Lula prevê "baixo nível" na campanha e ataca tucanos









Lula prevê "baixo nível" na campanha e ataca tucanos
Petista fala como candidato; resultado da prévia deve sair na 4ª

Virtual candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva previu ontem uma campanha de baixo nível e concentrou ataques naquele que os petistas consideram seu maior adversário, o senador José Serra (PSDB).
"Não espero facilidade do outro lado", declarou Lula ontem à tarde, após votar na sede do partido, em São Paulo, na prévia que disputou com o senador Eduardo Suplicy (SP) para escolher o candidato petista que concorrerá à Presidência.

A divulgação do resultado da prévia presidencial, a primeira da história do partido, está prevista para quarta-feira, com a primeira parcial prevista para hoje. Segundo o PT, a consulta atingiu o quórum mínimo para que tenha validade. Até as 17h de ontem, em 16 Estados havia sido alcançada presença de 15% dos votantes em metade mais um dos municípios, requisito mínimo. A previsão no PT é que Lula obtenha de 80% a 90% dos votos contra Suplicy.

De manhã, em Poços de Caldas (MG), Lula disse que a campanha de 2002 será a de "mais baixo nível da história brasileira".

"Assusta saber que o Ministério da Saúde contratou uma empresa para fazer grampo, oficializando uma ilegalidade", disse Lula, em referência à reportagem da Folha do dia 14, na qual revelou-se que o Ministério da Saúde contratou serviços de contra-espionagem de uma empresa com sede no Rio.

Há um sentimento no PT de que o governo, após ter supostamente investido contra a candidatura de Roseana Sarney (PFL), poderá voltar-se contra campanhas da oposição, principalmente a de Lula, líder nas pesquisas.
O pré-candidato, ontem, centrou suas críticas no governo federal e na candidatura Serra, acusando-os de utilizar politicamente investigações policiais.

"Se a Roseana Sarney está envolvida em alguma irregularidade, ela tem de ser investigada. Mas não se pode transformar a investigação numa peça política. E se a moda pega? O PSDB tem de agir com responsabilidade e seriedade", afirmou Lula.

Grampolândia
Já o deputado federal José Genoino, pré-candidato do PT ao governo paulista, chegou a se referir ontem ao país como uma "grampolândia". "Há o grampo do grampo e o grampo terceirizado. Estamos na República do Grampo. Por essas e outras estou certo de que esta campanha será bastante conturbada", afirmou.

Pré-candidato ao Senado, o deputado federal Aloizio Mercadante disse que espera uma campanha bastante polarizada, semelhante à de 1989. Na ocasião, Lula e Fernando Collor protagonizaram uma disputa agressiva no segundo turno da eleição. Collor usou o depoimento de Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, na véspera do segundo turno.

Além da operação da Polícia Federal contra a empresa Lunus, de Roseana, e da guerra de dossiês que se instalou na sucessão, os petistas também se referem à decisão do TSE de vincular as coligações partidárias estaduais à coligação federal.

"O governo quer isolar a oposição e fazer dessa campanha eleitoral um rolo compressor plebiscitário", declarou Genoino.

Problemas sérios
O pré-candidato petista disse que não acredita que a candidatura de Roseana já esteja "enterrada", mas avalia que tem "problemas sérios". "Eu sempre dizia que a Roseana era problema do Serra. Parece que ele levou isso a sério."

Lula declarou estar preocupado com os meios de comunicação, que, segundo ele, "nem sempre são isentos". Ele comentou a operação de reestruturação da Globocabo, empresa pertencente às Organizações Globo, com a participação do BNDES. O banco estatal poderá participar de uma operação para capitalizar a empresa, que chegaria à cifra de R$ 1 bilhão.

"Se você analisar do ponto de vista financeiro, esse é o papel do BNDES. A empresa tem o direito de apresentar um projeto. Mas acho que o BNDES deveria financiar a pequena e a média empresa", disse Lula.


Suplicy não exclui hipótese de ser vice
O senador Eduardo Suplicy (SP) disse ontem estar "aberto a qualquer possibilidade" caso não seja ele o vencedor da prévia presidencial do PT, cenário que se apresenta como mais provável. Ele não excluiu a possibilidade de reivindicar a condição de vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Na hipótese de o Lula ser vencedor, eu estarei aberto a qualquer possibilidade na participação de sua campanha presidencial. Serei um anjo ao seu lado", declarou o senador ontem, ao ser questionado sobre a possibilidade de ser o vice na chapa petista.

