Lula sobe e Silvio Santos é surpresa








Lula sobe e Silvio Santos é surpresa
Petista subiu de 32,1%, em março, para 37,9%, em abril. A novidade da pesquisa CNT/Sensus foi a inclusão do nome de Silvio Santos, que aparece em segundo lugar

BRASÍLIA – Um novo salto nas intenções de votos da pré-candidatura do petista Luiz Inácio Lula da Silva, e a inclusão do nome do apresentador Silvio Santos foram os principais destaques apresentados na rodada de abril da pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores (CNT)/Sensus, divulgada ontem. A primeira simulação indica que a preferência pelo petista aumentou de 32,1%, em março, para 37,9%, em abril. O pré-candidato do PSDB, José Serra, manteve-se em segundo lugar, mas caiu de 19,1% para 16,1%. O pré-candidato do PSB, Anthony Garotinho, também caiu de 19% para 15,2%, Ciro Gomes (PPS) subiu de 9,7% para 10,5%, e Enéas, do Prona, caiu de 2,9% para 2,4%. A pesquisa ouviu dois mil eleitores entre 21 a 25 de abril. A margem de erro é de três pontos percentuais.

O quadro sofre alteração consistente com a entrada no páreo de Silvio Santos, que é filiado ao PFL. Quando seu nome é incluído na lista de presidenciáveis, todos os demais perdem. A preferência por Lula cai de 37,9% para 30,5% e Silvio Santos assume o segundo lugar, com 17,8% dos votos. Neste cenário, Serra cai de 16,1% para 13,6%, Garotinho, de 15,2% para 12,9%, Ciro de 10,5% para 8,8%, e Enéas (Prona) desce de 2,4% para 1,4%. O presidente da CNT, Clésio Andrade, que é presidente do PFL de Minas, afirmou que a inclusão do nome de Silvio Santos atendeu a uma sugestão da imprensa

Em todas as simulações para o segundo turno Lula aparece como vitorioso, inclusive se o embate fosse com Silvio Santos, o adversário que lhe roubaria mais votos, ficando com 36,1% contra 41,4%. O segundo melhor desempenho seria obtido por Serra, que teria 32,3% dos votos contra 46% de Lula. De Garotinho, o petista ganharia de 46,6% a 30%. O pior desempenho seria de Ciro, que teria 28,6% dos votos contra os 47,3% de Lula.

DEBATE – Propostas para a segurança pública, o combate ao desemprego e alfinetadas recíprocas entre os pré-candidatos à Presidência marcaram a primeira série de palestras dos quatro principais presidenciáveis ocorrida ontem em São Paulo e promovida pela Força Sindical.

Ciro Gomes, o primeiro a falar, atacou a política econômica do Governo FHC e defendeu um crescimento econômico entre 5% e 5,5% ao ano como forma de combate ao desemprego. Garotinho falou em seguida e defendeu o desenvolvimento econômico do Brasil com a redução de juros, aumento de crédito ao produtor e reforma tributária, com a retirada da “cumulatividade de impostos sobre a produção nacional”.

José Serra, por sua vez, pregou a necessidade de manter a economia no rumo em que está e de preservar as conquistas do atual Governo e fez críticas às propostas para a economia apresentada pelo pré-candidato petista à Presidência.

Já Lula defendeu que o Governo crie políticas e financie a criação de empregos no País. Segundo ele, a indústria não gera mais o volume de empregos necessário para absorver a mão-de-obra e cabe ao Governo esse papel.


Salatiel tumultua visita de Garotinho e Arraes acusa armação do PMDB
O deputado federal Salatiel Carvalho (PMDB), anfitrião do pré-candidato à Presidência da República, Anthony Garotinho (PSB), ontem no Recife, recepcionou o convidado de uma forma no mínimo curiosa. Em entrevista à imprensa, horas antes da chegada do presidenciável, o deputado afirmou que Garotinho “não tem viabilidade eleitoral, e que, naturalmente, desistirá de disputar a Presidência e optará pela reeleição ao Governo do Rio de Janeiro”.

“Os evangélicos não seguram ele (Garotinho). Eu o trouxe aqui porque faturo muito mais com o Garotinho. Se eu trouxesse Serra eu seria vaiado. Serra é um chato”, afirmou.

