromissos depois de seu encontro de agosto com o presidente Fernando Henrique, no Palácio do Planalto.

Tudo certo, então? Nada. Nos dois dias de duração da Conferência das Américas, organizada pelo jornal "The Miami Herald", para a qual este repórter foi convidado, de cada duas perguntas uma era sobre o "default" (calote) do Brasil.

O público presente era formado por autoridades governamentais (entre as quais presidentes, como o equatoriano Gustavo Noboa e o peruano Alejandro Toledo), empresários, economistas, gente de mercado, acadêmicos e, claro, jornalistas.

Esse pessoal continua achando que o PT vai dar o calote. Tanto há essa expectativa difusa e generalizada que Otto Reich, o subsecretário de Estado para o hemisfério ocidental (leia-se América Latina), admitiu que o governo norte-americano tem "planos de contingência" para um "default" do Brasil de Lula.
Só não revelou, como é óbvio, qual é o plano.

Se serve de consolo para Lula e para os petistas, também o presidente colombiano, Álvaro Uribe, teve de usar parte de seu discurso, via teleconferência, para o público reunido em Miami para desfazer os temores de calote da Colômbia (um país que, ao contrário do Brasil, não tem histórico de dar beiço nos credores).

No almoço, tocou-me sentar ao lado de um empresário equatoriano, Luís Ortega, que, para variar, falou do "default". Mencionei a "Carta" e os compromissos publicamente assumidos. Ortega não se rendeu: "É, mas o passado deles... Só o futuro dirá se resgata o passado ou não".

É duro ser latino-americano.


Colunistas

PAINEL

Promessa é dívida
Em reunião com empreiteiros, José Serra prometeu nomear Luis Roberto Ponte, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), a maior entidade do setor no país, como titular de uma futura Secretaria de Habitação.

Indicação precoce
Com status de ministério, a secretaria - um sonho antigo dos empreiteiros- seria ligada diretamente à Presidência. No PT, o comentário é que o tucano só precisa combinar a data da posse de Luís Ponte com o eleitor.

Beijo na lona
O aumento dos juros para 21% foi interpretado por muita gente no comitê de Serra como um sinal de que o Planalto jogou a toalha na sucessão de FHC.

Prejuízo no caixa
O aumento dos juros desagradou ao empresariado paulista, principal financiador da campanha de Serra. O comitê tucano prevê que as doações, que já não têm sido muito consistentes em razão do desempenho de Serra nas pesquisas, irão cair mais.

Por terra e mar
Piada petista: mais uma plataforma da Petrobras pode afundar a qualquer momento: a P-45. Já os tucanos dizem que Lula está usando um salto de 13 cm.

Prato frio
O secretário-geral da Presidência, Euclides Scalco, ligou ontem para Roberto Requião (PMDB). Vai dar seu apoio na sexta. Scalco ficou sem partido quando Álvaro Dias, rival de Requião, dominou o PSDB-PR -só retornou quando Dias foi para o PDT, em 2001.

Guerra das togas
A Associação dos Juízes Federais soltou uma nota criticando o TSE e pedindo uma presença maior de juízes federais na fiscalização das eleições. A Associação dos Magistrados Brasileiros rebateu chamando a Ajufe de entidade "corporativa" e elogiando a condução da eleição.

Longe de confusão
O deputado Walter Pinheiro (PT) foi proibido por José Dirceu de entrar na Justiça contra a medida provisória que regulamenta a entrada de capital estrangeiro na mídia. A ordem no PT é não se envolver em temas polêmicos, a fim de evitar prejuízos à campanha de Lula.

Frente anti-Nizan
Duda Mendonça, marqueteiro de Lula, convidou Einhart, que fez a campanha de Ciro no primeiro turno, para ajudá-lo na produção dos programas diários do presidenciável petista e de Genoino, candidato ao governo paulista. Faz quatro dias que Einhart trabalha com Duda.

Guerra na TV
Duda vai processar a campanha de Serra, que exibiu o comercial do PT com grávidas para dizer que, enquanto Lula faz propaganda bonita, Serra, no Ministério da Saúde, cuidou das mulheres. "Quero indenização para dividir entre os bebês quando nascerem".