A hipótese de o senador tornar-se vice na chapa presidencial de Lula ganhará força caso o PT não se alie a nenhum outro partido -com o PL, a união parece mais distante após a decisão do TSE de padronizar as alianças nas esferas federal e estadual. Mas isso dependerá também da votação que Suplicy conseguir na prévia.

Insistindo que pode ganhar a prévia apesar de a maioria no PT apostar contra essa possibilidade, Suplicy declarou que, se escolhido candidato pelo partido, vencerá a eleição. "O mais difícil é hoje, aqui. Perto da prévia, a eleição é fácil", afirmou.

O senador declarou ainda que, caso seja escolhido o candidato pelos petistas, voltará a propor aos demais partidos de esquerda a realização de eleições primárias "populares" para que seja escolhido um candidato único das oposições ao Planalto.

Pela proposta, já apresentada uma vez e recusada pelo PT, todos os eleitores brasileiros estariam aptos a votar em nomes indicados pelas legendas de oposição, para que um único candidato dispute a Presidência.
O senador também prometeu não disputar a reeleição em 2006 caso seja eleito presidente neste ano. "Sou contrário ao instituto da reeleição e vou manter-me coerente com meus princípios", afirmou Suplicy.


Rivais trocam elogios na hora de votar
Na frente de dezenas de câmeras fotográficas e de TV, Luiz Inácio Lula da Silva e Eduardo Suplicy protagonizaram ontem cenas destinadas a mostrar que o clima no PT, apesar das prévias, não teria sido afetado negativamente pela disputa interna.

Os dois votaram juntos, na sede do partido, à tarde. Na hora de depositar seu voto, Lula brincou com o mesário: "O voto é secreto, mas vou te fazer uma inconfidência", disse, mostrando a cédula.

Minutos depois, durante entrevista coletiva, o senador deu o troco . Dirigindo-se a Lula, disse: "Eu também vou fazer uma revelação. Pensei em votar agora em você, como sinal de amizade, mas confio tanto em minha candidatura que achei melhor votar em mim mesmo", declarou. Lula riu.

A prévia, apesar de ter se mantido dentro do controle do partido na maior parte do tempo, teve momentos de tensão. Um deles foi a visita que Lula fez a fábricas do senador mineiro José Alencar (PL), muito criticada por Suplicy.

Ontem, o senador voltou a cobrar de seu rival o fato de não terem sido realizados debates internos, como fez durante toda a campanha. "Meus defeitos poderiam ser revelados", disse Suplicy.

A seu lado na mesa, o presidente nacional do partido, José Dirceu, disse que o defeito do senador era ser santista. "É uma grande virtude", rebateu o deputado Aloizio Mercadante, outro santista.

Suplicy também brincou com a idade de Lula, que tem 56 anos de idade, quatro a menos que ele.
"Quando eu estava com a sua idade, 56 anos, eu não estava completamente pronto. Hoje estou com 60, completamente pronto para ser presidente."

O senador disse ainda que, de dezembro de 2000 até hoje, teve "um período difícil" -referência a sua separação da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. "Mas tudo o que houve de dificuldade nesse período eu transformei em energia", disse.


Militantes calam Lula com gritos contra PL
Presidenciá vel petista foi interrompido quando discursava em encontro sobre fé e política em Poços de Caldas

Um coro de cerca de 3.000 militantes e simpatizantes petistas -gritando "com o PL não, aliança com o povão"- interrompeu as primeiras palavras do discurso do pré-candidato do PT à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva, ontem pela manhã, em Poços de Caldas (MG).

Lula participou do 2º Encontro Nacional Fé e Política, evento ecumênico, mas com preponderância de movimentos católicos. O PL, com o qual o PT discute aliança na eleição presidencial, tem uma ala ligada aos evangélicos da Igreja Universal do Reino de Deus.

Lula ouviu o coro por dois minutos e retomou o discurso, dizendo que não falaria de política, mas, em entrevista, comentou a reação do público. "Foi uma manifestação democrática, que valoriza o PT. Mas aliança não é vontade pessoal. É decisão partidária. Eu defendo [a aliança com o PL", como petista e candidato. Mas a decisão é do partido."

No ginásio onde foi realizado o encontro, havia duas faixas contra a união pretendida por Lula: "Não queremos aliança PT-PL" e "Abaixo PTL - Zé Alencar, o patrão que o Brasil precisa", esta ilustrada com o desenho de um trabalhador sendo cavalgado e chicoteado pelo senador mineiro.