O peemedebista estarreceu os presentes, entre eles integrantes do PSB, pelo seu pragmatismo eleitoral. “Eu estou aqui com o Garotinho, mas já pensando em Aécio Neves candidato (insinuando que as dificuldades da pré-candidatura do tucano José Serra levarão o PSDB a optar pelo presidente da Câmara Federal). O PMDB com Serra não vai dar certo nunca. E eu, que não sou otário, estou com Garotinho. Eu trabalho com possibilidades”, disparou.

As declarações de Salatiel tumultuaram a recepção organizada para o presidenciável na sala vip do angar da Weston, no Aeroporto dos Guararapes. Diante da confusão, ele ainda tentou negar as declarações, mas foi impossível. O secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico do Recife, Sileno Guedes (PSB), que presenciou a entrevista do peemedebista, rapidamente ligou para assessores próximos do ex-governador Miguel Arraes, que, contrariando o planejado, foi ao local rebater as declarações.

Arraes reafirmou a candidatura de Anthony Garotinho – o que entende como “algo novo” no País –, e acusou o PMDB pela autoria de um plano para inviabilizar a candidatura do socialista. “É de interesse do PMDB que nosso candidato apareça dessa forma. O partido tomou a decisão, em todas as suas instâncias, que a candidatura irá até o fim. E ela será vitoriosa para espanto de muita gente”, provocou Arraes.
O ex-governador não poupou críticas ao PMDB, partido do governador Jarbas Vasconcelos, seu ferrenho adversário político. “O PMDB é hoje uma massa informe, que vai ocupar os vácuos que se abrem. Nós precisamos de algo consistente. Nosso partido está crescendo e tem consistência para ter objetivos determinados e firmes para mudar essa globalização, que está trazendo dificuldades para todos os setores sociais do Brasil”, disse.

Garotinho se disse surpreso com as declarações de Salatiel. Ele informou que o PSB, apesar da estrutura partidária precária, faz um grande esforço para viabilizar o projeto nacional. E recorreu a um pensamento bíblico para responder ao peemedebista: “Um homem pode conseguir enganar outro homem, mas nunca pode enganar a Deus”, afirmou, saindo, em seguida, na companhia de Salatiel para um show gospel em Jaboatão dos Guararapes.


Multidão prestigia show gospel que misturou política e religião
Depois do constrangimento no aeroporto, Anthony Garotinho e Salatiel Carvalho participaram de um show gospel promovido pela rádio evangélica Maranata, em Prazeres. O presidenciável do PSB mostrou-se mais comedido que na visita anterior, em janeiro, quando teve programação idêntica. Ontem, o tom político foi um pouco menos explícito, talvez pela maior quantidade de jornalistas presentes, ou pelo mal-estar causado pelas declarações de Salatiel.

Depois de criticar a candidatura de Garotinho, o peemedebista se desconcertou quando uma repórter perguntou, diante do ex-governador do Rio, se Salatiel não estaria usando Garotinho. Ele desmentiu, voltou atrás e disse que havia sido mal interpretado. Passou boa parte do show se retratando com conversas de pé-de-ouvido. O presidenciável, porém, ficou mais reservado.

Entretanto, não faltou disposição a Garotinho para repetir a cena com a cantora gospel Aline Barros, sua afilhada. Ela pedia à multidão – calculada pelos promotores em mais de 30 mil pessoas – para acompanhá-la no manjado refrão: “Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos Garotinho presidente do Brasil”. Mais uma vez, como em janeiro, ele disse, complacente: “Aline, não pode”.

Entre ritmos mais profanos e nada religiosos como o xote, o forró e grandes bregas evangélicos, a coordenação do evento pediu para os artistas cantarem baladas mais suaves para acalmar o público agitado. As pessoas se imprensavam nas ruas, subiam em postes e se comprimiam nas marquises dos sobrados, uns desmaiavam, outros choravam. Até no palco uma pequena multidão se acotovelava, um show de imprudência que feria as regras de segurança. Muito nervoso e suando em bicas, Salatiel Carvalho empurrava os fiéis com a delicadeza de um leão de chácara, tentando conter o aglomerado. Ele só não conseguiu conter a repercussão de sua fala.