Sobrenome indigesto
Gafe de Lula em palanque de Natal: o presidenciável petista chamou Vilma Faria, na frente dela, de Vilma Maia -sobrenome que a candidata ao governo do RN pelo PSB deixou de usar após se separar de Lavoisier Maia e odeia que invoquem.

Subiu à cabeça
A pedido de Paulinho, a Secretaria Geral do Sindicato dos Metalúrgicos baixou circular proibindo diretores da entidade a levar candidatos à Presidência e ao governo para fazer campanha em porta de fábrica. Em tempo: Paulinho, que foi vice de Ciro, diz que apóia Lula.

Proibição dirigida
A circular do Sindicato dos Metalúrgicos tem endereço certo: Luiz Antônio de Medeiros, que pertence à diretoria da entidade, e, anteontem, levou Genoino para pedir voto em duas empresas. Segundo o documento, campanha em porta de fábrica, apenas se Paulinho autorizar.

TIROTEIO

Do deputado estadual Edson Aparecido, presidente do PSDB de São Paulo, ironizando a decisão de Lula de participar de apenas um debate na TV no segundo turno:
- É compreensível. Lula, sem ter um marqueteiro ao seu lado, que o oriente, não tem muita segurança para falar.

CONTRAPONTO

Eleitorado masculino
No último comício do primeiro turno, em Coronel Fabriciano (MG), Chico Simões (PT), ex-prefeito da cidade e agora eleito deputado estadual, resolveu imitar o colega de partido Luis Inácio Lula da Silva, que nos palanques costuma elogiar Marisa, sua mulher, na tentativa de ganhar o voto feminino.
-Essa é Vaninha, companheira de muitos anos- discursou Simões, emocionado.
Os elogios prosseguiram por alguns minutos. Voz embargada, o ex-prefeito fez pausa nos elogios à mulher, cuja beleza faz sucesso na região, para ouvir os aplausos da platéia.
O que veio do público, para espanto do candidato, foi um coro masculino indigesto, puxado por bêbados que estavam colados ao palanque:
-Gostosa, gostosa, gostosa.
O coro dividiu os petistas do palanque: uns ficaram constrangidos, outros caíram na risada.


Editorial

INFLAÇÃO E CRESCIMENTO

O aumento da taxa básica de juros determinado pelo Banco Central não foi bem recebido. Seria difícil imaginar o contrário: a medida, que culminou uma sequência de iniciativas voltadas a limitar a disponibilidade de moeda nos bancos, tende a prejudicar a atividade econômica e a encarecer a dívida pública.
Desse ponto de vista, ela é sem dúvida indesejável. Mas muitos a consideraram inevitável, pois algo a mais precisava ser feito visando conter a alta do dólar e sinalizar que o BC não abriu mão de disciplinar a inflação. E houve quem demonstrasse preocupação, ao avaliar que agora não restou ao BC mais o que fazer.

Essa última avaliação é questionável. Desmentindo impressão que ele próprio ajudou a criar, o BC acaba de mostrar que tem armas à mão e disposição de usá-las. Aumentos adicionais dos juros e dos compulsórios não estão fora de cogitação.

É claro que há uma questão de dosagem envolvida. Como a cotação do dólar ainda não teve recuo relevante, passados dois dias do aumento dos juros, alguns poderão concluir que a dose ministrada pelo BC foi insuficiente e um "aperto" monetário adicional se impõe, para já. A conclusão é precipitada. A retração do crédito externo não será revertida tão cedo. Somando a isso a incerteza eleitoral, não cabe esperar um recuo forte do dólar a curto prazo.

Olhando para 2003, deve-se começar a discutir a possibilidade de que o dólar não venha a recuar para aquém de R$ 3,30. Sob essa hipótese, a meta de inflação de 2003 (que admite como taxa "máxima" 6,5%) só tenderia a se revelar factível ao custo de juros muito altos, que imporiam forte sacrifício da atividade econômica. E o desaquecimento da economia corroeria a receita tributária. Seja pela pressão das despesas com juros, seja pela queda das receitas, ficaria muito mais difícil cumprir as metas fiscais acordadas com o FMI. Ao lado disso, a alta da dívida pública geraria desconforto nos credores. Nesse quadro, caberia rediscutir a meta de inflação, de modo a preservar espaço para o crescimento da economia.


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10/16/2002


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