O petista subestimou a possibilidade de uma crise na militância se for efetivada a aliança com o PL, que tem em seus quadros, além do senador José Alencar, cotado para vice, o deputado Bispo Rodrigues, ligado à Universal, e o sindicalista Luiz Antonio de Medeiros, antigo rival da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
"No PT, somos educados a cumprir a decisão partidária. Se essa for a decisão da maioria, será cumprida", declarou Lula. A reunião do diretório do PT para debater a aliança ocorrerá nos dias 23 e 24 de março.
Lula afirmou que a partir de quarta-feira terá uma "agenda eminentemente eleitoral", e que tem como prioridade dialogar com partidos políticos que se opõem ao presidente Fernando Henrique Cardoso. "Temos que conversar. Se vai haver acerto ou não, é outra história."

Questionado sobre a possibilidade de uma frente de esquerda que una PT, PSB e PPS após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que obriga a repetição nos Estados das alianças nacionais, declarou: "Frente de esquerda é fácil de falar, mas difícil de fazer".

O pré-candidato petista defendeu que, em vez dos candidatos, as direções partidárias discutam a possibilidade de aliança. Ele foi irônico ao responder objeção já feita pelo governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), de que o problema da conversa das oposições é a insistência do PT que a união se dê em torno de Lula.
"Ele gostaria que fosse em torno dele. Mas o que precisa ser discutido são os critérios que definirão a candidatura. Por isso, a conversa tem de ser feita entre os partidos, não entre os candidatos", declarou o presidenciável.

Sobre as prévias realizadas ontem, Lula disse que cumpriu sua promessa de "não mover uma palha" para ser candidato pela quarta vez. "Não tinha o direito de reivindicar isso ao partido. Não fiz um gesto para pedir apoio de quem quer que seja. Não foi por soberba, mas por consciência."

O petista comentou, indiretamente, um desejo que passou por sua cabeça após a derrota em 1998. "Quantas vezes você chega a dizer "vou parar'? Mas sempre aparece algo para motivar."

Apesar de não assumir ser o favorito na prévia petista, falou como tal. "Mais do que eu, o PT está em seu melhor momento."


Prévia entre Olívio e Tarso não empolga militantes do PT no RS
A prévia do PT no Rio Grande do Sul não apresentou ontem o mesmo entusiasmo ocorrido em anos anteriores. Nem mesmo a acirrada disputa entre o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, e o governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, motivou a militância do partido a fazer campanha de boca-de-urna. As bandeiras petistas que se costumam ver pelas ruas de Porto Alegre não faziam parte da paisagem da capital gaúcha na tarde de ontem.

Mesmo assim, no final da tarde, o diretório regional do partido previa uma participação superior a 35 mil votantes, o que seria a maior participação ocorrida em uma prévia do PT no Estado.

A estimativa, às 18h, era de que o resultado sairia somente à meia-noite, se tudo corresse normalmente. Poderia haver adiamento para hoje. O comitê de Tarso demonstrava certa desmotivação pelo fato de que os filiados de Porto Alegre tiveram uma participação abaixo da esperada.

Tarso e seus companheiros imaginavam que haveria pelo menos 6.000 votos em Porto Alegre. A estimativa, no final da tarde, era de que esse número não ultrapassaria os 5.300.

A desmotivação do grupo de Tarso se deve a análises segundo as quais ele teria mais votos na capital, e Olívio, no interior.

Até a tarde de ontem, havia sido registrado apenas um pequeno e breve incidente, no município de Pelotas. Um carro de som que fazia campanha para o governador tocou jingles a seu favor em frente ao diretório municipal. Como isso era proibido, a irregularidade durou apenas alguns minutos.

Houve impugnação de urnas nos municípios pequenos de Mato Leitão, Restinga Seca, Esperança do Sul e Terra de Areia. Em todos casos o motivo foi o mesmo: os organizadores da prévia alegaram que, por imaginar que não havia mais votantes, fecharam as urnas próximo do meio-dia. Isso também foi feito, segundo eles, porque o calor era muito forte.


Ida ao Maranhão é cancelada pelo "problema político"
Jean Ziegler disse que a missão da ONU (Organização das Nações Unidas) decidiu, por conta própria, cancelar a visita ao Maranhão que estava programada na agenda inicial, em razão do que chamou de ""problemas políticos internos" naquele Estado.