Jobim rebate ataques ao TSE com críticas à classe política
A política brasileira ainda está atrelada a “pequenos interesses”. Com essa avaliação, feita ontem durante visita ao Recife, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Nelson Jobim, analisou o bombardeio recente que a Justiça Eleitoral recebeu, por parte de partidos e candidatos, em função de decisões que mexeram nas regras das eleições de outubro. Entra elas, a verticalização das coligações (reprodução das alianças nacionais nos Estados) e o fim das chamadas candidaturas natas (garantia que um parlamentar tinha de disputar a renovação do mandato).

“Algumas pessoas dizem que o TSE está promovendo uma reforma eleitoral, mas o que aconteceu foi a releitura de uma lei vigente. Compreendo perfeitamente as críticas dos partidos, mas eles avaliaram essas mudanças a partir de uma perspectiva político-eleitoral, de acordo com suas conveniências, em termos de resultado, e não numa perspectiva jurídico-eleitoral”, assinalou.

Jobim, que já foi senador pelo Rio Grande do Sul, participou de um seminário sobre Direito Eleitoral na sede do Tribunal Regional Federal (TRF), em comemoração aos 70 anos da OAB-PE. Ele classificou como “irrelevantes” as acusações de que o TSE teria beneficiado o presidenciável governista, senador José Serra (PSDB-SP). Um dos mais críticos foi o pré-candidato do PSB, Anthony Garotinho.

Segundo o presidente do TSE, só será possível prever o reflexo da verticalização sobre as legendas quando os cenários estaduais estiverem definidos. Argumentou, ainda, que os ajustes não ultrapassaram o prazo legal, ou seja, antecederam ao início das convenções partidárias, marcadas para junho.

“Não misturo relações pessoais com política (é amigo de FHC e de Serra). Não dá para dizer se algum partido foi beneficiado ou outro prejudicado. Isso vai depender das conjunturas estaduais que são muito díspares no País. Além do mais, as mudanças resultaram de consultas que só terminaram agora e, por isso, serão colocadas em prática já em outubro. Não são alterações feitas no meio do jogo. Seriam se tivessem sido feitas em agosto, por exemplo.”

Jobim preferiu destacar o efeito “moralizador” no processo eleitoral, destacando a interferência do Judiciário no combate ao abuso de poder econômico na campanha.
“Antigamente, para se cassar um mandato, era necessária a apresentação da ocorrência e da prova de interferência no resultado das eleições, ou seja, a legislação até então protegia o resultado das eleições. Agora, não estamos preocupados com resultados, mas com a vontade do eleitor. Hoje, mesmo que um eleitor não tenha votado num candidato que distribuiu cestas básicas, esse candidato pode ter cassados seu registro e diploma.”


PFL deixa para junho decisão de liberar partido
BRASÍLIA – Numa tentativa de recuperar a unidade perdida do PFL, o vice-presidente da República, Marco Maciel, reuniu ontem para um jantar, no Palácio do Jaburu, os caciques do partido, quando se discutiu o caminho a ser seguido nas eleições de outubro. Esta foi a segunda vez, desde a retirada da candidatura da ex-governadora Roseana Sarney, que o partido tentou identificar o desejo da maioria. A tendência é o PFL deixar as direções estaduais livres para escolher o caminho que quiserem nas eleições. A decisão oficial, entretanto, só será tomada na convenção nacional, em junho.

A primeira tentativa foi na semana passada, quando o presidente da legenda, Jorge Bornhausen (SC), ouviu todos os congressistas e presidentes dos diretórios regionais. A maioria se manifestou favorável à tese do não lançamento de candidato próprio, dando preferência às coligações estaduais.

Ontem um novo tema foi inserido no encontro: a possibilidade do empresário Silvio Santos ser lançado como candidato do PFL. Na pesquisa divulgada pela CNT-Sensus, o apresentador aparece em segundo lugar com 17,8% da preferência do eleitorado – quatro pontos a mais que o candidato tucano José Serra.

A favor da candidatura do apresentador se manifestou o ex-senador Antônio Carlos Magalhães (BA), que juntamente com a ex-governadora Roseana Sarney, vem defendendo uma aliança entre o PFL e a Frente Trabalhista, para apoiar o pré-candidato Ciro Gomes (PPS). Por sugestão de Maciel, que queria uma conversa reservada com ele, ACM chegou ao Jaburu uma hora antes dos demais.

O senador José Agripino (RN) disse que uma candidatura com os percentuais registrados pela de Silvio Santos “não pode ser descartada”. Mesmo assim acredita que, na convenção nacional, o PFL deverá optar mesmo por não lançar candidato à sucessão presidencial para que o partido fique livre para apoiar, nos Estados, o candidato que lhe convier. Isso funcionará como estratégia para que a legenda possa ampliar seu espaço no Congresso Nacional elegendo bancadas fortes.


PSB procura novo nome para disputar o Governo
Apesar da recusa do deputado Eduardo Campos em disputar o Governo, os socialistas mantêm a posição de lançar candidato à sucessão de Jarbas. O indicado deverá ser anunciado até a segunda-feira

O PSB vai ter mesmo candidato ao Governo do Estado, apesar do impacto interno com a desistência de seu mais forte nome, o deputado federal Eduardo Campos. Os socialistas começam a articular um novo nome para a disputa governamental entre quadros técnicos em ascensão e quadros políticos com maior consenso. O novo nome socialista deve sair até a próxima segunda-feira, de acordo com a previsão de dirigentes da Executiva Estadual. “Vamos ter candidato próprio. É a opinião da grande maioria”, revelou o presidente da legenda, deputado Jorge Gomes, um dos cotados. “O processo está zerado. Iniciamos uma nova discussão”, ressalvou.

Os socialista ressaltaram, entretanto, que a tendência pela candidatura própria não representa o fechamento de portas ao diálogo sobre a unidade política, em torno de questões do Estado, e que vise um acordo quanto aos candidatos ao Senado Federal. A carta do deputado federal Eduardo Campos, rejeitando a disputa ao Executivo, e optando por uma eleição à Assembléia Legislativa, abriu, por sua vez, o novo debate no PSB, voltado para a alternativa mais viável eleitoralmente. “Não há nenhuma possibilidade de abrirmos mão da candidatura própria. Teremos uma chapa completa, competitiva, bancadas fortes para deputados e unidade interna”, disse Dilton da Conti.
O pesquisador, físico e ex-secretário de Cultura de Olinda, Sérgio Rezende, reafirmou que, se houver a convocação pelo partido, aceitará disputar o Governo. “Não estou envolvido diretamente no debate, porque não pleiteei a indicação, mas participo de reuniões informais”, revelou Rezende. O deputado federal Djalma Paes, integrante do grupo que pregava a candidatura de Eduardo Campos, afirmou, porém – indo de encontro a Jorge Gomes e Dilton da Conti, mais ligados ao ex-governador Miguel Arraes –, que o PSB pode até não ter candidato próprio, por não ser essa uma posição fechada da Executiva Nacional.

Djalma propõe que o partido abra a discussão sobre a questão até com outro partidos. “A orientação nacional é que devemos ter candidato onde for possível. Podemos ter um palanque para Anthony Garotinho (presidenciável) sem termos um nome ao Governo estadual”, admitiu. Djalma Paes assinalou que não há risco de dissidência, no PSB, com a negativa de Eduardo Campos. “Teremos dois puxadores de votos: Arraes para deputado federal, e Eduardo Campos para estadual.”


Colunistas

PINGA FOGO - Inal do Sampaio

Rumo traçado
Com base nas pesquisas de Jorge Bornhausen, segundo as quais 90% da bancada pefelista no Congresso Nacional recusa-se a celebrar uma aliança formal com o PSDB para apoiar a candidatura do ex-ministro José Serra, as principais lideranças do partido decidiriam ontem à noite na residência oficial do vice-presidente Marco Maciel, em Brasília, que o caminho menos danoso aos interesses do partido é esse mesmo: abdicar de candidatura própria à presidência da República para liberar as alianças nos estados.