Ele negou que o cancelamento tenha sido sugerido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, mas não quis revelar o teor da conversa que manteve com FHC sobre o assunto, limitando-se a dizer que foi ""uma discussão muito transparente" e que, se o presidente quiser fazer um comunicado sobre a questão, ele o fará.
Ziegler disse que, apesar do cancelamento da viagem, seu relatório terá um capítulo especial sobre o Maranhão, baseado em documentos sobre trabalho escravo e trabalho infantil que lhe foram entregues por entidades civis.


Artigos

Cinco minutos
Carlos Heitor Cony

RIO DE JANEIRO - Otto Maria Carpeaux, fugindo de Viena dos nazistas, veio parar no Brasil -e no banco do carona do meu Simca-Chambord, onde era o passageiro mais frequente e querido em nossas andanças cívicas e subversivas após termos deixado o jornal em que trabalhávamos.

Numa dessas viagens, ele me contava como as coisas haviam se passado na Áustria pouco antes da anexação. Espumando de raiva, Carpeaux dizia que, se pudesse retroceder o curso da história, gostaria de ter sido chefe de polícia por apenas cinco minutos na capital dos Habsburgos.

Eu achava que era pouco, Carpeaux achava que era bastante. Um chefe de polícia bem entrosado com um ministro da Justiça e com o presidente da República, em cinco minutos derrubaria qualquer adversário, destruiria qualquer obstáculo que surgisse no caminho de um grupo interessado em ficar no poder para sempre.

Durante mais de 7 anos, o PSDB teve no PFL o seu aliado mais fiel -e o teria eternamente se a ex-Arena continuasse resignada a ser o sacristão na missa governista em que FHC é o sacerdote.

A hipótese de trocar o oficiante pelo sacristão, no caso, por uma sacristã, fez funcionar a tróica que Carpeaux considerava infalível para qualquer jogada política: presidente, ministro da Justiça e chefe da polícia.
Acrescente-se à jogada um TSE presidido por outro membro do poder e temos a ruptura do casamento que durou, segundo Clóvis Rossi, 2.621 dias. Cinco minutos bastariam par a decidir quem era o mocinho e quem era o bandido.

Enojado, o PFL acusa o parceiro de mutretas mil. Por sua vez, o PSDB, estarrecido, descobre que o aliado é um patife. Tudo nos conformes. Um observador cínico levantou uma hipótese: se a PF estivesse a serviço do PFL, qual teria sido o resultado das investigações do dossiê Caymã?


Colunistas

PAINEL

Impor condições
FHC mandou o seguinte recado ao PFL: terá o maior prazer em receber o partido de Roseana Sarney no governo novamente. Mas os pefelistas terão de apoiar a candidatura de José Serra e se contentar em ser a terceira força na aliança governista (depois de PSDB e PMDB).

Paranóia
A cúpula do PFL orientou seus dirigentes a não falarem nada importante pelo telefone, pois teme que todos os aparelhos estejam grampeados.

Pressão governista
Roseana Sarney (MA), que já admite a possibilidade de renunciar à sua candidatura, defende o apoio do PFL a Ciro Gomes para atrapalhar a vida de José Serra. Se não tomar cuidado, ficará falando sozinha.

Entre ex
Itamar Franco (PMDB-MG) tem conversado quase que diariamente por telefone com José Sarney e Roseana.

Na marra
Roseana inicia hoje um governo itinerante pelo MA. Seus aliados preparam uma série de comícios para mostrar que, apesar do desgaste nacional, ela continua com prestígio no Estado.

Oposição momentânea
Para o PSDB, Jorge Bornhausen não queria a saída do PFL do governo FHC. Só aceitou porque, com o ultimato de Roseana, temia perder o controle da sigla.

Plano tucano
Ex-ministro do Planejamento, o deputado tucano Antonio Kandir foi encarregado por Serra de preparar uma proposta de reforma tributária para apresentar na campanha eleitoral.

A conferir
Jackson Lago (PDT), prefeito de São Luís, quer aproveitar as denúncias contra Roseana para candidatar-se ao governo do MA. Acha que é a maior chance de acabar com 40 anos de domínio sarneyzista no Estado.

Alvo duplo
Ciro Gomes (PPS) e Garotinho (PSB) adotarão uma estratégia comum: os dois presidenciáveis irão direcionar seus ataques à candidatura de Lula, e não à de Serra. Ambos consideram que uma vaga no segundo turno será do governista, restando apenas brigar pelo lugar da oposição.

Ampliar apoio
Ciro Gomes vai passar todas as terças e quartas-feiras em Brasília em reuniões políticas. Nesta semana, vai encontrar-se com dissidentes do PMDB.