Aliás, o roteiro político do PFL já está mais ou menos rascunhado depois que sua pré-candidata à sucessão presidencial, Roseana Sarney, naufragou junto com o marido, Jorge Murad, no escândalo da Lunus: não lança candidato próprio e nem faz alianças no plano federal para que em nível regional as bases façam as coligações que sejam do seu interesse imediato. Dia 6 de junho oficializa-se esta posição, que será referendada em convenção três semanas depois.

O PFL ainda sonhou com a possibilidade de o PSDB substiuir Serra por Tasso (CE) mas hoje está absolutamente convencido de que esta hipótese é improvável. Serra não sairá de todo prejudicado porque em 14 estados da federação, incluindo PE, o PFL o apoiará.

Bom de palmas
Krause não era muito benquisto pelos prefeitos pernambucanos (salvo algumas exceções) quando estava ministro do meio-ambiente do 1º governo de FHC. Acusavam-no de não dar atenção às “bases” e de não ter a paciência necessária para conversar com a gente do interior. Ontem, contudo, deu a volta por cima. Ao ter o seu nome citado na Amupe durante o lançamento do consórcio Amuprev ele foi aplaudido duas vezes. E pelos próprios prefeitos que o criticavam.

Bola pra frente
“Em time que está ganhando não se mexe”, disse ontem o novo prefeito de Gravatá, Joaquim Neto (PSDB), sobre as mudanças que pretende fazer no 1º escalão da prefeitura em decorrência do falecimento do seu antecessor Sebastião Martiniano Lins (PFL). Por esse critério, talvez não ocorram mudanças nas áreas do turismo e da educação.

Cadê a direita?
Para o senador Roberto Freire (PPS), ainda falta muito chão para que o quadro político brasileiro possa ser comparado ao da Europa. Lá, diz ele, a “direita” disputa eleição mostrando a “cara”, ao passo que aqui nenhum candidato à presidência da República persegue o voto do eleitor se dizendo “direitista”. Todos se declaram de “centro-esquerda”.

É possível tirar o título de eleitor no final de semana
Por ordem do presidente do TRE, Antonio Camarotti, os cartórios eleitorais da capital funcionarão extraordinariamente no próximo final de semana, das 8h às 18h. Já que o prazo para o alistamento eleitoral encerra-se em 8/5.

Tucanos adiam reunião para a próxima semana
Por falta de quórum, a executiva estadual do PSDB deixou de realizar ontem, às 10h, a sua reunião das segundas-feiras. Marcou-se outra para a próxima semana para se discutir a questão do Senado e a formação do “chapão”.

Fato consumado
Em entrevista à Rede Bandeirantes, o presidente do PSDB, José Aníbal (PSDB), utilizou-se de uma frase de Inocêncio Oliveira (PFL) para responder a uma pergunta sobre a possibilidade de o seu partido trocar José Serra por Aécio Neves: “De zero a um milhão, a chance de Serra sair (da disputa) é zero”.

Alcance limitado
Jarbas Passarinho (PPB-PA) disse à TV Câmara, invocando o testemunho do ex-deputado pernambucano Thales Ramalho, que hoje está “definitivamente comprovado” que o projeto de anistia do MDB (1979) era “menos abrangente” do que o do presidente Figueiredo porque excluía Arraes, Brizola e Prestes.

A assessoria de Marco Maciel corrige informação desta coluna sobre a trajetória política de Joaquim Francisco. Não é exatamente correto, diz ela, que Joaquim tenha entrado em conflito com o PFL por causa da candidatura de Tancredo (85) “porque o PFL foi criado para não apoiar Maluf e quem inspirou a sua criação foi Marco Maciel”.

Se é que não mudou de opinião, o prefeito de Caetés, José da Luz (PT), pretende votar em José Múcio (PSDB) para a Câmara Federal. As negociações estavam adiantadas. E por falar em Caetés, quem viu a fita que a equipe de Duda Mendonça gravou sábado, na terra natal de Lula, diz que é “de arrepiar”.

Serra (PSDB) começa a perder a paciência com os jornalistas. Quer discutir “programa de governo” mas eles só o abordam sobre “fofocas”. Por isso, exigiu da imprensa em Santa Catarina que não lhe fizesse perguntas sobre: pesquisas eleitorais, a escolha do vice, divergências com Pedro Malan e seu relacionamento com o PFL”.