Disputa por espaço
Líderes do PPS insistem para que Almir Pazzianotto, presidente do TST, filie-se ao PTB para disputar o governo de SP. Temem que, caso a manobra não dê certo, os petebistas lancem o ex-governador Fleury, que se tornaria um peso para Ciro.

Relógio adiantado
Aécio Neves incluiu na pauta desta semana na Câmara todos os projetos pedidos pelos 1.500 prefeitos que foram a Brasília na semana passada. Nenhum líder partidário foi ouvido. O tucano já havia feito o mesmo com propostas sobre segurança pública.

Fora de combate
Coordenador da campanha presidencial de Lula em 1998, o ex-deputado federal Luiz Gushiken (PT-SP) se recupera de uma cirurgia no estômago.

Ainda não sabe
O Instituto Teotonio Vilela vai preparar um plano de governo para Geraldo Alckmin. Encomendou pesquisa qualitativa para saber "as principais necessidades da população".

Abrigo legal
Ex-presidente do TJ-SP, Márcio Martins Bonilha desistiu de se aposentar após ser citado como réu em um processo criminal por calúnia e difamação. Quer se valer do foro privativo dos magistrados, que garante que o caso seja julgado pela corte especial do STJ em Brasília.

TIROTEIO

Do senador Tião Viana (PT-AC), ironizando a operação da Polícia Federal na empresa de Roseana (PFL-MA):
- A operação foi organizada pela Ku Klux Klan, pela Al Qaeda, pela máfia da Calábria e por representantes de uma organização ligada a uma ave genuinamente brasileira.


CONTRAPONTO

Bombardeio de informações

Há duas semanas, logo após a ação da Polícia Federal na empresa da governadora Roseana Sarney (PFL-MA), um humilde casal de funcionários caminhava pelos corredores da Câmara, seguido por um deputado.
Quando o parlamentar aproximou-se do casal, ouviu o seguinte diálogo:
- Por que essa confusão toda com a filha do Sarney? - perguntou a mulher.
- Porque o marido dela se envolveu com um dinheiro da Sucam - respondeu o marido.
- O que é Sucam?
- É aquele pessoal que mata os mosquitos da dengue.
- E aí não teve dinheiro para matar os mosquitos, não é?
- É.
- Então é por isso que tem esse monte de gente com dengue?
- Eu acho que é.
Espantada, a mulher concluiu:
- Então eu não vou votar mais na Roseana, não.


Editorial

POLÍTICA IMÓVEL

A história das políticas habitacionais no Brasil é pontuada por fracassos, seja de concepção, seja de implementação. Sendo assunto com forte impacto popular e portanto de alta relevância política, não raro surgem propostas inovadoras na véspera de períodos eleitorais.

É o que se observa agora. O governo federal anunciou um novo modelo de financiamento imobiliário.
Do lado da captação de recursos, a partir de abril as cadernetas de poupança deixariam de gozar da isenção do Imposto de Renda. Mas passariam a render mais (7,5% ao ano, mais a variação da TR).

Já para os que procuram crédito imobiliário, o custo, que era a TR mais 12% ao ano, passaria em abril a incluir a variação do IPCA somada aos juros de mercado. Mas os mutuários que tomassem esse crédito poderiam deduzir da declaração anual do IR 22% dos juros pagos.

Isso permitiria, no médio prazo, a liberação dos juros e, portanto, a captação de mais recursos para o financiamento imobiliário.

Seria ingênuo ignorar os possíveis efeitos políticos dessa mudança. Sob juros tão altos, os técnicos do governo FHC cogitam a possibilidade de um subsídio adicional para amenizar o peso da dívida imobiliária.
Na proposta do governo, cujos detalhes são desconhecidos e exigirão aprovação do Congresso, o devedor de baixa renda receberia do governo uma ajuda direta em dinheiro. E a construção civil, empregadora de mão-de-obra menos qualificada, receberia um estímulo estratégico em pleno ano eleitoral.

No entanto, há anos se discute a substituição do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) por um Sistema Financeiro Imobiliário (SFI). Em termos práticos, o tempo passa e a realidade do financiamento imobiliário não muda, porque a política econômica mantém o país sufocado por uma taxa de juros elevadíssima.

Nesse contexto, mudanças como as que se anunciam agora parecem, na melhor das hipóteses, idéias boas que a política econômica tende a tornar onerosas e insustentáveis.


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03/18/2002


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