A queda da renda do brasileiro está diretamente relacionada com a crise do pólo médico pernambucano, que não é exclusividade nossa mas de todo o país. A constatação é de Eustácio Vieira, que é diretor de uma entidade que congrega os 25 melhores hospitais do Brasil. Desses, apenas um deu lucro em 2001.


Editorial

TRABALHO INFANTIL

Sensibilizado com a série de reportagens sobre o trabalho infantil, publicada recentemente por este jornal, o Ministério Público está elaborando um plano para apurar a exploração de crianças e adolescentes no mercado de trabalho, em Pernambuco. Mais uma vez, o esforço investigativo da imprensa resulta em ações concretas para a defesa dos direitos da população.

Não se pode desconhecer o empenho do governo federal, nos últimos cinco anos, em erradicar o trabalho infantil de todo o território nacional. Para tanto, implantou dois amplos projetos. Um foi o programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), que no ano passado atendeu 749.353 crianças. Ao lado deste, o Bolsa-Escola, que cobre nada menos que 5.561 municípios brasileiros.

O Peti, criado em 1996, procura retirar meninos e meninas (entre 7 e 14 anos) de tarefas que exercem esforço físico, oferecendo ao pais, na zona rural, R$ 25 por mês, e na zona urbana R$ 40. Já o Bolsa-Escola libera R$ 15 por criança, que troque o trabalho diário pela presença à sala de aula, com limite de R$ 45 por família, desde que esta tenha renda inferior a meio salário mínimo. Esses programas têm obtido resultados favoráveis, mas ainda se sente falta de uma avaliação precisa sobre seus efeitos na erradicação do trabalho infantil.

O dinheiro liberado para cumprir os objetivos anunciados pelo governo é consensualmente considerado muito pouco, mas é possível prever que tenha maior poder de persuasão na área rural, porque pouco monetarizada, do que na área urbana. Apesar da existência desses projetos, a reportagem do JC encontrou no Sertão do Araripe meninas de oito anos, no trabalho de descascar mandioca, esforço que, às vezes, se prolonga pela madrugada. Elas e a genitoras, também ocupadas no mesmo trabalho, recebem de R$ 10 a R$ 15 por semana. Os planejadores de gabinete devem pensar que isso deixou de existir, a partir do momento em que foram liberados pelo Peti e pela Bolsa-Escola recursos para “acabar com a exploração de mão-de-obra infantil”.

Na área rural, em certas partes da região nordestina, muitos sitiantes vêem nos filhos menores a mão-de-obra que não podem pagar. Há mesmo os pais que consideram o trabalho infantil edificante, uma preparação para a vida, forma de mantê-los longe dos vícios, da “vagabundagem”. E agora, para reforçar essa valorização do trabalho infantil, as famílias rurais se defrontam diariamente com as notícias das áreas metropolitanas, como a do Grande Recife, onde bandos de crianças e adolescentes vivem de roubos e assaltos. Chegam também aos locais mais escondidos as notícias sobre meninos que não fazem trabalhos pesados mas se drogam, ostensivamente, quase sempre aspirando, em garrafas de plásticos, cola de sapateiro. Claro qu e o tema mão-de-obra infantil, na área rural ou urbana, é de característica sobretudo econômica, e decorre da falta de renda dos pais. Mas há outros fatores, de ordem cultural e psicológica, envolvidos no problema. Mas, não podemos esquecer que países mais industrializados do que o nosso justificam a criação de sobretaxas a certos produtos brasileiros (forma de protecionismo a seus próprios produtores) com o argumento de que exploramos a mão-de-obra infantil. Se a Fundação Getúlio Vargas coloca Pernambuco como detentor do segundo maior índice de trabalho infantil, só atrás do Estado de Goiás, precisamos nos unir para amenizar o problema. Em relação ao Bolsa-Escola, a Prefeitura da Cidade do Recife anunciou uma contribuição de R$ 90 por criança registrada, e afirma já estar beneficiado 3.936 meninos e meninas por mês. No entanto, são poucas as prefeituras pernambucanas que podem assumir um programa dessa natureza, o que torna imperativa a participação do governo estadual.


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04/30/2002


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